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Como a disputa Globo x Esporte Interativo afeta os planos dos clubes

O surgimento do Esporte Interativo como concorrente da Globo na briga pelos direitos de transmissão para TV fechada do Brasileirão está mexendo no planejamento financeiro dos clubes das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro. Com o mercado se aquecendo pela disputa que antes só tinha um protagonista solitário, a Globo, mais dinheiro está entrando nos cofres, ainda que os novos contratos – seja com qual emissora for – só entram em vigor em 2019.

A chave está nas chamadas “luvas”, ou seja, o valor recebido como uma forma de premiação pela assinatura do contrato. E essa quantia tem caído dias após o acerto dos clubes com as emissores, gerando uma receita a mais para o orçamento de 2015.

Tudo bem que o Esporte Interativo não tem conseguido fisgar a maior fatia dos grandes clubes – Internacional e Santos são os clubes de maior nome – mas quem tem assinado com a Globo, como é o caso do São Paulo, está garantindo luvas mais gordas. O Tricolor embolsou R$ 60 milhões diante do fechamento do acordo com a Globo, enquanto o EI tinha oferecido R$ 40 milhões. Corinthians (que rejeitou luvas de R$ 80 milhões do EI) e mais recentemente o Flamengo também decidiram renovar o acordo com a Globo. No caso do Fla, o “sim” à proposta ainda será referendado pelo conselho deliberativo.

Mas o segundo escalão do futebol brasileiro também está se beneficiando. Clubes que antes eram ignorados pela principal emissora do país conseguiram entrar no radar, já que houve uma preocupação com a aproximação do Esporte Interativo. É o caso dos catarinenses Chapecoense e Avaí, por exemplo.

– Tivemos uma boa valorização ao assinar esse contrato de 2019 a 2024. A maneira da divisão do dinheiro (40% igualmente,.30% pela colocação e 30 % pela visibilidade) vai ser importante em 2019. Analisamos as duas propostas. A da Globo foi melhor financeiramente também. Analisamos todos os lados para chegar nessa assinatura. Não queríamos antecipação de verba. Só assinaríamos se fosse com luvas. Quando se adianta cota, deixa buraco no futuro – afirmou o presidente da Chape, Sandro Pallaoro.

– Tem mais uma vantagem: Se você já sabe o valor mínimo contratual que vai receber, já tem uma precisão maior no orçamento. Não vai ter negociação anual – completou Nilton Macedo, presidente do Avaí.

Como disse o dirigente avaiano, os clubes já vão ter uma projeção aproximada de quanto vão ganhar, caso estejam na Série A entre 2019 e 2024. Mas no caso do Avaí e de outros sem tanto apelo midiático, o pagamento será suspenso em caso de queda à Série B. O modelo de acordo é similar ao que foi assinado pelo Esporte Interativo com outra parcela dos clubes, entre eles o Paysandu.

– Vejo com bons olhos a concorrência porque abre um leque para clubes esquecidos no mundo do futebol. Esse contrato passa a ter vigência se o Paysandu estiver na Série A entre 2019 e 2014. Se não estiver, não fará jus à cota. É uma aposta. É um contrato de risco – explicou o presidente do Papão, Alberto Maia.

Atualmente, nove clubes já declararam publicamente terem feito acordo com o Esporte Interativo. O canal tem apostado na “base da pirâmide”, obtendo sucesso com clubes que potencialmente ascenderão da Série B para a Série A. Neste cenário, é bem factível uma primeira divisão dividida entre duas detentoras de direitos na TV fechada. O que fazer quando um clube que fechou com uma enfrentar um rival que fechou com a outra?

– Acredito muito na maturidade dos gestores de ambas as emissoras . Acho que não será bom, no futuro, de acontecer que não se transmita uma partida. Fico preocupado – comentou o presidente do Paysandu.

Já imerso nessa divisão, Romildo Bolzan, presidente do Grêmio (que acertou com a Globo, rival do Internacional, fechado com o EI), ressalta que a resolução para esse caso não virá de imediato.

– Não tem essa conversa. Por ora, está cada um fechando o seu acordo. Não creio que tenha ambiente para isso. Tem que esperar a fase negocial encerrar. É uma fase feroz a atual. Só vai se ter uma noção melhor sobre isso tudo quando acabar – afirmou o dirigente.

Apesar dessa interrogação, o sentimento entre os dirigentes é que a concorrência fez bem para todos os lados. Os cofres agradecem.

FECHADOS COM A GLOBO
Flamengo, Corinthians, Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio, São Paulo, Sport, Vasco e Vitória, Avaí, Chapecoense e Náutico

FECHADOS COM O ESPORTE INTERATIVO
Internacional, Santos, Atlético-PR, Coritiba, Bahia, Ceará, Joinville, Paysandu e Sampaio Corrêa

Fonte: Lancenet