Com 36 vitórias em 47 partidas, o saldo do Flamengo na atual temporada é mais do que positivo. No entanto, das 11 derrotas sofridas, oito pelo NBB e três pela Liga das Américas, cinco delas vieram depois de os rubro-negros estarem vencendo por uma boa diferença de pontos. No jogo 3 das finais, sábado passado na Arena Carioca 2, os atuais tricampeões venceram por 89 a 84 e fizeram 2 a 1 na série melhor de cinco das finais, mas por muito pouco a história não se repete. Assim como já havia acontecido na vitória por 93 a 91 sobre o Mogi, pelas semifinais, a equipe carioca permitiu que os adversários tirassem uma grande vantagem pontos e quase virassem o placar nos segundos finais. Se os constantes apagões não chegam a tirar o sono do técnico José Neto, servem para ligar o alerta na Gávea antes do jogo 4 da decisão, no próximo sábado, às 14h10, no ginásio Neusa Galletti, em Marília. Se vencer, o Flamengo levanta a taça. O SporTV 2 transmite ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha ponto a ponto, em Tempo Real.
– Vou ser bem sincero, não é uma coisa que tira meu sono, mas é claro que incomoda como incomodaria qualquer técnico que estivesse vencendo por uma diferença grande de pontos e tomasse uma virada. Mas prefiro pensar que numa quantidade grande de jogos que fizemos perdemos apenas seis dessa forma. Inclusive não me lembro se em alguma dessas vezes nós perdemos por mais de 10 pontos. Como coloco muito o foco sempre no próximo jogo e procuro ver os elementos que temos que podem nos levar à vitória, isso não é uma coisa que me preocupa. Mas é claro que tenho que estar preparado para que isso não aconteça, porque, se acontece e você não se prepara, também é um descaso e que nessa hora não podemos ter – afirmou Neto após o treino da última quarta-feira na Gávea.
Se as primeiras duas bobeadas, nas derrotas por 67 a 60 para o Paulistano, em São Paulo, e por 83 a 79 para o Pinheiros, na Gávea, ambas pelo NBB 8, não chamaram tanto a atenção assim, a eliminação no Final Four da Liga das Américas dia 11 de março foi traumática. Depois de estar vencendo o Bauru por 17 pontos no último quarto, a equipe carioca simplesmente travou, sofreu a virada a 30 segundos do estouro do cronômetro numa bola de três de Léo Meindl e viu a chance do bicampeonato da competição escorrer pelos dedos. Neste jogo, o placar do período final foi 28 a 15 para Bauru.
A história não se repetiu no último sábado por detalhes. Depois de iniciar o quarto período com 17 pontos de vantagem, o time carioca permitiu a reação de Bauru, que encostou em 84 a 85 e poderia ter virado o jogo 3 das finais se não fosse um grave erro da arbitragem a 35 segundos do fim. O placar da última parcial foi de 27 a 15 para os visitantes.
Mas o fato é que essas não foram as únicas vezes que o experiente elenco rubro-negro caiu muito de rendimento no último quarto. Nas derrotas para o Basquete Cearense por 67 a 66, quando os cariocas chegaram a ter seis pontos de frente a 1m20 do fim, e para Brasília por 75 a 73, depois de abrir oito pontos no último período, ambas no ginásio do Tijuca, o time também vacilou e permitiu a virada dos rivais nos segundos decisivos.
– Eu vou sempre preferir estar do lado do time que abre 20 pontos, independentemente do resultado final da partida. Até porque quando isso acontece é sinal de que seu time está dominando o jogo. São circunstâncias diferentes em cada partida e como a equipe que está atrás reage a isso. Algumas começam a jogar de uma forma muito mais arriscada e por certos momentos isso pode dar certo, mas a tendência é que não dê certo até porque é um jogo mais arriscado, mais rápido. Não tem uma fórmula para se evitar isso. Cada jogo tem uma característica, uma maneira de ser jogado e não dá para fazer uma análise em cima de apenas oito partidas onde aconteceram coisas parecidas. Se pegarmos especificamente, cada um desses jogos terá uma história diferente – analisou o experiente Marcelinho Machado.
Um dos jogadores mais extrovertidos do elenco do Flamengo, Olivinha discorda do técnico José Neto e do capitão Marcelinho. Preocupado e sem rodeios, o ala-pivô acredita que os apagões que o Flamengo sofreu durante a temporada são consequência de um relaxamento natural de uma equipe que abre uma grande uma diferença em um determinado momento do jogo e faz um alerta.
– Isso preocupa sempre, até porque não foi só uma vez que aconteceu esse tipo de coisa. Na Liga das Américas nós sofremos a mesma coisa e contra o mesmo time de Bauru. Naquela ocasião fomos eliminados em uma partida que não esperávamos perder e agora aconteceu novamente. Começamos o último quarto ganhando de 17 pontos, sofremos outro apagão, e Bauru encostou no minuto final até que teve aquela polêmica toda. Acho que perdemos o foco, principalmente quando abrimos uma vantagem muito grande de 17 pontos e a perdemos em seis, sete minutos. Acho que é natural uma equipe estar muitos pontos à frente e acabar relaxando. Isso infelizmente aconteceu conosco em boa parte da temporada. Temos que nos concentrar bastante os 40 minutos e trabalhar o lado psicológico para não deixar que isso aconteça outra vez. Se isso se repetir em Bauru, pode nos complicar – disse Olivinha.
Mais do que trabalhar o lado psicológico, o técnico José Neto tem insistido nas muitas sessões de vídeos após cada partida para evitar que a história volte a se repetir.
– A primeira coisa que nós procuramos fazer é analisar os vídeos e ver os motivos do que aconteceu. Depois, procuramos treinar algumas situações. Por exemplo, nós vimos como eles defenderam no último jogo e discutimos algumas coisas que podemos fazer ofensivamente para que isso não se repita no sábado. Não só em termos táticos, mas também de atitude. De sentir o momento do jogo, até porque com certeza as situações em todos esses jogos não foram iguais, foram diferentes. Então não é só a vantagem e essa queda de produção, mas de que maneira isso aconteceu – destacou o comandante rubro-negro.
Fonte: GE
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