Faltou soltarem as emoções. Elas estavam lá, todas. E bem pudemos sentir a euforia quando Alan Patrick tocou a bola pela primeira vez. Mas o sentimento que entrou em campo, se não o medo, foi o receio. Dos dois lados.
Ninguém foi a jogo para empatar, é claro. Mas a impressão que dava era que, se tivessem oferecido a igualdade como resultado final, os 2 times aceitariam antes mesmo de a bola rolar. Confronto entre primeiro e segundo colocados, a 13 rodadas do fim. E a prioridade era não perder.
Missão cumprida, ninguém perdeu. Mas se um empate pusesse em jogo 3 pontos – como uma partida com ganhador coloca – o Flamengo mereceria ter saído com 2.
A arbitragem não determinou o vencedor , ou “desvencedor. Aliás, o senhor André Luiz de Freitas Castro controlou bem os ânimos da tensa partida, contudo deu suas derrapadas. Primeiro tempo, contra-ataque para o Mengo. Ficaríamos no 4 contra 2, se Diego passasse por Zé Roberto. Não passou, parado com falta. Nada de cartão. Assim como não houve advertência mais severa para Dudu, que simulou um pênalti. Falando em simulação, logo no começo Gabriel Jesus encenou que havia sido agredido por Pará. O árbitro foi claro ao dizer que nada viu, mas não teve tal clareza ao permitir que o craque deles cometesse insistentes “faltinhas”. Ironicamente, amarelou Gabriel Jesus, no segundo tempo, por reclamação.
Atitudes cabíveis, compreensíveis, não tivesse ele expulsado um jogador nosso ainda na etapa inicial. No lance do primeiro cartão de Márcio Araújo sequer foi falta. O lance do “não cartão” foi mais leve que o de Zé Roberto em Diego. O do vermelho foi justo, mas aí teria de ser o primeiro amarelo ao volante rubro-negro. Pouco depois, não interrompeu a (mais uma) patacoada de Réver, que recebeu o tiro de meta ainda dentro da área. Há de se destacar, outra vez: a arbitragem não determinou o resultado da partida.
Em igualdade numérica, provavelmente o Palmeiras não teria partido para cima. Nem o Flamengo trocado o temor pela bravura. Zé Ricardo logo abriu mão de seu melhor jogador. Tirou Diego para reforçar a marcação com Cuéllar. Grande tacada do treinador. Ali começava a mostrar o quão leu o jogo melhor do que Cuca.
Jogar um tempo inteiro com um a menos, fora de casa, diante do líder do campeonato e sentindo medo seria um prenúncio de suicídio. O time do Flamengo entendeu. Veio para a segunda metade destemido, disposto a encarar qualquer coisa. Zé mexeu de novo, trocou Gabriel por Alan Patrick para aumentar a qualidade do meio-campo. No primeiro toque na bola, o meia fez o inacreditável. 1×0 Flamengo, após grande jogada de Éverton.
Mesmo Éverton que bateu mal demais quase da pequena área no primeiro tempo; e que no segundo foi bem ao roubar a bola de Tchê Tchê. Por azar, tocou um pouco forte para Alan Patrick, que demorou a girar, não viu Leandro Damião livre e acabou finalizando para fora.
No 11 contra 11 talvez não houvesse os espaços no campo, nem o gol do Flamengo, que despertou o desespero palmeirense. O receio virou pavor. Não podiam perder e estavam perdendo. Foram para cima, sem muito efeito. Réver e o inspirado Rafael Vaz, auxiliados pelos outros 7 jogadores de linha, davam conta do recado.
Não deram quando a inferioridade numérica fez a diferença. Sobrou 1 deles, após a cobrança do lateral. Infelizmente, Gabriel Jesus. 1 a 1, e aí surge o ponto de interrogação na tese de que a arbitragem não influenciou.
“Se” é muito subjetivo. O que vimos, com 11 rubro-negros no gramado, foi um Flamengo preocupado principalmente em não perder. Com um a menos, vimos um time pujante, brigador. Disposto a tudo, sob o comando de um bravo Zé Ricardo. De se tirar o chapéu e encher o peito de orgulho e esperança.
Faltam ainda 13 batalhas. Seguimos firmes na luta. E fortes, mais fortes do que nunca. A valentia e o poder de superação foram os 3 pontos conquistados nesse 1 a 1. Um jogo que nasceu para ser empate, e pode ter dado vida a um time nascido para ser campeão.
Marcos Almeida
Fonte: Nosso Flamengo
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