A notícia de mudanças na Libertadores da América nesta última terça-feira levantou uma série de análises, debates, dúvidas e questionamentos, como aconteceu nesta quarta no Redação SporTV. O apresentador André Rizek, na companhia dos jornalistas Fábio Seixas e Sidney Garambone, avaliou propostas como a final em jogo único em estádio previamente escolhido. O trio também fez críticas ao modo como tem sido feito o anúncio.
A principal notícia da última terça foi o aumento do período de competições da Libertadores, passando de uma média de 27 semanas para 42, entre fevereiro e novembro. A competição ganharia também um aumento no número de participantes. Fábio Seixas, chefe de reportagem do SporTV, questionou o método de anúncio das decisões, como em posts do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, em redes sociais.
– Que critérios? Quantos time? Como vai ser o esquema final? Tudo isso é palpite que a gente e torcedores estamos lançando no ar (…). Como se comunica mal a Conmebol!
Na Argentina, a especulação sobre o aumento do número de vagas para as equipes do país ganhou quase um “lobby” de jornais como Olé e La Nacion.
– A imprensa sul-americana foi além. Quando viu que a Libertadores pode aumentar o número de time, a imprensa argentina, por exemplo, com Boca e River nesse momento fora da zona de classificação para a Libertadores do ano que vem, já ficou assanhada (…). Me parece mais um lobby que uma informação para que os gigantes argentinos joguem ano que vem sob convites. A gente é muito ruim de serviço na América do Sul. Cria uma série de margem para dúvida, especulação, para lobby. Alguém na Argentina está fazendo lobby para Boca e River e alguns jornais compraram essa ideia – destacou o apresentador do Redação SporTV, André Rizek.
O presidente da Conmebol também citou nas redes sociais o desejo de fazer a final da Libertadores em jogo único, em local previamente escolhido, como acontece hoje com a Liga dos Campeões da Europa. Fábio Seixas ressaltou as diferentes realidades dos continentes.
– A gente tem que entender que temos realidades diferentes. Imagina uma final como a desse ano, entre Atlético Nacional (da Colômbia) e Independiente Santa Fé (do Equador) sendo disputada no Maracanã. Imagina que jogo seria esse. Quem viria? O torcedor do Independiente Santa Fé iria se deslocar até o Maracanã, até o México para ver a final? Ou até o sul da Argentina? É outra realidade econômica e de deslocamento. Isso é inviável.
André Rizek espera que a proposta de mudança passe por um estudo da Conmebol, sem apenas se espelhar no formato de outras competições.
– Acredito que ele deva ter algum estudo baseado na Liga dos Campeões. Na Europa é um sucesso a final em jogo único. Você sabe que ela acontece naquele país um ano antes, os patrocinadores colocam muita grana, você cria uma expectativa muito grande, tem uma audiência mundial em final que não tem em Libertadores, que a audiência é regional, sul-americana. Sem falar que você viaja pela Europa com facilidade de deslocamento e tem a condição financeira dos europeus. É muito mais fácil o inglês assistir o time dele em Paris, por exemplo, ele toma um trem e vai para lá (…). Acho que é mais complicado fazer um jogo único (na Libertadores). Mas tenho sempre esperanças que um dirigente quando propõe uma coisa dessas tem algum estudo na gaveta para defender essa tese.
Para embasar a mudança para a final em jogo único, Alejandro Domínguez destacou que, nos últimos dez anos, em sete oportunidades o time que fazia o segundo jogo em casa tinha sido campeão. Sidney Garambone lembrou que esse privilégio de decidir hoje em casa não lhe foi dado, mas conquistado pela melhor campanha.
– O lado bom de tudo isso é que a Conmebol está se mexendo e colocando em discussão algumas coisas marmorizadas no futebol sul-americano. Quando ele (o presidente da Conmebol) fala que em sete de dez finais o campeão era mandante, e que então a justiça esportiva não estaria sendo contemplada, mas é porque ele conquistou, fez melhor campanha. Você premia quem teve melhor campanha – concluiu o jornalista da TV Globo.
Uma reunião no próximo domingo, em Bogotá, na Colômbia, deverá fechar os detalhes do novo formato e definir quantas vagas cada país receberá na nova edição da Libertadores. É prevista a presença de representantes de todas as federações filiadas à Conmebol. Durante o encontro na última terça em Assunção, a Conmebol recomendou às federações nacionais que adaptem seus calendários de acordo com as novas datas das competições sul-americanas.
Fonte: Globo Esporte
Exatamente, como disse o repórter, gostaríamos de saber quais foram os critérios para as mudanças.
E que arbitrariedade! Não há um pleito ou consulta prévia aos times. Os caras simplesmente comunicam a decisão e pronto.
Acho que a pior foi a final em jogo único. O repórter apresentou vários fatores que reforçam negativamente essa decisão.
E quanto aos jogos desumanos na altitude que continuam beneficiando apenas aos andinos?