Você, rubro-negro que não foi ao estádio (de perto é outra história). Como assistiu à vitória do Mengão sobre o América? Com o afinco de sempre ou um pouco relaxado? Tenso, com a musculatura travada, ou mais tranquilo, esparramado no sofá? Esgoelando-se ou apenas resmungou a cada oportunidade que o time abriu mão de criar?
Para todas as perguntas, fico com a segunda alternativa. Meu único porém é o esparramar-me no sofá. Acredito que dá azar. Caso contrário, esparramar-me-ia.
Pois bem. Na mesma sintonia que eu (e creio que muitos de nós) esteve o time do Flamengo. Completamente desencanado. O baque foi grande com os 4 tropeços consecutivos. O hepta virou milagre, o cheirinho foi para o beleléu e ainda está duro lidar com a realidade. Restou-nos a modorrenta briga pelo G3, facilitada pela derrota do Botafogo e pela situação do Atlético-MG. O Galo divide atenções entre Brasileiro e Copa do Brasil, podendo até dar vida a um G4, se conquistá-la.
Como se tudo isso não bastasse, o confronto da noite era contra o lanterna do campeonato, em um Mineirão sem sequer maioridade numérica da torcida local. Difícil buscar motivação diante dessa comunhão de fatores. O problema do Flamengo, nesta quarta-feira, teve muito mais viés psicológico que futebolístico.
O desânimo não bate só no torcedor. Contagia jogador, comissão técnica… E, sem tesão algum, o Mengo foi a campo. Fica claro que o time não passou perto de marcar um gol quando Leandro Damião joga os 90 minutos sem arriscar uma bicicleta.
O Flamengo não criou. Teve uma cabeçada do Damião por cima do gol, uma do Juan defendida facilmente, um chute de – e para – fora do Gabriel, outro do Jorge, e mais um do Jorge – esse de dentro -, que, por falha do goleiro, beijou a trave. Convenhamos que chutar de longe e testar cruzamento, sem perigo, não é lá muito bem criar. Digamos, então, que tivemos chances. Nenhuma clara.
As principais oportunidades foram do América. Paulo Victor salvou o desvio daquele que cabeceia com o ombro: Michael. Mesmo Michael que, cara a cara com o goleiro, furou. Era o Coelho honrando a posição que ostenta na tabela. Quem honrou o vínculo de seu contrato foi Nixon. Teve a faca, o queijo e até o guardanapo para abrir o placar. Mas Nixon é do Flamengo, não podia marcar contra o clube que detém os seus direitos. Bateu para fora.
Mais rubro-negro que Nixon, só Jonas. A cabeçada de Éverton não ia dar em nada. Não ia. Como um dançarino, Jonas girou e desviou para a rede. Em mais uma chance criada pelo América, o Flamengo marcou. 1 a 0, e “mannequin challenge” pra galera.
Vencemos, está bom. Só não vai estar se, em 2017, ainda não tivermos meio-campo. Zé Ricardo terá tempo o suficiente para acabar com essa história de ou o zagueiro lança/sobe; ou Diego tem de voltar para iniciar a jogada. Diego é craque e o Flamengo só está onde está por causa dele, mas não dá para ele ser o responsável por todas as ações do meio-campo sempre que o time tem a bola. Ainda mais em se tratando de uma equipe que geralmente tem cerca de 60% da posse.
Deixemos as críticas mais pesadas para outra hora. Afinal, temos o prazer de sermos do único clube que festeja o aniversário em 72 horas. No dia 17, completamos – de fato – mais um ano de história. No dia 15, comemoramos. E no dia 16? No dia 16, oras, ganhamos o presente. Esse ano quem deu foi o América, de Jonas. Muito obrigado.
Para refletir
Sei que o Mengo nada tem a ver com isso. Mas se Carol Portaluppi não bombasse nas redes, estivesse fora dos padrões de beleza ou fosse homem, teria o Grêmio sido punido com a perda do mando de campo?
Vergonha do STJD, orgulho de ser Flamengo.
Feliz aniversário, Nação!
Marcos Almeida
Fonte: Nosso Flamengo | ESPN
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Concordo com tudo que disse a coluna, do início ao fim. E só não assisti esparramado no sofá porque estava assistindo no bar.