O empate em São Paulo era um resultado meio óbvio para o confronto entre times que duelam na ponta da tabela.
Mas, por todo o clima criado, natural que o foco estivesse só no placar, com exceção dos chatos.
Chatos, como eu, que tentam observar o jogo com frieza para depois formar algum conceito ou reforçar convicções.
E neste particular (o das convicções) devo dizer que a dinâmica comprovou o quão preparado está o time rubro-negro.
TESE
O jogo foi moldado para a derrota do Flamengo: nenhum torcedor rubro-negro, expulsão, arbitragem “estranha”.
O time de Zé Ricardo, porém, não se desorganizou.
Abriu mão de Diego e pôs Cuellar para manter o equilíbrio no meio-campo.
Fechado em duas linhas de quatro, foi pressionado pelos lados, pelo meio, pela torcida adversária, pelo árbitro.
Mas o Palmeiras, tão desorganizado quanto no 0 a 0 com o Grêmio, não teve afinação.
CERTO
O jogo passaria a ter ritmo ainda mais intenso se o técnico rubro-negro achasse normal jogar sem alguém na contenção.
E quanto mais intenso (mais aberto, mais franco) fosse o jogo, pior para quem estivesse em desvantagem numérica _ no caso, o Flamengo.
Zé Ricardo optou por jogar no erro alheio.
E conseguiu: fez gol, abalou-o emocionalmente e quase venceu!
DUELO
Se excluirmos este confronto e dividirmos em seis “lotes” de quatro rodadas, veremos que o Palmeiras tem sido mais regular.
Cuca ajustou o “calibre” do desempenho de modo a ter sempre média de dois pontos por partida.
O Flamengo só equilibrou a disputa neste último “lote”. Fez 12 pontos contra os oito habituais dos palmeirenses.
CICLO
Os dois abriram novo “lote” com um ponto ganho no duelo.
O desafio, no médio prazo, é tão difícil para um, quanto para outro.
O Palmeiras terá de manter ou subir a média enfrentando ainda Corinthians (f), Coritiba (c), Santa Cruz (f) e América-MG (f).
A menos que o desempenho do Flamengo fique abaixo dos oito, tendo ainda Figueirense (c), Cruzeiro (c) e São Paulo (f).
EXEMPLO
Em 2011, o mais equilibrado dos pontos corridos, tínhamos a esta altura Vasco (46), São Paulo (45), Botafogo (44) e Corinthians (44).
Terminou com Corinthians (71), Vasco (69), Fluminense (63) e Flamengo (61). São Paulo foi o 6º (59) e Botafogo o 9° (56).
Isso mostra que as 13 rodadas restantes podem mudar a disputa, ainda restrita a Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG.
PERIGO
Há quem aposte no desequilíbrio de Cuca quando em desvantagem e no rendimento baixo do Atlético-MG, fora. Nasce daí uma precipitada euforia.
Fonte: Gilmar Ferreira