Para quem não me conhece, sou filho de jornalista esportivo e quando era criança e adolescente não me desgrudava de meu pai, principalmente em dia de jogo de futebol.
Morávamos em Campos-Rj na década de 80 e Goytacaz e Americano disputavam o campeonato estadual e o brasileirão da série b. Portanto era jogo o ano inteiro, todos os fins de semanas e quartas feiras, e raramente eu deixava de ir.
Na véspera e nas manhãs dos jogos saíamos cedo de casa e íamos ao hotel onde estavam concentrados os jogadores. Podia ser time pequeno ou time grande, estávamos lá cobrindo o pré jogo.
Como todo apaixonado por futebol, adivinha qual era o meu objeto de desejo??? Claro que era a camisa de algum time.
E naquela época era difícil para alguém do interior adquirir uma camisa oficial, pois a venda era limitada as boutiques dos times ou redes da capital.
Tínhamos uma bela coleção de camisas, na época já devíamos ter umas 50 camisas, todas oficiais e jogadas, mas me faltava uma, a do Flamengo, logo o time que eu torcia.
Acessar o hotel que o Flamengo ficava era difícil, pois a sua frente ficava lotada de torcedores e os seguranças não deixavam entrar, até para os jornalistas era complicado, pra mim então, nem se fala, afinal eu era apenas um adolescente carregador de fio.
No início dos anos 90, o Flamengo tem uma sequência de jogos na região, um em Itaperuna e outro em Campos na mesma semana, e o time resolve ficar uns dias concentrado em Campos.
Pensei comigo, dessa vez não passa, vou conseguir minha camisa.
A camisa do Flamengo era da Umbro, com patrocínio da Lubrax e ainda de pano.
E vamos ao hotel, aos treinos, e eu em cima do meu pai,
– Minha camisa, pede pai, não esqueça. Pode ser de qualquer um, até do reserva.
E eu perto do meu pai e não o via pedindo.
E na quarta feira dia do jogo com o Americano, estádio cheio como sempre, e eu ficava na tribuna do estádio e meu pai dentro do campo. Era só ele olhar pra cima eu apontava, minha camisa.
Mas minhas esperanças só diminuiam.
Fim de jogo, é hora das entrevistas, reportagens em vestiário e etc, e eu esperando já com os refletores apagados e o público já fora do estádio e aparece meu pai.
– Vamos embora filho.
– Pai e a camisa?
– Vão bora.
E saímos do estádio e fomos caminhando pra casa passando pela torcida do Flamengo do lado de fora comemorando a vitória e eu preocupado com minha camisa.
– Pai, e a camisa?
– Que camisa?
– Pai eu te pedi a camisa do Flamengo, você não pediu pra mim né.
E fomos caminhando, saindo da confusão do estádio, e chegando numa avenida mais tranquila, eis que meu pai levanta a blusa e de dentro da calça literalmente “ranca” aquele manto rubro negro e joga em minha direção. Era a camisa 9, do Paulo Nunes, que havia feito até um gol no jogo.
Minhas feições mudaram.
Enfim meu troféu, minha coleção estava completa.
Fonte: Ralph Dutra / Futebol é Para Homem
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