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Conca tem uma importância para os chineses que é impensável para os brasileiros

Conca ocupa ou ocupava um lugar especial na galeria de ídolos do Fluminense. O tamanho do carinho que os tricolores guardarão pelo campeão brasileiro em 2010 no futuro é incerto. A passagem do argentino pelo Flamengo, que se inicia nesta temporada em um empréstimo de um ano, vai ser determinante para esta decisão. No Flamengo, o comportamento da torcida nas redes sociais aponta que a chegada do meia foi bem vista pela maioria, apesar das ressalvas quanto à condição física do jogador, que está com lesão no joelho esquerdo.

Na Gávea, as expectativas sobre Conca ainda são incertas. Já na China, entretanto, a dimensão e projeção do argentino transcendem barreiras clubísticas e o colocam em um pedestal maior do que o alcançado por jogadores como o marfinense Drogba ou o francês Anelka, que tiveram passagens pelo futebol do país comunista, entre 2012 e 2013.

Em Xangai, cidade do clube do argentino (o Shanghai SIPG, onde chegou em 2015 um ano após sua segunda passagem pelo Brasil), o rosto de Conca costuma ser utilizado com destaque nos cartazes de divulgações dos jogos do campeonato nacional e em anúncios espalhados pelo metrô. Segundo relatos de jornalistas chineses, a ascensão que vive o futebol do país – capaz de pagar R$ 2,5 mi por semana para Tevez e tirar Ramires do Chelsea – só é possível graças à influência de Conca.

Essa transformação pode ser sentida até na seleção brasileira. Até alguns anos atrás, era impensável imaginar que alguém que estivesse atuando na China poderia ser titular da seleção. Hoje, Renato Augusto, do Beijing Guoan, é homem de confiança de Tite. Para os chineses, isso tudo só aconteceu porque houve um pontapé inicial dado pelo argentino.

– O Conca é um rosto conhecido no mundo todo – disse o repórter Jin Zhuxi, do “Nafang South Daily”, um jornal que circula no sul da China desde 1949, dando uma dimensão inimaginável e até questionável sobre o argentino para os brasileiros. – Ele foi o primeiro grande jogador a vir para a China (em 2011). Depois dele, outros craques viram que aqui existia futebol de alto nível e vieram para cá. Por isso, ele é tão famoso e respeitado pelos chineses.

Em sua primeira passagem pelo futebol chinês, entre 2011 e 2013, quando deixou o Brasil para receber o terceiro maior salário do futebol mundial (à época, atrás apenas de Cristiano Ronaldo e Messi), Conca jogou pelo Guangzhou Evergrande e ajudou o clube a construir uma verdadeira dinastia. Logo em seu ano de estreia, conquistou o primeiro título nacional da instituição. Desde então, são seis títulos consecutivos. Em 2013, ele também protagonizou a inédita campanha de campeão asiático. Até então, a única vez que um time chinês havia vencido o torneio continental, criado em 1986, foi com o Liaoning Hongyun, em 1990. Em 2015, Guangzhou voltou a reinar na Ásia para o delírio do futebol chinês.

– O Shanghai SIPG foi fundado em 2005 e não é tão forte quanto o Guangzhou. Mas, mesmo assim, o Conca fez a diferença. Ele é um jogador muito habilidoso, que distribui o jogo e chega bem na frente. Além da contribuição em campo, ele se preocupa com a evolução dos companheiros e do time. Ajuda a organizar as jogadas e dá dicas aos outros. Dicas técnicas e táticas – comenta o jornalista Ma Zuoyu, do “The Oriental Morning Post”, um jornal de cobertura nacional que tem sua sede principal em Xangai.

A visão de Zuoyu também surpreende. Apesar de sempre ter se mostrado uma pessoa extrovertida no treinamento, Conca apresentava-se muito tímido fora de campo. Já o repórter Chris Xie, do “Wenhui Daily”, que é considerado o maior jornal de Xangai, explica que esse perfil de liderança e, de certo modo, preocupação com a evolução do futebol do país faz com que a figura de Conca não fique apenas dentro das quatro linhas:

– Em Xangai, temos um título dado às pessoas mais influentes do ano. Todos os níveis da sociedade participam. É algo disputadíssimo, e o Conca foi um dos escolhidos no ano passado. Até então, não era comum um jogador de futebol receber essa honraria.

A importância de Conca faz com que os chineses queiram o argentino por perto no futuro. No meio do ano passado, o Shanghai SIPG chegou a fazer um convite para o argentino continuar como membro da comissão técnica do clube após sua aposentadoria da chuteira.

Fonte: O Globo

Coluna do Flamengo

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