A tragédia envolvendo o voo da Chapecoense, que terminou com a morte de 71 pessoas na Colômbia, paralisou completamente o futebol brasileiro. A comoção geral com o caso, bem no fim da temporada, fez o Flamengo suspender o planejamento para 2017.
– O planejamento ficou suspenso. O mundo do futebol parou. Quem não se sente atingido uma hora dessa é porque é totalmente insensível. Nos próximos dias vamos retomar o planejamento, já era uma coisa que vínhamos falar. Quando se fala nisso, temos que abordar o ano de 2016, e é baseado nisso que tenho que fazer um agradecimento aos jogadores, comissão e funcionários do clube, independente da última rodada, que agora perdeu muito em importância. É tudo muito triste – declarou Rodrigo Caetano, em coletiva no Ninho do Urubu.
Apesar de ter anunciado a renovação com o zagueiro Juan, o Fla também interrompeu, por ora, as negociações com jogadores, sejam em fim de contrato ou possíveis reforços. Com a participação na Florida Cup na berlinda, a tendência é que o Rubro-Negro faça a pré-temporada no próprio Ninho do Urubu, que será reinaugurado no dia 13 com melhorias na estrutura.
– Não temos certeza ainda da participação na Florida Cup. O contrato prevê modificação em caso de força maior. Não tem força maior do que essa. O que o Flamengo fez nesses dois dias foi readequar seu calendário em função de 2016, da última partida, infelizmente com todo esse ambiente, mas para 2017, a reapresentação será na data que for possível, respeitando os 30 dias. E se não formos para a Florida Cup, faremos nossa preparação aqui no Ninho do Urubu. Vamos esperar para ver se existe possibilidade de conciliação com a Conmebol, CBF, enfim. O que é fato é que é inviável conciliar datas. É inviável cumprir esse cronograma. A nível comercial, não temos como informar agora. Caso não viajemos, vamos fazer a pré-temporada no Ninho, que será totalmente entregue no dia 13 já reformado. Vamos priorizar a parte técnica, temos o estadual, a pré-Libertadores, enfim – disse Caetano.
Caetano também não foi assertivo quanto à última rodada do Campeonato Brasileiro – o Flamengo viaja para enfrentar o Atlético-PR, na Arena da Baixada -, após declaração do presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno, de que o Galo não entraria em campo. Havia a possibilidade de demais clubes tomarem essa decisão, mas o diretor-executivo do Fla preferiu não se posicionar.
– Esse jogo tem um contexto totalmente diferenciado (Chapecoense x Atlético-MG). Flamengo segue sua rotina de recuperar os cacos para cumprir a última rodada. Não tenho opinião formada sobre isso. A gente sabe a dificuldade e está tudo muito recente. Nesse caso específico, do jogo, do campeonato, é muito difícil ficar falando sobre isso. É uma discussão muito ampla. Não é da minha alçada, é institucional. Sou profissional do clube e temos que respeitar as decisões e planejar essa última rodada com o panorama que temos agora. Se porventura até agora o presidente e o vice-presidente não avisaram, temos que agora ficar com as informações que temos e seguir trabalhando.
Confira a íntegra da entrevista coletiva de Rodrigo Caetano:
Pronunciamento sobre tragédia
Estou aqui também como representante de todo o departamento de futebol do clube não só para lamentar como também registrar nossa solidariedade a todos os profissionais que infelizmente nos deixaram. Colegas da imprensa que também me considero colega, nossa profissão propicia isso. Profissionais que sempre exerceram sua função com maestria, amigos que considero, lamento demais porque é isso é irrecuperável. Principalmente registrar solidariedade às famílias. Eu tive a oportunidade de como atleta atuar com o Caio (Júnior) e o Cadu (gerente), então, é muito triste. A gente desejaria que nada disso fosse realidade. Estou aqui em nome dos atletas mostrar nosso pesar e solidariedade. Na Chapecoense não havia só grandes profissionais, mas pessoas e seres humanos incríveis. Aqui vai o meu abraço carinhoso a todos os profissionais e famílias.
Florida Cup
Não temos ainda. Contrato prevê modificação em caso de força maior. Não tem força maior do que essa. O que o Flamengo fez nesses dois dias foi readequar seu calendário em função de 2016, da última partida, infelizmente com todo esse ambiente, mas para 2017, a reapresentação será na data que for possível, respeitando os 30 dias. E se não formos para a Florida Cup, faremos nossa preparação aqui, mas vamos esperar para ver se existe possibilidade de conciliação com a Conmebol, CBF, enfim. O que é fato é que é inviável, por ora, conciliar datas. É inviável cumprir esse cronograma. A nível comercial, não temos como informar agora. Caso não viajemos, vamos fazer a pré-temporada no Ninho, que será totalmente entregue no dia 13 já reformado. Vamos priorizar a parte técnica, temos o estadual, a pré-Libertadores, enfim – declarou.
Homenagens
A homenagem ao Victorino (Chermont) é uma homenagem singela, mas justa. Muito pequeno em relação à tragédia, mas o que gostaríamos era nem de estar aqui hoje. Ninguém tem condição de trabalhar. Ontem foi um dia muito doloroso e difícil. Pedimos para o presidente vir aqui, como figura máxima do clube, passar algum tipo de mensagem. Mas não foram só os dois rubro-negros, né? A gente lamenta por todos, tínhamos uma relação bastante próxima com o Mário (Sérgio), ele era diretor-executivo do Grêmio, trabalho que culminou com a Batalha dos Aflitos. Quando ele saiu, ele disse para o presidente que não precisaríamos contratar ninguém, poderiam ficar comigo. E eu, um garoto, assumi isso. São dias que como eu disse, gostaria de não estar tendo como passar. São pesadelos que não gostaria de ter. Como hoje sou presidente da associação dos executivos de futebol, me coloco a disposição para ajudar. Sobre homenagens de camisa e outras ações, certamente o marketing está estudando e vai fazer isso. Não cabe agora falar nisso. Te confesso que não tenho condição de falar nisso. Tem profissionais que vão fazer isso.
Última rodada
Esse jogo tem um contexto totalmente diferenciado (Chapecoense x Atlético-MG). Flamengo segue sua rotina de recuperar os cacos para cumprir a última rodada. Não tenho opinião formada sobre isso. A gente sabe a dificuldade e está tudo muito recente. O que eu gostaria é que aqui, no ano que vem, passados esses dias que sucederam a tragédia, que a Chapecoense vislumbre um futuro, que o Flamengo possa fazer um jogo ano que vem, uma abertura de temporada, enfim, algo a ser estudado. Nesse caso específico, do jogo, do campeonato, é muito difícil ficar falando sobre isso. É uma discussão muito ampla. Não é da minha alçada, é institucional. Sou profissional do clube e temos que respeitar as decisões e planejar essa última rodada com o panorama que temos agora. Se porventura até agora o presidente e o vp não avisaram, temos que agora ficar com as informações que temos e seguir trabalhando.
Planejamento e análise 2016
O planejamento ficou suspenso. O mundo do futebol parou. Quem não se sente atingido uma hora dessa é porque é totalmente insensível. Nos próximos dias vamos retomar o planejamento, já era uma coisa que vínhamos falar. Quando se fala nisso, temos que abordar o ano de 2016, e é baseado nisso que tenho que fazer um agradecimento independente da última rodada, que pode valer uma segunda colocação, mas ela perdeu muito. Esse tipo de balanço, em relação a 2016, cabe aqui agradecer elenco, comissão e funcionários do Flamengo. Foi um ano atípico. Equipe viajando desde janeiro até o início de novembro, convivendo fora do Rio de Janeiro. Temos aqui alguns números. Perdemos 47 sessões de treinamento, 116 dias fora do Rio, imagine, tantos dias de viagem, quanto que isso afeta. Eu não tive nenhum problema de indisciplina, nada, mas quanto isso impacta na nossa vida pessoal e profissional durante esse período. Tem que exaltar e valorizar o ano do Flamengo. O planejamento previa, por orçamento, com o rigor grande que nós temos, a contratação de reforços, e a gente conseguiu durante a competição voltar a ser protagonista. O Flamengo não demitiu treinador, porque o Muricy nos deixou, e aqui hoje temos resultado do trabalho dele, uma figura ímpar, que o Zé Ricardo deu continuidade. Batemos recorde de pontos na história dos pontos corridos e por detalhes ou outros motivos que fugiram do nosso controle, os títulos não vieram, mas temos certeza que estão mais perto do que distante. Houve uma doação enorme dos profissionais, temos quase o dobro de quilometragem em relação ao Atlético-MG, que disputou Libertadores, Fluminense, que disputou Florida Cup e outros times que brigaram na parte de cima, por isso, queria parabenizar o nosso grupo. Tivemos poucas lesões, apenas seis no ano, com ajuda do CEP, numero baixíssimo para quem disputou tantas partidas no ano. Queria estar falando isso com outro semblante, mas como agradecimento. Que o torcedor reconheça na comissão, atletas e funcionários o que eles fizeram. Aqui a gente costuma valorizar apenas os campeões e acaba até escondendo erros. No nosso caso, acho que os atletas são merecedores do reconhecimento do torcedor, que teve toda a autoestima resgatada. Tudo o que teve nos aeroportos e estádios pelo Brasil foi resultado do trabalho, um resultado dessa união e do bom trabalho dos jogadores. Infelizmente teremos que cumprir a última rodada. Vale ressaltar a grande temporada, mesmo que não tenha sido campeão.
Atletas emprestados ou em fim de contrato
Por mais que alguns já tenham ou tinham sua situação preparada no dia 5, o fato que gerou essa mudança é inconteste. Nenhum dos atletas manifestou nada contra isso. O episódio tem uma magnitude tal que impede qualquer tipo de comentário. Em relação aos atletas emprestados ou com vínculos se encerrando, nossas decisões sempre foram internas, assim que tivermos uma decisão, vocês serão informados. Temos uma boa base montada, poucos atletas encerram o contrato, muito poucos em relação aos que vem jogando e nossa posição já foi tornada pública: vamos contratar poucas peças e valorizar nossos garotos da base que ficaram na nossa estufa durante o ano, chegou a hora deles assumirem um papel maior na nossa equipe.
Fonte: Globo Esporte
Tomara que essa interrupção dure até o dia 1° de Janeiro,dia que nos livraremos do MA.
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