Muhlenberg: “No perrengue”

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O que faz a diferença entre os times campeões do Brasileiro e os times que não chegam lá nem à porrada é a capacidade de lidar com a pressão. A pressão é animal e é distribuída de maneira uniforme entre os 20 clubes da Série A. Os caras do G4 levam pressão dos caras que querem subir, quem tá no meio da tabela e ainda não arrumou os 45 pontos leva pressão da torcida, quem tá na zona então, nem se fala. O nome do jogo é futebol, mas um dos sobrenomes é pressão.

Nesse campo do conhecimento humano, manejo da pressão, o Mengão até que não tem feito feio. E tem evitado, talvez não da maneira mais elegante, a pressão intrínseca à liderança de um campeonato cachorro como é o Brasileiro. Até agora não passamos pelo 1º lugar do campeonato, e isso é muito bom. Liderança não é como a festa de bodas de ouro daqueles amigos dos seus coroas, aquela em que você dá só uma passadinha rápida pra comer e beber de grátis antes de ir pra pista. Ao contrário da zona, a liderança é lugar sério. É pra chegar e ficar. Conscientemente ou não, o Flamengo ainda não chegou lá. Acho que isso diz mais sobre a nossa real capacidade do que pode parecer à primeira vista. Entendo que se o Flamengo ainda não chegou lá é porque ainda não chegou a hora.

Tanto não chegou a hora que o Mengão não soube aproveitar a momentânea fragilidade da bambizada pra botar 2 pontos de vantagem na rodada 28 e mandar a pressão pro Porco. As coisas são o que são. Mesmo considerando a tradição tricolor, sua torcida e o fator estádio o resultado pode ser considerado um tropeço do Mengão. Não sei se foi cansaço, uma escalação não tão feliz, um dia escroto pra Guerrero e Diego, mas o Flamengo não brilhou no Morumbi.

A São Paula, ainda portando a corda numa região muito próxima ao pescoço, partiu pra cima da gente, meio no afobado, sem muito método e com um antinatural excesso de virilidade. Para os leigos como eu, um adversário fácil de ser batido se a bola fosse colocada no chão. Mas o Flamengo estava em um dia não. Até colocou a bola no chão, mas ficou naquele tiki-taka de pau mole que não chuta a gol e que não faz mal a ninguém. Não merecemos a vitória e se não fosse uma defesa monumental de Muralha estaríamos amargando a 7ª derrota no Brasileiro. 7ª derrota! Só não vê quem não quer.

Outra coisa que só não vê quem não quer é a inequívoca vocação do Flamengo para o épico. O épico, como todos sabem, é o gênero relativo às jornadas de heroísmo. E os heróis em suas epopeias, necessariamente, precisam sobrepujar uma série de obstáculos, armadilhas e contratempos, as chamadas peripécias, antes do triunfo final. Em português mais agreste, o Flamengo só vai ganhar essa porra de Brasileiro se for no perrengue. Porque no perrengue é a única maneira que o Flamengo sabe ganhar.

Esse empate foi péssimo, principalmente pros creontes tipo eu que escalaram 11 jogadores do Mengão no Cartola. Vai ficando cada vez mais difícil ser campeão brasileiro quando não conseguimos ganhar de nenhum grande paulista. É exatamente desse tipo de peripécia que o Flamengo tava precisando para ser épico de verdade. Não vou fazer farra, o momento é de reflexão e não fica nem bem comemorar empate com a bambizada. Mas depois desse empate o Flamengo está mais rumo ao Hepta do que nunca.

Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg

Fonte: República Paz & Amor

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