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Caio Júnior, um técnico com o sonho interrompido muito perto do auge

Pode-se dizer que, antes da tragédia do voo da Chapecoense, Caio Júnior vivia seu melhor momento como treinador de futebol. Contratado em 25 de junho deste ano, estreou com vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro, e conduziu o Verdão do Oeste à final da Copa Sul-Americana. Na equipe catarinense, Luiz Carlos Saroli, após conquistar títulos regionais como jogador, e treinar clubes como Palmeiras, Grêmio, Botafogo, Flamengo e Bahia, buscava seu maior feito como técnico, profissão que abraçou em 1999, no Paraná, depois de se formar em Educação Física.

Antes de embarcar para Medellín, após a derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, na qual o Verdão assegurou o eneacampeonato brasileiro, ele não escondia a alegria por duelar com a melhor equipe nacional, e mantinha o otimismo em obter um bom resultado na primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. E deixou uma frase emblemática:

– Se eu morresse amanhã, eu morreria feliz, pois tudo o que quis na vida eu consegui.

Foram 11 vitórias, 13 empates e 10 derrotas nas 34 partidas em que Caio Júnior comandou a Chape, e deu à equipe um futebol mais dinâmico, procurando deixar poucos espaços ao adversário e sair com velocidade ao ataque. Se como comandante Caio buscava títulos para ganhar mais projeção, como jogador, no mesmo Paraná onde começou como técnico, esse paranaense nascido em Cascavel em 8 de março de 1965 já fora campeão estadual em 1997.

Verdade seja dita: Caio Júnior era um bom atacante. Tinha bom toque de bola, era habilidoso, com presença de área. Não à toa se destacou no Grêmio entre 1985 e 1987. Tricampeão gaúcho, ainda foi artilheiro da competição em 85, com 15 gols. De quebra, depois de algumas temporadas no Vitória de Guimarães, em Portugal, onde ganhou a Supertaça em 1987-88 – atuou também na Estrela da Amadora – , ainda faturou mais um título gaúcho, dessa vez pelo Inter, em 1994. Voltou a Portugal, atuou no Belenenses e retornou ao futebol brasileiro para pendurar as chuteiras campeão, e lá mesmo no Paraná, começar como técnico.

Caio começou a aparecer no Cianorte, quando o modesto clube do interior paranaense aprontou venceu o jogo de ida da Copa do Brasil contra o Corinthians por 3 a 0 – na volta acabou eliminado por 5 a 1. A fama já estava feita. Passou depois pelo Gama e, quando voltou ao Paraná, levou a equipe ao quinto lugar no Brasileiro, classificando-a pela primeira vez para a disputa da Libertadores.

Foi o empurrão para ingressar num clube de ponta. Assumiu o Palmeiras em 2007, e a equipe buscava no fim do Brasileiro uma das vagas para a Libertadores. As pressões pelo insucesso, no entanto, custaram seu emprego. No ano seguinte vestiu verde e branco novamente ao aceitar o convite do Goiás, onde chegou às oitavas da Copa do Brasil. A perda do título estadual para o Itumbiara o derrubou.

Em 2008, Caio Júnior chegou ao Flamengo. Assumiu a equipe justamente após a traumática eliminação da Libertadores para o América do México, no Maracanã, na derrota por 3 a 0, com os gols de Cabañas. O momento era delicado, mas aos poucos o técnico impôs seu estilo. Faltava, no entanto, aquela estrela. Mais uma vez bateu na trave. O time fez boa campanha, mas na reta final perdeu fôlego e terminou em quinto lugar, sem a vaga para a Libertadores. As pressões aumentaram, teve bomba jogada em treino na Gávea. E mais uma vez Caio deixava um clube sem conquistar títulos.

Sair do Brasil era a solução para esfriar a cabeça. Depois de seis meses no Vissel Kobe, do Japão, ele arrumou as malas para o Qatar e lá, finalmente, experimentou o sabor da vitória. Treinando Juninho Pernambucano no Al-Gharafa, ganhou a Liga Nacional, a Copa do Príncipe e a Star Cup. No ano seguinte, aceitou convite do Botafogo em março de 2011. Mas não resistiu até o fim da temporada e caiu em novembro, apesar de o clube ter chegado a viver bom momento na competição.

Dali em diante, na temporada de 2012, Caio Junior emendou sequências sem expressão em grandes clubes como Grêmio e Bahia. E ao assumir o rival Vitória, em 2013, chegou ao primeiro título estadual. O triunfo começou a se desenhar numa goleada por 7 a 3 justamente em cima do Tricolor Baiano na primeira partida decisiva – depois houve empate por 1 a 1.

Demitido após uma derrota para o Criciúma, no Barradão, em 2013, foi com o Tigre catarinense que o técnico assinou novo contrato, e por lá ficou até 2014 quando recebeu convite do El-Shabab, dos Emirados Árabes. Voltou em junho deste ano para assumir a Chape.

Agora, sai de cena no trágico acidente que interrompe uma carreira prestes a realizar o sonho do título de expressão.

Fonte: GloboEsporte

Yuri Sobral

Ver comentários

  • É tudo muito triste. Sem dúvida esse era o melhor momento do Caio Júnior, não apenas pela chance de título, mas também pelo futebol apresentado pela Chapecoense. Voltou realmente renovado de um período de estudos na Europa. Quantos sonhos se partiram nessa madrugada...

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