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100% de aproveitamento! Fla faz do Klebão seu Maracanã Capixaba

Um canto anda em falta no repertório do torcedor rubro-negro. O refrão, aquele que diz “domingo eu vou ao Maracanã”, é pouco entoado em 2016. Com o estádio fechado por conta da Olimpíada, o Flamengo – que atuou pela última vez por ali em dezembro do ano passado, na derrota por 2 a 1 para o Palmeiras – teve que se tornar itinerante. Passou por Volta Redonda, Brasília, Goiânia e outros cantos. Mas a expressão “se sentir em casa” – mesmo que a casa seja a mais de 500 quilômetros de distância do Rio -, se encaixa especialmente ao Kleber Andrade. O Klebão, como é carinhosamente chamado por parte dos torcedores. E no último dia 31, após a vitória por 3 a 1 sobre o Figueirense e, curiosamente em jogo no qual o Rubro-Negro registrou seu menor público no estádio, Zé Ricardo o apelidou de “Maracanã Capixaba”, nome propagado também pela Fla Twitter.

– É o Maracanã capixaba. Ficamos muito felizes de vir aqui (no Espírito Santo). Todas as vezes, fomos muito bem recebidos, no aeroporto, hotel e estádio. Mantemos os 100% de aproveitamento, o que é uma coincidência positiva. Enquanto não pudermos jogar no Maracanã, espero que possamos jogar aqui.

O caminho trilhado pelo Rubro-Negro em Cariacica foi sem tropeços. São sete jogos pelo Brasileiro, Primeira Liga e Sul-Americana (veja lista ao fim da matéria). Sete vitórias. Tal aproveitamento rendeu outro apelido, mas à cidade do Klebão: Cariacica virou “Cariacem”, em referência aos 100% de aproveitamento. Público médio presente de 16.173 torcedores por partida. O time foi abraçado pela cidade. Nos jogos, uma mistura curiosa de torcedores locais com outros que se deslocam de outras cidades – principalmente do Rio de Janeiro – para o Espírito Santo. Apoio à moda antiga e com provocações de gosto duvidoso que não ecoavam no Maracanã. Selfies. E uma coisa em comum: deixar o estádio comemorando e com os carros com um funk em comum nas alturas e o refrão-chiclete “ai que cheirinho, ai que cheirinho, ai que cheirinho de hepta…”.

Nesta quarta-feira, às 21h45, é dia de Klebão novamente, mas pela Sul-Americana. O Flamengo recebe o Palestino, e um empate lhe serve. Derrota por 1 a 0 leva o jogo para os pênaltis, e triunfo dos chilenos por um gol de diferença e com mais de dois marcados elimina os cariocas.

Veja um pouco mais sobre a relação torcida e time no Klebão. Ou Maracanã Capixaba.

Chuva de papel– Assim como no Maracanã de antigamente, no Kléber Andrade, momentos antes do início do jogo, rolos de papel higiênico são distribuídos na torcida. A entrada do time em campo produz um efeito que marcou época no estádio carioca com uma chuva de papel.
Provocação ao goleiro adversário– O grito que os mexicanos popularizaram ainda mais na Copa das Confederações e na Copa do Mundo foram adotados pelos torcedores do Klebão. Quando o goleiro adversário parte para cobrar o tiro de meta, os torcedores prolongam o grito de “ôôôô…” antes dele tocar na bola, e uma provocação de “bicha” quando chuta. No Maracanã, não se usa esse tipo de provocação inspirada pelos mexicanos.

Estrutura pouco moderna – O estádio não tem placar. Nem eletrônico nem manual. O sistema de som é ruim, e os torcedores têm dificuldades para ouvir público e substituições.

Tensão que cega – A paixão – e a chance de ver ídolos de perto – às vezes cega torcedores do Kleber Andrade. É normal ouvir torcedores trocando nomes de jogadores e pedir substituição quando Zé Ricardo já realizou as três.

Trânsito sempre ruim na saída do estádio – Com ruas estreitas próximas ao Kleber Andrade e apenas um acesso a Vitória para quem deixa o estádio, o trânsito sempre fica caótico após os jogos do Flamengo. É quase que inviável também parar o carro nas cercanias do Klebão, há poucas opções, e o torcedor acaba obrigado a estacionar longe do local.

Desinteresse pela Sul-Americana – Com ótima média de ocupação nos jogos pelo Brasileiro e na vitória sobre o América-MG pela Primeira Liga, a torcida capixaba deu de ombros para o jogo de volta com o Figueirense, pela primeira fase da competição internacional. Apenas 6.445 pagaram ingresso para assistir à grande virada por 3 a 1, responsável por colocar o time nas oitavas de final. Precavida em relação a um possível desinteresse para a partida contra o Palestino, marcada para a próxima quarta-feira, a diretoria começou a vender ingressos durante o duelo com o Cruzeiro, no domingo. E o melhor: pela metade do preço.

Apoio irrestrito –A torcida tem apoiado quase incondicionalmente o time. O carinho vai desde o desembarque no aeroporto, até a chegada do ônibus ao estádio e nas arquibancadas. Em momentos de revés, por vezes, silenciou. Vaias, claro, não faltaram no Maracanã Capixaba. Diante do América-MG, pela Primeira Liga, elas marcaram a vitória por 1 a 0. Fernandinho também foi alvo na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-PR, pelo Brasileirão. Timidamente, torcedores posicionados no Setor A gritaram “Tira o Fernandinho”. Ele ficou em campo e cruzou para o gol de Mancuello. Mas, na maior parte do tempo, é apoio que vem da arquibancada. Depois da vitória de virada sobre o Cruzeiro, no domingo, a vibração se estendeu do estádio para ruas da cidade. O próprio Fernandinho viu o jogo virar a favor de si diante da Raposa. Quando Zé Ricardo o chamou para entrar, a torcida explodiu como num grito de gol.

Pressão da nação – Apesar de não ter arquibancada atrás dos gols, a acústica do estádio funciona bem. Se pode não parecer um caldeirão de meter medo no adversário, o Maracanã Capixaba tem uma acústica que faz do grito combustível para empurrar o Rubro-Negro.

Criatividade rubro-negra – Os preços em jogos no Klebão costumam ser salgados para quem não é sócio-torcedor, mas, dada a paixão em vermelho e preto que se observa no Espírito Santo, torcedores se aglomeram em barranco atrás do gol à esquerda das cabines de rádio. Contra o Cruzeiro, o “público” era bom no local.

Repertório– “Isso aqui não é Vasco, isso aqui é Flamengo”, o hino do clube, “Mengão do meu coração…” e, por conta do bom momento no Brasileirão, “o campeão voltou” são as músicas que lideram a lista de músicas entoadas no Klebão. Acostumado a sempre abrir o placar em Cariacica, o Flamengo só teve de correr atrás do resultado contra Figueirense e Cruzeiro. Nesses jogos, o tradicional “Ô, vamos virar, Mengô” foi gritado com muita força, e o mantra deu certo.

Opções de viagem para Cariacica – Existem diversos voos do Rio para Vitória, o que facilita que torcedores acompanhem o time. Mas, aos fins de semana, os valores das passagens sobem consideravelmente. Algumas caravanas também são organizadas para vencer os bem mais de 500 quilômetros, algumas em grupos de amigos outras feitas pelo programa Sócio-Torcedor do clube.

Na ausência do Maracanã, a torcida do Espírito Santo virou a companheira dos jogadores do Flamengo. “A nação Rubro-Negra dispensa comentários. Nós jogadores que temos que fazer a nossa parte. É um diferencial para nós ter toda essa galera nos apoiando e nós dentro de campo temos que nos contagiar realmente para que possamos jogar junto com a torcida”, afirmou Diego, antes do jogo com o Figueirense, pela Sul-Americana.
Resultados e públicos dos jogos no Kleber Andrade

Não teve jogo do Flamengo na Copa do Brasil ou Carioca

PRIMEIRA LIGA
Flamengo 1 x 0 América-MG
Público total: 17.167
Público pagante: 13.817
Renda: R$ 900.480,00

NO BRASILEIRÃO
12ª rodada – Flamengo 1 x 0 Internacional
Público total: 21.000
Público pagante: 19.558
Renda: R$ 1.089.180,00

16ª rodada – Flamengo 2 x 1 América-MG
Público total: 16.523
Público pagante: 14.966
Renda: R$ 1.028.320,00

19ª rodada – Flamengo 1 x 0 Atlético-PR
Público total: 19.036
Público pagante: 17.139
Renda: R$ 1.188.400,00

23ª rodada – Flamengo 2 x 1 Ponte Preta
Público total: 16.358
Público pagante: 14.721
Renda: R$ 998.920,00

27ª rodada – Flamengo 2 x 1 Cruzeiro
Público total: 15.680
Público pagante: 13.780
Renda: R$ 1.119.500,00

NA SUL-AMERICANA
Segunda fase – Flamengo 3 x 1 Figueirense
Público total: 7.449
Público pagante: 6.445
Renda: R$ 274.200,00

Fonte: GE

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