‘Rei do Fla-Flu’ lembra gols em virada impossível: ‘Depois, entrei de graça na balada’

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Nesta quinta-feira, os rivais Flamengo e Fluminense fazem o clássico de número 405 na história, às 21h (horário de Brasília), pelo Campeonato Brasileiro. Em um jogo com tanta história, houve dezenas de partidas memoráveis. Poucos duelos foram tão emocionantes, porém, quando o que ocorreu no Maracanã lotado, em 2004.

Na ocasião, um 1º de fevereiro, pela Taça Guanabara, quase 60 mil pessoas encheram o “Maior do Mundo” para um verdadeiro jogaço, com duas viradas e estrelas como o goleiro Júlio César, pelo Fla, e Romário, pelo Flu. Quem roubou a cena, porém, foi o lateral Roger Guerreiro.

À época um jovem ala emprestado pelo Corinthians, time no qual ficou marcado por uma expulsão decisiva na Libertadores de 2003 contra o River Plate (quem não lembra do “pega, pega, pega” do técnico Geninho?), o atleta não vivia dias felizes na Gávea. Vinha de uma substituição ainda no primeiro tempo em um jogo contra o Friburguense, do qual saiu vaiado pela torcida, mas ganhou nova chance do treinador Abel Braga.

“Teve aquele problema da Libertadores, eu chutei o D’Alessandro, fui expulso e encostado. Daí chegou o final do ano e o Corinthians queria me emprestar para times do interior para jogar o Paulistão, e eu não aceitava. Veio, então, uma ligação do Júnior, que estava na diretoria do Fla. Ele me chamou para um desafio e eu topei na hora”, lembra Roger, ao ESPN.com.br.

Guerreiro teve seu primeiro momento de brilho naquele Fla-Flu épico. Jean abriu o placar para os rubro-negros, mas Romário, com dois gols e uma assistência, virou a partida para 3 a 1 – tudo isso alguns dias depois de completar 38 anos. Feliz da vida, a torcida tricolor gritava “olé, olé, olé” nas arquibancadas do Maracanã a cada passe.

As provocações, porém, deram força ao Fla, que buscou uma virada improvável. O meia Felipe diminuiu, Roger empatou e fez o gol da vitória, que terminou com a torcida flamenguista cantando o hit de Ivete Sangalo: “Poeira, poeira, levantou poeira”.

“Esse jogo foi incrível. Muita gente lembra desse jogo e nem lembra da final da Taça Guanabara desse ano! A torcida deles já gritava ‘olé’ quando estava 3 a 1, um clima de já ganhou, mas a gente virou pra 4 a 3. Eu sorrio até hoje, fui muito feliz em fazer aqueles dois gols. Também lembro de ter travado um bom duelo com o Léo Moura, que na época estava no Flu, nessa partida”, recorda o atleta, hoje com 34 anos.

“O estádio estava lotado, e esses gritos de ‘olé’ mexeram demais com a gente. O time deles era muito badalado, tinham Romário, Roger Flores, Ramón. Eu vinha de um jogo ruim, não sabia se ia jogar, mas o Abelão me bancou e deu tudo certo. A massa rubro-negra nos incentivou, e os caras ficaram acuados. Lembro que o treinador tirou o Romário e nós partimos pra cima, logo em seguida fiz os dois gols”, lembra.

Herói naquele Fla-Flu, Roger (cujo sobrenome é realmente Guerreiro) ganhou o carinho da torcida rubro-negra, além de apelidos divertidos.

“Até hoje sou lembrado por isso quando encontro algum flamenguista. O pessoal me chamava de ‘Rei do Fla-Flu’ e ‘Super Roger’ (risos). Foi um tempo bem bacana, em que fiz vários gols, mesmo jogando como lateral esquerdo”, ressalta Guerreiro.

O ala também descobriu as inúmeras vantagens de cair nas graças da torcida mais popular do Rio de Janeiro, principalmente quando você é um jovem na flor da idade.

“Nos dias depois do clássico não precisei pagar conta em lugar nenhum (risos). Eu tinha 20, 21 anos, e, quando saía pra algum lugar, nunca me deixavam pagar a conta. Eu ia em um restaurante e aparecia um flamenguista pra pagar pra mim (risos). Até na balada! Eu era bem moleque, ia numa balada ou outra, e sempre me deixavam entrar de graça. Ganhei muita coisa por ‘conta da casa'”, relata Roger, que foi idolatrado até por torcedores famosos do Fla, como astros globais da televisão e da música.

“Teve uma matéria que fizeram comigo na Gávea junto com o Herbert Vianna [vocalista da banda Paralamas do Sucesso]. Fui na sala da presidência e ele estava lá, disse que se emocionou muito com meus gols, aí eu beijei a careca dele (risos). Ele queria até beijar meus pés, acredita (risos)?”, gargalha – Herbert é rubro-negro fanático, e até gravou uma versão do hino do time com Gabriel, o Pensador para CD da revista Placar.

Além daquele clássico, Roger ainda viveria outros bons momentos no Flamengo, e outros nem tanto. No entanto, guarda só carinho de seus curtos tempos com a camisa rubro-negra.

“Quando cheguei à Gávea, tinha uma concorrência muito forte com o Athirson, que também era lateral esquerdo. No começo, a gente alternava, mas depois ele foi para o meio-campo e começamos a jogar juntos, fizemos uma parceria legal. Joguei ainda com caras como Zinho, Felipe, Júlio César, Júnior Baiano, várias feras. Conviver com tantos craques foi sensacional, um momento único”, suspira.

“Foi um primeiro semestre muito bom e um segundo conturbado, fugindo do rebaixamento. Fomos campeões cariocas e eu fiz os gols contra o Flu, mas depois também veio a decepção da final da Copa do Brasil, quando pedemos para o Santo André no Maracanã lotado. Eu até fiz o gol no jogo de ida e mepatamos por 2 a 2, mas aí fomos derrotados depois. Apesar de tudo, foi um ano excelente para mim”, relembra.

Após o fim de seu empréstimo ao time da Gávea, Roger foi novamente repassado pelo Corinthians, desta vez ao Celta de Vigo, da Espanha, que defendeu em 2005.

Seria o início de sua longa passagem pelo futebol europeu, notabilizada pelos anos em que defendeu o Legia Varsóvia, virou ídolo absoluto do clube e inclusive se naturalizou polonês para defender a seleção. Seu maior momento foi o gol que marcou pela Polska na Eurocopa de 2008 – que acabaria sendo o único de sua equipe naquele torneio.

Depois, passou pelo AEK, da Grécia, antes de voltar ao futebol brasileiro. Em 2014, defendeu o Figueirense, voltado à Europa no ano seguinte para jogar pelo Aris Limassol, do Chipre.

No início de 2016, defendeu o Villa Nova-MG com os também veteranos Mancini e Fábio Júnior, e agora veste a camisa do Hercílio Luz, de Santa Catarina, ainda sem planos de pendurar as chuteiras.

“Como moro em Florianópolis, aceitei o convite, porque fica perto de casa e dá para me manter em atividade. Hoje, estou na segunda divisão catarinense, estamos tentando subir o time para a primeira divisão. Tenho vontade de voltar a jogar no Rio de novo, disputar um Carioca… Vamos ver o que Deus prepara para mim ano que vem”, finaliza.

Fonte:ESPN

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  • Lembro muito bem desse jogo, o Roger vinha sendo muito criticado pela torcida mas o cara arrebentou, fazendo gol. Foi inacreditável, o tapetenC era favorito mas com muita raça o Fla foi e virou, lembro dos narradores e comentaristas não acreditando kkkkk!

    Quando o jogador demonstra raça, o manto rubro-negro mostra toda sua mística.

    • Só “Spancando” o Moderador !

  • Aff excluíram meu comentário como spam? não entendi!

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