Grandes amigos e ícones da geração de “Meninos da Vila” que venceu o Campeonato Brasileiro de 2002, Diego e Robinho serão adversários no Brasil pela primeira vez. Eles irão se enfrenntar no duelo entre Atlético-MG e Flamengo válido pela 33ª rodada no Mineirão, neste sábado, às 16h30 (horário de Brasília).
Há cerca de 14 anos, eles jogaram juntos pela primeira vez em um cenário que nada lembraria a épica final no Morumbi meses depois. O time, praticamente eliminado, enfrentou o Guarani, na Vila Belmiro, pela 12ª rodada da primeira fase do Torneio Rio-São Paulo
O meia Robert foi o destaque daquela partida: marcou os dois gols na vitória por 2 a 0 e foi substituído por Robinho no segundo tempo.
“A gente estava numa crise danada. Torcida com as faixas ao contrário. Meu pai veio do interior da Bahia me visitar e ficou a semana toda comigo, foi aos treinos e neste jogo. Foi legal e deu uma aliviada na pressão. Foi a primeira vez que ele me viu jogar pelo Santos”, lembra o ex-meia, ao ESPN.com.br.
O ex-jogador confessa que jamais imaginou que ali nasceria a dupla que mudaria a história do clube.
“Na época eram só mais dois garotos promissores que entraram como tantos outros. Não sabíamos como seria a carreira deles. Uma coisa é base e outra no profissional. Mas nos treinos a gente via que eles tinham personalidade e o Robinho dava muito trabalho para Odvan, que o jogava no alambrado toda hora (risos)”, gargalha.
“O Diego falava que era meu fã e que eu era a referência para ele como jogador e profissional. Isso me dava ainda mais responsabilidade. Na primeira concentração do Robinho no profissional, ficamos juntos no quarto do hotel. Eu era experiente e falava: ‘Pega café e misto quente pra mim, moleque’ (risos)”, conta.
Após as eliminações no Rio-São Paulo e Copa do Brasil (para o Internacional), o time ficou três meses sem competições. Robert foi emprestado ao São Caetano e sagrou-se vice-campeão da Copa Libertadores antes de voltar ao time alvinegro.
Segundo Robert, por pouco o “Rei das Pedaladas” não foi junto…
“Eu indiquei o Robinho para o São Caetano. Disse para eles: ‘Tem um ponta direita muito rápido e bom. Menino é serelepe, pega ele que vai ser útil para no segundo tempo fazer aquela fumaça’. Mas o Jair Picerni falou: ‘Quem é Robinho? Jogou aonde? Não conheço!Eu quero só você’ (risos). Ninguém conhecia o Robinho ainda”, relata.
CHEGADA DE LEÃO
Devido ao fracasso no primeiro semestre, Celso Roth foi demitido do Santos e para sua vaga chegou Emerson Leão, que havia saído da seleção brasileira no ano anterior. O destino dos garotos foi traçado depois de um amistoso contra o forte Corinthians, comandado por Carlos Alberto Parreira e que havia vencido a Copa do Brasil e o Rio-São Paulo daquele ano.
Com uma vitória por 3 a1 na Vila Belmiro deu a segurança necessária para continuar o trabalho de renovação que desencadeou no título do Brasileiro. Quando Robert voltou ao Santos, não tinha mais vaga no time titular.
“Eu saí porque o Santos não tinha dinheiro. Eu era o jogador mais importante e o ídolo da época, tinha passado pela seleção e tinha o maior salário do elenco. Vários times vieram atrás de mim, mas o presidente Marcelo Teixeira não me liberava. Quando eu voltei, o time estava todo certinho e tive que ficar no banco de reservas. O Leão me elogia até hoje pela postura por nunca ter reclamado”, diz.
“Depois que começaram a entrar no time eles evoluíram muito rápido. No começo, eles chegaram mais quietos, mas depois que viraram titulares ninguém segurou mais (risos). Eles começaram a virar profissionais, mas sempre brincando. Eles mudaram o Leão que é um cara sério demais. Eles amoleceram o coração do homem e ele cresceu bastante com isso também. Quando os meninos chegavam ao vestiário era aquela algazarra, ele sabia quem era só pelo barulho”, recorda.
Com seu jeito disciplinador, o treinador sofreu algumas vezes na mão da dupla Diego e Robinho.
“Celulares era uma febre na época e o Leão mandava recolher todos depois da 22h. O Diego e o Robinho deram a ideia de colocarem para despertar todos os celulares a cada meia hora na madrugada (risos). No dia seguinte, a gente deu muita risada e o Leão ficou maluco, mas nunca mais fez isso”, relembra.
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Leão um dia também resolveu proibir os videogames na concentração, pois seu comandados ficavam jogando até altas horas da madrugada.
“Teve um dia que ele recolheu todos os Playstations. Mas um jogador nosso tinha dois videogames escondidos e a comissão técnica não sabia (risos). Na hora do lanche, a gente avisava no quarto de quem estava e todo mundo ia para lá”, revela.
Mesmo com uma campanha bastante irregular e só conseguindo a classificação para as quartas de final na 8ª posição, por causa de uma derrota do Coritiba para o rebaixado Gama, o time praiano entrou de outra forma no mata-mata.
Com o brilho de Diego e Robinho, o Santos atropelou o São Paulo (líder da primeira fase e favorito ao título) e passou sem dificuldades pelo Grêmio nas semifinais.
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Nas finais, disputadas no Morumbi, o time de Leão conquistou uma vitória por 2 a 0 na primeira partida com grande atuação de Diego. Na decisão, porém, o meia de 17 anos saiu machucado logo nos primeiros minutos e deu a vaga para Robert. Robinho pedalou, brilhou e fez a torcida do Santos se libertar da fila.
“Recebi um presente naquela final. Contribuí no momento certo e ficamos marcados na história. Foi sensacional ter vivido isso me enche de alegria”, celebra.
No jogo deste final de semana, Robert verá pela televisão os garotos que viu brilharem juntos, mas em lados opostos no gramado.
“Eles fizeram uma história linda no futebol e será muito legal ver esse reencontro. Queria muito que fosse com a camisa do Santos, mas não foi possível. Quem sabe num futuro próximo?”, sonha.
2FICHA TÉCNICA
SANTOS 2 x 0 GUARANI
TORNEIO RIO-SÃO PAULO 2002
Local: Vila Belmiro, em Santos-SP
Data: 24 de março de 2002, domingo
Horário: 16h (horário de Brasília)
Público: 1.099 pagantes
Renda: R$ R$ 7.515,00
Árbitro: Anselmo da Costa (SP)
GOLS
SANTOS: Robert, aos 19 minutos do primeiro tempo e aos 32 minutos do segundo tempo
SANTOS: Fábio Costa; Valdir (Esquerdinha), André Luís, Odvan e Léo; Marcelo Silva, Renato, Wellington (Preto) e Robert (Robinho); Diego e Douglas Técnico: Celso Roth
GUARANI: César; Gustavo, Edu Dracena, Aderaldo e Luciano; Sangaletti, Alexandre (Guilherme), Dudu e Jadílson; Rafael Silva e Zé Afonso (Léo) Técnico: Zé Mário
Fonte: ESPN
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