Empolgada pelo bom desempenho no Campeonato Brasileiro, a torcida do Flamengo tem buscado comparações com a campanha vitoriosa do time em 2009. O famoso ‘cheirinho de hepta’ invadiu as redes sociais e se tornou a marca registrada do otimismo rubro-negro. Mas coincidências não ficam apenas nos números ou nos fatores extracampo: dentro dele, um velho conhecido veste novamente o manto. Everton se destacou na lateral esquerda no hexacampeonato e hoje, em sua posição de origem, o meia reconhece as semelhanças entre os times, mas garante que internamente os jogadores sentem outro ‘cheiro’.
“Hoje em dia, com a Internet fazendo parte do dia a dia de todos nós, é claro que a gente fica sabendo dessas brincadeiras dos torcedores. Tem muita coisa engraçada que a gente dá risada. Mas todos nós temos total consciência de que isso é coisa que fica da porta para fora. Da porta para dentro tem é cheirinho de trabalho. Muito trabalho”, garantiu o jogador.
Uma das peças na arrancada do hexa, Everton deu mais motivos para o torcedor se empolgar com as semelhanças entre as equipes. A diferença fica ‘apenas’ por conta dos números: os deste ano são melhores. Em 2009, o Rubro-Negro entrou no G-4 do Brasileirão apenas na 30ª rodada – desta vez, já ocupa a vice-liderança na 22ª. O rendimento é superior. Na mesma altura da competição naquela época, o time da Gávea tinha aproveitamento de 48,5%, enquanto agora é de 60,60%.
“Não vejo tantas diferenças. A não ser pelas características individuais de cada atleta se formos comparar posição por posição. Mas isso é normal. Cada um tem o seu jeito de jogar, seus pontos fortes. O que mais chama a atenção mesmo é a vontade de vencer. Essa é a maior semelhança entre os elencos dos dois anos. Tanto em 2009 quanto agora temos bons elencos. Formado por grandes jogadores e, principalmente, com vontade de ganhar. Em 2009 crescemos mais para o fim da competição e aproveitamos a brecha que as equipes que estavam à frente nos deram. Agora estamos conseguindo ter uma campanha mais sólida. Mas, de qualquer maneira, temos de ficar muito atentos a essa reta final de competição, que é quando tudo se define”, disse Everton, que completou:
“Às vezes acabamos comentando um pouco sobre a campanha de 2009, mas sempre de forma mais geral. Porque não dá pra individualizar. Hoje são outros jogadores, já se passaram sete anos. Nossas conversas são quase sempre focadas no que está acontecendo hoje mesmo. O foco está 100% em 2016.”
A equipe rubro-negra está recheada de astros – mais uma coincidência. Se em 2009 o time contava com Petkovic e Adriano como líderes, desta vez Paolo Guerrero, Leandro Damião e Diego são responsáveis por inflar os ânimos da torcida. A chegada do meia aumentou não apenas o rendimento do ataque, mas também a confiança do grupo e dos torcedores: um papel parecido com o que o camisa 43 sérvio desempenhou no hexa.
“O Diego é um grande jogador. O currículo dele fala por si só. Mas cada atleta tem sua história. O Pet construiu sua história no Flamengo e deixou seu nome gravado como um dos ídolos rubro-negros. O Diego chegou há pouco tempo, mas tem tudo para também marcar sua passagem pelo Flamengo. Com certeza a chegada dele fez o time ficar ainda mais qualificado. Se isso resultar em títulos será bom para todo mundo.”
Everton chegou ao Flamengo em 2008, vindo do Paraná. Após uma boa estreia em um clássico contra o Fluminense, o meia passou por altos e baixos, até se firmar na equipe no ano seguinte. Juan, titular absoluto na época, sofreu lesão e abriu as portas para o jogador atuar em uma posição diferente da que estava acostumado: a lateral esquerda.
“Prefiro jogar como estou jogando agora. Naquela época o time precisou de mim na lateral esquerda e eu joguei com o maior prazer. Se precisasse hoje de novo, também iria. Aliás, iria de lateral, de zagueiro, na posição que fosse. O importante é ajudar o time que você está defendendo. Mas, em condições normais, vou querer sempre jogar na minha posição de origem”, brincou.
Se na época do hexa Everton estava em início de carreira, com apenas 20 anos, hoje se vê mais maduro e reconhece que muita coisa mudou. Depois da passagem pelo Flamengo, jogou pelo Tigres, do México, passou pelo Botafogo, o Suwon Bluewings, da Coreia do Sul, e pelo Atlético-PR. O retorno ao Rubro-Negro carioca aconteceu em 2014.
“Mudou muita coisa do Everton daquela época para cá. Principalmente fora de campo. Hoje tenho dois filhos, um casamento maravilhoso. Isso te deixa mais maduro, mais centrado. Profissionalmente também já evoluí muito. Fui jogar no México, na Coreia do Sul, tive contato com outras culturas, outros métodos de jogo. Isso faz qualquer atleta evoluir. Hoje minha visão de jogo é bem melhor do que era em 2009, quando ainda estava no início da minha carreira.”
Feliz por ter recuperado espaço na equipe após a saída de Muricy Ramalho, Everton tem novamente um papel importante na equipe. Se antes era revelação, hoje reafirma cada vez mais seu nome no cenário do futebol. Com a possibilidade de levantar a taça do Campeonato Brasileiro mais uma vez, o meia vive um momento especial na carreira.
“Não me abalo com críticas e nem me exalto com elogios. Minha meta é sempre ajudar o time da melhor maneira que eu posso. Vivo um momento de muita tranquilidade fora de campo, o que me deixa 100% focado no meu trabalho. O resultado pode ser visto nos jogos, com desempenhos sempre positivos. É um dos grandes momentos da minha carreira, sem dúvida, e agradeço ao Zé Ricardo por confiar no meu futebol”, concluiu.
Renata Amaral
Fonte: O Dia