“Me leva que eu vou, sonho meu”

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O Flamengo no topo do Brasileiro é um case de saúde pública. Não apenas por ser um hábito salutar. O Flamengo brilhando faz bem pra mente e pro espírito, aumenta a moral, a inteligência e a até a extensão do piru. É incalculável o impacto no sistema público de saúde, são 40 milhões de pessoas de alto astral e se sentindo bem. Isso pra não falar no impacto na economia do país. Quando está bem, o Flamengo é a maior usina produtora de dopamina da América Latina. Como se sabe, contra fel, moléstia, crime e a narração do Luís Roberto, o neurotransmissor é tiro certo.

É uma beleza abrir a tabela e nem precisar dar scroll pra achar o Mengão. O Flamengo no alto salta aos olhos e nos provoca até aquele suor do nervo ótico, tão másculo. É o nosso lugar, nascemos para viver no topo da cadeia alimentar do futebol mundial. Mas como todos os luxos dessa vida acabamos nos acostumando a ele também. Por ser um direito natural, essa condição passa a fazer parte do cotidiano e a gente até esquece de como esse campeonato pode ser desanimador e broxante quando as coisas vão mal lá pros lados da Gávea. Isola!

Mas o que eu curto mesmo observar nesses momentos de maré cheia rubro-negra é a perplexidade estampada no rosto da arco-íris com a constatação de que o Hepta do Flamengo não é uma abstração. Que o nosso Heptacampeonato não é viagem de ácido. O Flamengo está mesmo na briga para ser o campeão mais foda da história do Brasileiro, jogando praticamente o campeonato todo fora de casa. E, no momento, botando uma pressão violenta no líder provisório. Vagabundo alopra, olha pra trás com medinho, ensaia um chororô, mas tem que respeitar.

Eles não apenas respeitam como tremem. A tremedeira é generalizada e não respeita nem fronteiras. Tá aí a Conmebol e a CBF, em pânico, alterando as regras do jogo enquanto ele ainda tá rolando só pra tentar neutralizar as enormes chances estatísticas de que não tenha paulista na Liberta 2017. São uns comédia mesmo esses caras, não conseguem deixar nada em paz. Mas tá valendo, Flamengo não escolhe adversário.

Não escolhe adversário e nem escolhe terreno de jogo. A representatividade do Flamengo em terras brasileiras é uma realidade palpável, rija e veiúda. Os coraçõezinhos paulistas se apertam quando veem o Mengão tomar posse do Pacaembu, ícone histórico do futebol em Piratininga, com tamanha autoridade. As quatro bandeirinhas rubro-negras fincadas nos corners daquele gramado encravado em território hostil são um símbolo quase fálico da nossa dominação. O Pacaembu está sob nossa jurisdição, amiguinhos da ponta feia da Dutra. É tudo nosso, lidem com isso.

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Tanto que pegamos o Santa Cruz e rapidamente acabamos com qualquer possibilidade de palhaçadinha. O 1º gol, do menino Vizeu, saiu tão rápido que deu até uma arrefecida no ímpeto da rapaziada. Houve uns momentos que parecia até treino apronto na Gávea e o Santa Cruz até tentou fazer uma graça. No vestiário certamente Zé Ricardo colocou em prática seus poderes motivacionais para reacender o fogo sagrado sob o rabo do nosso ilustre plantel, que voltou pro 2º tempo com a disposição, a velocidade e a circunspecção adequadas à gravidade do momento. Por isso puderam matar o jogo com extrema eficiência e até Cirino andou fazendo gol e suando pelos olhos. Acreditem, o Flamengo há muito rompeu a barreira do possível.

Faltam só 9 jogos. Ou ainda faltam 9 jogos, depende da sua ansiedade. É sabido que alguém vai ter que vacilar para que o campeonato se decida, e esse alguém não pode ser o Flamengo. Que, felizmente, só depende dele e de mais ninguém. Lembrem-se que no papel de Homem Que Vem de Trás o Flamengo é insuperável. Ainda sobrevive aquela teoria, que considero equivocada, sobre a dificuldade maior ou menor na sequência de jogos de um e de outro. Reitero: não tem jogo fácil, todos serão foda. A única certeza é que nós vamos estar juntos em todos eles.

A pergunta que nós, bem vestidos e fechados com o certo precisamos nos fazer para aliviar a tensão é a seguinte: O que o Flamengo deve fazer a partir de agora para ser campeão é mais difícil de fazer do que o próprio Flamengo já fez até agora? Pensa aí.

Arthur Muhlenberg

Fonte: República Paz & Amor

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  • Na boa, Muhlemberg, volta pro GE.

  • Octacampeão 2017

  • O Muhlemberg é um dos poucos cronistas que conseguem inflar ainda mais o nosso ego rubro-negro. Quando leio seus textos me sinto como se o Mengão estivesse ganho a Champions League. SRN

    • Correção ” como se tivesse ganho a libertadores” que é copa de homem

  • Muito bom o texto. É muita emoção daqui pro fim do campeonato! O cheirinho está no ar! #vaipracimadelesmengo

    Vem pro Telegram @FlamengoNacao

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