Enquanto 70% dos associados de times cariocas estão no Rio, 90% dos sócios de paulistas, mineiros e gaúchos estão nos estados de origem. Os programas são locais.
É comum ver conjeturas sobre o potencial dos programas de sócios torcedores. A conta geralmente se baseia no seguinte cálculo: a partir do consenso popular de que o Flamengo tem 35 milhões de torcedores, se ele conseguir converter 3% dos fãs em associados, um percentual que clubes como o Internacional e o Barcelona bateram, vai superar 1 milhão de sócios torcedores. Mas por que nenhum clube brasileiro não chega nem perto do tal potencial?
A realidade é mais complexa. Você já sabe que nem todo torcedor é um fanático disposto a pagar mensalidades para ter preferência e descontos em ingressos. Mas não é só isso. A característica dos atuais programas de relacionamento do futebol brasileiro é local.
ÉPOCA pediu aos departamentos de marketing dos 12 times mais populares do país os percentuais, entre sócios torcedores ativos, dos que residem no estado de origem e dos que estão no resto do país. Os dados remetem ao mês de setembro de 2016 e podem ser comparados com os de junho de 2015, quando este repórter, no Globo Esporte, fez a mesma solicitação. O panorama atual continua similar ao passado.
Os quatro clubes cariocas são os mais nacionais. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, em média, têm 70% de seus associados dentro do estado do Rio de Janeiro e 30% espalhados pelo resto do país. É um reflexo das aglomerações de torcedores que foram formadas ao longo das últimas décadas – os cariocas tiveram mais jogos transmitidos via rádio e televisão para outras regiões, enquanto paulistas, mineiros e gaúchos mantiveram alcance restrito a seus estados.
Há também um quê sazonal que varia conforme o caso. O Flamengo reduziu em 5 pontos percentuais a concentração de sócios torcedores no Rio de Janeiro de 2015 para 2016. Em parte porque jogou longe do estado devido à indisponibilidade do Maracanã em função do Maracanã. Já o Fluminense, com 14 pontos percentuais a mais dentro do Rio de Janeiro, vive um período eleitoral no qual os sócios têm direito a voto; logo, mais cariocas se associaram.
No resto do país as variações foram pouco relevantes. Os quatro paulistas, os dois mineiros e os dois gaúchos, em média, têm 90% de seus sócios torcedores dentro de seus estados de origem. A explicação está no principal motivo pelo qual o torcedor se associa: para ter preferência e/ou desconto na compra do ingresso. O acesso ao estádio mais utilizado, portanto, tem um peso importante na distribuição dos associados pelo país. Os programas são locais.
Não é diferente fora do Brasil. Dos quase 143 mil sócios que o Barcelona tinha ao término da temporada de 2014-2015, 92,5% residiam na Catalunha, uma região da Espanha. A despeito de ser um dos clubes mais globais da atualidade, só 7,5% dos sócios do clube residem em outras regiões espanholas e do mundo. Na Europa, onde o “sócio torcedor” é o comprador de season tickets, pacotes de ingressos para a temporada, o fator local também existe.
É por isso que, ao calcular o potencial numérico de um programa de associação, a projeção deve levar em conta não o suposto tamanho da torcida no país inteiro, mas a quantidade de torcedores nos arredores da sede e do estádio do clube. O tamanho do estádio também é preponderante. Num cenário com 40 mil lugares totalmente preenchidos na maior parte da temporada, dificilmente um programa de associação vai muito além do que o dobro disso em número de associados. Pelo menos enquanto o sócio torcedor não tiver outra contrapartida tão forte quanto o ingresso para atraí-lo.
Fonte: Época
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Isso só mostra como esse curica e regional, mesmo com plano de 9 mensal a maioria e de SP. Depois nos que temos torcida simpatizante.
Não se pode olhar só percentual, eles tem 130 mil, 11% disso são 13 mil sócios fora do estado. O Fla tem 60 mil, 35 % são 21 mil fora do estado. Mesmo em número absoluto tem mais.