O site da Fiba Américas faz a contagem regressiva para a Liga das Américas. Nesta quinta-feira, 5 de janeiro, faltam 14 dias para o começo da maior competição de clubes do continente. E até o momento o Brasil segue fora do torneio. Flamengo, Bauru e Mogi, apesar de conquistarem na quadra o direito de representarem o país na disputa, estão fora da tabela divulgada em novembro de 2016. A ausência se dá por conta da punição sofrida pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB) junto à Federação Internacional de Basquete (Fiba). Acompanhando o imbróglio de perto, a Liga Nacional de Basquete (LNB), assim como os clubes, não desistiu de contornar a situação.
Presidente da entidade, João Fernando Rossi vem trabalhando na tentativa de reinserir os brasileiros na disputa que começa no dia 20 de janeiro. Desde novembro, quando a Fiba anunciou a suspensão da CBB, o dirigente mantém contato direto com a mandatária do basquete mundial. Até o momento, contudo, não houve movimentação do outro lado, o que preocupa Rossi. Para ele, manter Flamengo, Bauru e Mogi fora da Liga das Américas vai completamente de encontro ao que a Fiba pretendeu ao punir à CBB.
– A curto prazo, temos prejuízo dos investidores e patrocinadores dos clubes, que desejavam e contavam com a participação de suas equipes na Liga das Américas; temos também cerca de 15 milhões de fãs de basquete no Brasil, que acompanhariam e consumiriam a competição; além da mídia brasileira que faria a cobertura do torneio em seus quase três meses de duração.
A médio prazo, imaginamos que essa competição passe a ter um desinteresse por parte das equipes brasileiras nas próximas edições, afinal, tudo que eles conquistaram na quadra foi retirado à caneta. Se a ideia da FIBA é desenvolver e promover o basquete no mundo, retirar as três equipes brasileiras, que realizam um trabalho fantástico no cenário esportivo do país, vai totalmente contra esse princípio. Além disso, temos que considerar que a intervenção da FIBA na CBB visava retomar o crescimento do basquete no Brasil e essa ação, na verdade, está indo na posição oposta do crescimento – garante Rossi.
João Fernando chegou a tentar uma visita à Fiba, na Suíça, onde fica a sede da entidade. Foi desencorajado pela própria e continua em conversas com o interlocutor José Luiz Saez. Não há, contudo, uma posição concreta com relação ao episódio. Apesar disso, ele acredita que é possível recolocar os brasileiros na Liga das Américas, mesmo com o prazo curto para uma resolução.
– Até hoje não tivemos nenhuma posição concreta em relação a isso. Tentamos ir à sede da FIBA, na Suíça, para alinharmos essa questão, no entanto, fomos desencorajados por eles mesmos a irmos para lá e, assim, mantermos nosso contato somente através do Saez. De qualquer maneira, achamos sim possível que a suspensão aos clubes possa ser contornada. A única maneira de resolver essa questão é através do diálogo. As decisões todas estão com a FIBA. Conversamos com o COB, que se mostrou sensível à situação dos clubes e, através do seu presidente Carlos Arthur Nuzman, demonstrou interesse em contribuir. Conversamos também com o Ministério do Esporte e com o próprio Patrick Baumann (secretário geral da Fiba) para mostrar que essa decisão não é justa com os clubes – conta o dirigente.
O sucesso dos clubes brasileiros na disputa da Liga das Américas, inclusive, é visto como um trunfo para negociar uma saída. O Brasil perdeu com o Bauru a LDA no ano passado, mas vinha de três títulos, fora outros quatro na Liga Sul-Americana. Por isso, Rossi vê como um retrocesso a manutenção da suspensão dos clubes que nada tem a ver com o problema de gestão da Confederação Brasileira de Basquete.
– Na última edição da Liga das Américas, o Brasil não venceu o título, mas ficou na segunda, terceira e quarta colocações. Ou seja, como é possível realizar uma competição nas Américas sem a presença de equipes brasileiras, que conquistaram o direito de disputar a edição 2017 do torneio na quadra, jogando basquete? É extremamente injusta essa suspensão aos clubes, uma vez que sabemos que os problemas da FIBA são com a CBB e não com a LNB. A LNB, hoje, tem sua gestão independente e vem contribuindo e muito com o desenvolvimento e promoção do basquete no Brasil.