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‘Está melhor que a encomenda’, diz Marcelinho sobre trajetória no Fla

Em mais uma final de NBB, Marcelinho Machado olha para trás e vê o que conquistou ao longo de uma trajetória de nove temporadas pelo Flamengo. Nove temporadas como profissional, porque ele também contabiliza dois títulos como pré-mirim. O ala mudou o patamar do basquete rubro-negro: “Está saindo melhor que a encomenda”, avalia. E ainda tem fôlego de sobra para brilhar mais e mais com a camisa de seu clube de coração.

“Mais um ano eu vou jogar”, avisa Marcelinho, aos 41 anos.

Marcelinho busca o quinto título do NBB com o Flamengo. Mais um para a sua galeria. Nesta entrevista, ele avaliou a carreira, relembrou jogos especiais pelo Flamengo, a identificação com o clube, a vontade de ir para a Olimpíada, a “linhagem Machado” e muito mais.

O DIA: Imaginava, quando chegou ao Flamengo em 2007, que conquistaria tantos títulos e que ficaria tanto tempo no Flamengo?

Marcelinho: “Sonhava. Imaginar isso é muito difícil. É muito tempo no clube. Não é tão comum ficar tanto tempo no clube, só ver pelos outros atletas, e conquistar tantos títulos. Está saindo melhor que a encomenda. Espero melhorar ainda mais.”

O que o Flamengo representa para você?

“Muita coisa. Muita coisa. É o clube que eu comecei. É meu clube de coração, clube que meu pai, não que ele tenha escolhido para mim, mas do jeito que ele era rubro-negro ele me mostrou como é ser rubro-negro. Tive muitos prazeres como torcedor e como atleta do clube ter contato  com esta torcida… Até falo com Duda (irmão que também jogou pelo Flamengo), naquela arrancada de 2009 a gente ia para o Maracanã para ver o Flamengo, mas acho que a gente ia mais para ver a torcida do que o time. A torcida é realmente um show à parte. E, hoje, poder ter esta relação com esta torcida é uma das coisas que mais valorizo em toda esta passagem pelo Flamengo.”

O que o Marcelinho representa para o Flamengo?

“É difícil eu falar. Acho que sou um cara importante na história do basquete do Flamengo, que ajudei o Flamengo a ter este reconhecimento que tem hoje no basquete.”

Ainda dá aquele frio na barriga por estar em mais uma final?

“Dá. Sempre dá. Tudo que a gente dá muito valor na vida a gente tem um sentimento diferente. Quando alcança a final de um campeonato é um momento pelo qual você trabalhou a temporada inteira. É normal que você tenha esta sensação, mas aí a experiência conta a favor, porque você já passou tantas vezes por situações parecidas que você aprende a lidar com isso. A sensação continua existindo, mas você está cada vez mais preparado para enfrentar.”

O que o Flamengo tem de fazer contra o Bauru na quinta-feira e sábado para ganhar o NBB de novo? O Fla vence a série melhor de cinco por 1 a 0.

“Primeiramente pensar em quinta-feira. A história do jogo de sábado só vai ser escrita depois que terminar o jogo de quinta. Dependendo do resultado de quinta, o jogo de sábado pode mudar de figura. Como falamos antes e depois do jogo lá, é pensar jogo a jogo. Fizemos um jogo muito inteligente lá, embora acredito que não fizemos o nosso melhor jogo, mas fizemos um jogo inteligente. É tentar fazer mais um bom jogo neste sentido e saber usar talvez as fragilidades que o Bauru tem e a nossa força, porque jogando na nossa casa, com a nossa torcida, a gente fica ainda mais forte.”

Você sempre se notabilizou pelos arremessos de três. Atualmente, não só pelo Golden State, mas até a NBA tem apostado mais nas bolas longas. Os arremessos de três têm sido mais valorizados?

“Desde que a linha de três foi criada, por que não usar? A questão é você ter as peças certas e estratégia certa para usar, saber o momento, saber como usar, saber que o rebote é mais longo, favorece o ataque. Agora, é saber usar. Nada ao extremo faz bem. Se usar muito não é muito produtivo. É saber dosar, ter as peças certas, todo mundo entender isso. Você vê o Golden State, o time que bateu o recorde da NBA, jogando desta forma. A linha de três está aí há quanto tempo? As equipes e os treinadores continuam se adaptando ao jogo. A NBA é um exemplo disso. O jogo foi muito para a parte física e agora de repente está tendo uma reviravolta, mas calma… Se pegar o Curry, um cara que doi draftado lá atrás (foi a sétima escolha), ele pode ser o diferencial da liga, é o que está fazendo, foi duas vezes MVP. O talento nunca pode ser colocado de lado.”

Qual melhor chutador de três já que viu?

“Oscar. Pela eficiência que ele tinha. Um cara que pulava para frente, para o lado, para trás. Era tudo treinado. Não era uma coisa de momento: ‘Agora vou pular para cá, para lá.’ Era um cara que dava gosto de ver jogar.”

E o que tem a dizer do Curry?

“É fera. O negócio dele é a velocidade que ele chuta. Ele fez uma bola agora (no Jogo 3) que parecia que a bola ia por trás da tabela. É impressionante. Aquilo ali é muito treinamento.”

“Se deixar… um dia quente (risos). Aquele time que jogava tinha este entendimento. Se eu estivesse em uma dia bom o time ia jogar para isso e foi o que aconteceu. Logicamente que as coisas acabam conspirando a favor. Eu lembro que neste dia outro jogador arremessou, a bola bateu no bico do aro e veio para a minha mão na linha de três. Foi realmente um dia especial.”

Você tem mais de 300 jogos pelo Flamengo. Seria injusto pedir para escolher um, mas certamente tem especiais. Flamengo x Brasília, em 2008, você fez os 21 lances livres que tentou e o Rubro-Negro garantiu o título nacional.

“Foi um jogo que me marca muito até hoje porque foi o primeiro título nacional. Quando eu vim para o Flamengo, não era uma obrigação, mas eu me cobrava a ajudar o Flamengo a conquistar títulos importantes. O Flamengo tem de estar onde está hoje. Ali eu sabia que era o diferencial. Depois do título eu sabia que as pessoas começariam a enxergar o Flamengo de uma forma diferente. Eu lembro muito bem. Acho que foi o último jogo do Flamengo na Asceb, porque viram que não dá, não tem capacidade para a torcida do Flamengo. Foi um jogo muito marcante.”

Flamengo x Quimsa, final da Liga Sul-Americana, você fez 41 pontos, sendo 30 no primeiro tempo

“Dentro desta mesma linha, levar o Flamengo para fora do Brasil, a conquistas continentais. Na primeira entrevista quando cheguei ao Flamengo eu disse que o Flamengo tinha de brigar não só pelos títulos nacionais, como pelos internacionais também. Eu sabia que seria muito difícil aquele dia. Se pegar o histórico de finais de campeonatos continentais entre equipes brasileiras e argentinas quando se decide na casa de um ou de outro é muito difícil o visitante ganhar. Eu entrei muito focado para tentar mudar esta história. Por isso acho que fiz um primeiro tão bom e nosso time fez uma partida muito inteligente. Soube matar o jogo na hora em que tinha de matar. É um título marcante também.”

Flamengo x Brasília, quinto jogo da final do NBB 1. Você fez 27 pontos.

“Foi na HSBC Arena. A primeira conquista em casa. Cada uma tem sua particularidade. O primeiro Nacional, a primeira Sul-Americana, o primeiro NBB, que para gente não muda tanto em termos de conquista, você joga contra as mesmas equipes, é um torneio nacional, mas ganhar em casa, fazer aquela festa com a torcida, no Jogo 5. Aquela final foi muito disputada.”

Flamengo x São José, em 2010, você fez 63 pontos e acertou 16 bolas de três.

“São dias que acontecem uma vez na vida e outra nunca mais. Eu lembro que naquela semana passou um especial sobre o Kobe, sobre os 81 pontos dele. Eu brinquei com a minha esposa. A cabeça do ser humano é muito estudada e ainda é uma incógnita. Talvez aquilo tenha me motivado a conseguir. De certa forma é uma coisa muito inesperada, então nem se coloca na condição de fazer, não se planeja. De repente, naquela semana estava com este espírito. As bolas foram caindo, o time foi entendendo e jogando em função disso. Foi um dia em que as bolas caíram de tudo quanto foi jeito.”

Flamengo x Pinheiros, em 2014, final da Liga das Américas. Você fez 24 pontos, sendo o cestinha rubro-negro.

“Um título inédito que a gente vinha buscando. Para mim, que particularmente já vinha de outras campanhas frustradas, sabia que era uma grande chance de ganhar por ser em casa. Não titubeamos. O Pinheiros estava em um momento muito bom também, fez um jogo de igual para igual, mas na hora de matar o jogo nós mostramos que não vacilaríamos. Foi uma conquista para a história do clube, possibilitou a conquista do Mundial. Foi emocionante ganhar este título em casa.”

Flamengo x Maccabi, em 2014, final do Mundial.

“Eu lembro que na coletiva antes dos jogos me perguntaram se seria a cereja do bolo. Eu dou muito valor às conquistas que eu tenho e brigo muito pelas conquistas que posso vir a ter, mas não eu não gosto de diminuir as conquistas que eu já tenho para buscar outras. Tudo o que eu já tinha conquistado com a camisa do Flamengo até ali já era muito importante, mas com certeza ganhar um título desta grandeza da maneira que foi é especial. Fizemos dois jogos muito bons contra o então campeão europeu. Com méritos, conseguimos este título que entrou para a história do clube e para a história de todo mundo que estava presente. Não tem como apagar. Daqui a 200 anos meu bisneto vai chegar aqui e saber que o bisavô dele foi campeão mundial pelo Flamengo.”

Tem algum outro jogo especial?

“Neste linha, o primeiro título carioca. Era um Carioca com os três primeiros colocados do Nacional: Brasília pelo Vasco e o Minas pelo Fluminense. Ganhamos do Vasco no Maracanãzinho por 2 a 0 e também foi marcante por ter sido o primeiro título com o Flamengo nesta volta, porque eu tive dois quando era moleque aqui de pré-mirim que eu conto.”

E a pior derrota com o Flamengo?

“Tem algumas duras. Eu vou dizer a derrota que valia o título do NBB 2. Fomos para o quinto jogo, perto de Goiânia (a decisão foi em Anápolis), e a gente fez um jogo bom, estávamos com um monte de jogadores machucados na posição de pivô e levamos o jogo até o fim, mas acabamos perdendo. Eu saí com cinco faltas. Foi um jogo em que ficou aquele gostinho mais amargo na boca.”

Hoje, aos 41 anos, qual o balanço que faz da carreira?

“Positivo. Muito positivo. Quando eu comecei aqui, no pré-mirim, eu tinha o sonho de ser jogador de basquete, sonho de jogar na seleção brasileira. Consegui viver do basquete, com 16 anos na Seleção, eu me considero vitorioso. Não só pelos títulos. Ser vitorioso não é só conquistar títulos, senão teria só um por ano, só uma equipe. Ser vitorioso é um espírito que você tem de encarar os desafios e é por isso que me considero vitorioso.”

E a Olimpíada do Rio? Seria um desfecho perfeito para você na seleção brasileira?

“Entra naquilo que eu falei quando me perguntaram sobre o Mundial (de 2014). Se eu não for mais para a Seleção eu estou muito satisfeito com o que fiz na minha trajetória com a Seleção, mas eu me coloco como qualquer atleta que está jogando em alto nível: à disposição para a convocação. Se eu for convocado eu vou ficar muito feliz como qualquer um ficaria em jogar uma Olimpíada. Aí muitos dizem: ‘É em casa.’ Isso é um fator secundário, a motivação de jogar uma Olimpíada é muito grande. Então poderia ser uma Olimpíada em qualquer lugar do mundo. Eu já tive este prazer de jogar uma Olimpíada. Representa muito. Se eu não for convocado, vou torcer pela Seleção e ficarei muito feliz com o que fiz pela Seleção.”

Você tem o basquete no DNA. É algo de família. Seu filho Gustavo vive na quadra arremessando. Ele ou o Thiago vão seguir o pai?

“Pelo Gustavo (de 7 anos) estar muito próximo ao jogo, ver o pai jogando, tanto ele quanto o Thiago (3 anos), que é menor, mas já está numa idade que começa a entender. Às vezes ele diz que quer ser jogador de basquete, outras de futebol. Mas isso vai ser uma coisa natural para ele, assim como foi para mim. Ele vai entrar para a prática do basquete por ser algo natural e prazeroso para ele, mas dar continuidade vai depender de muita coisa. Eu vou sempre valorizar a prática de esporte. É muito importante para o aprendizado como pessoa. Agora, se eles vão ser jogadores será uma escolha deles.”

Fonte: O Dia

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