“Vítimas” da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Flamengo, Bauru e Mogi das Cruzes estão, até o momento, fora da Liga das Américas. Com a suspensão da entidade brasileira em novembro do ano passado – ao menos até 28 de janeiro -, os clubes e seleções brasileiras estão fora de qualquer competição organizada pela Federação Internacional de Basquete (Fiba). Faltando 13 dias para o início do torneio, as diretorias ainda esperam contornar a situação em parceria com a Liga Nacional de Basquete e a Fiba Américas, mas o tom da conversa não é animador. Cientes de que apenas uma reviravolta pouco provável os traria de volta à quadra, os dirigentes contabilizam os prejuízos e cogitam a ida à Justiça em busca de ressarcimento.
Vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa classifica como um “tiro no pé” a punição aos clubes que são o que “há de bom” no basquete brasileiro. Ele reafirma que as três times trabalham em parceria com a Liga Nacional de Basquete para contornar o episódio, mas está reticente quanto a um desfecho positivo. Lembrando o investimento feito pelo Flamengo para a montagem do grupo visando o título da Liga das Américas, maior objetivo da temporada, acima do NBB, Póvoa diz que o clube está chateado com a Fiba Américas, que por anos foi parceira e agora pouco fez para ajudar.
– Quando montamos essa equipe, era para ganhar a Liga das Américas. O NBB não é pouco, mas é um objetivo secundário esse ano. Infelizmente, de repente, por fator externo a nós, somos impedidos de jogar. Temos a perda direta, de premiações, etc, e estávamos negociando com patrocinadores. Está aguardando uma solução pacífica. O que decepcionou muito foi o fato da Fiba Américas, que deveria ser nosso maior aliado, soltar uma tabela em novembro sem os brasileiros. Não foi uma atitude correta. Vamos brigar até o final. Se não formos incluídos, estudamos todos as ações possíveis contra quem nos prejudicou.
Gestor do projeto do Bauru, Vitor Jacob lembra que o clube buscou a Fiba, mas não teve sucesso. Ele também não crê numa resolução positiva e lembra o constrangimento com os patrocinadores que investiram no projeto contando com uma exposição continental, o que até o momento não irá acontecer. Por isso, Jacob, que sentiu uma certa má vontade da Fiba Américas, vê como caminho provável uma ação contra a CBB, que por ter sido punida por má gestão, carregou os clubes junto com ela.
– O tempo está acabando. Achei que as coisas estavam caminhando bem. Estou muito cético. A falta de transparência da Fiba, que cada hora fala uma coisa… Foi pouco solícita. Fazer um cálculo financeiro é complicado, mas a perda é grande. O campeão recebe US$ 50 mil. Não temos nenhum patrocínio pontual para a Liga das Américas, mas nos causa um constrangimento com os atuais patrocinadores e para uma futura renovação. Sem contar a imagem do clube, a venda de camisas, de mídia. Estamos no limite de esperar alguma solução por parte da Fiba. Porém, sem dúvida nenhuma vamos buscar algo, primeiro contra a CBB. Sou totalmente contra as teorias das conspiração. Gostaria de achar que não. Mas da maneira como foi feito… A Liga das Américas sempre divulga a tabela em janeiro, e agora soltaram em novembro. O campeonato perde o brilho. Do que adianta ser campeão sem Flamengo ou Bauru? – diz.
Secretário de Esportes de Mogi da Cruzes, Nilo Guimarães é um dos responsáveis pela equipe da cidade, que também estaria na Liga das Américas. Para ele, a CBB, que faz uma “gestão pífia”, não pode prejudicar as equipes. Nilo também fala em buscar um ressarcimento pelas perdas por estar fora da competição.
– Não temos muito o que fazer enquanto clube. Estamos apoiados pela Liga Nacional, que está conduzindo tudo de forma correta. O nosso raciocínio é que investimos, vendemos tudo isso para os nossos patrocinadores, e quando alcançamos o resultado que é tão difícil, ficamos fora. O Novo Basquete Brasil está em sua nona edição. Foi uma luta muito grande para fazer um campeonato bem organizado e valorizado. A CBB faz uma gestão pífia, a mesma coisa há 50 anos. O que temos a ver com isso? Fazemos um basquete sério. Conversamos para buscar um ressarcimento. Mas a situação internacional, juridicamente falando, tem componentes que não estamos acostumados. Não é algo que descartamos, mas temos que estudar muito bem. Manter uma equipe de alto rendimento não é fácil, ainda mais nos dias de hoje.