O Flamengo iniciou a pré-temporada dando sequência a uma filosofia. Além da preocupação com a parte técnica e tática, com treinamentos e busca por reforços para o elenco, a diretoria investiu no trabalho nos bastidores. Aprimorou o CT e apostou no exercício mental com o grupo para obter melhores resultados. Fernando Gonçalves, coordenador de Psicologia, é o responsável pela implementação do sistema no grupo, que, segundo ele, apresentou respostas positivas e está preparado para corresponder às expectativas para 2017.
Entre os pontos listados, o ambiente criado pelos jogadores e comissão mereceu destaque. De acordo com o psicólogo, a maneira como o grupo recebe os novos companheiros e foco durante todo o trabalho resultam numa equipe com espírito campeão.
– A cabeça é de um grupo campeão, sem dúvida. Eles querem muito e têm um propósito. Sabemos que a expectativa é alta, mas com nível de otimismo proporcional. A cabeça do Flamengo hoje é atenta e focada. É um grupo flexível, otimista, que gosta de conviver e cultua as boas relações, o bom ambiente. Aqui os jogadores que chegam são incluídos no sistema. O grande desafio é exatamente desenvolver a tolerância à frustração, a resiliência, porque o vento contra vem sempre na vida. Como fazer para lidar com isso é o desafio.
Mesmo à frente de todo o sistema, Fernando conta com o auxílio de jogadores essenciais dentro do elenco. De acordo com o profissional, Diego, a quem se refere como um “carro de fórmula 1”, é um dos líderes positivos pela consciência adquirida ao longo da carreira.
– Todos os atletas são desafios diferentes. Pega o Diego, ele é um carro de fórmula 1 que sabe claramente os ajustes que tem que fazer. Ele sabe que tem alguns ajustes na função mental e funcional para fazer, nós trabalhamos esse refinamento. Ele tem um nível de consciência muito alta já. O que eu acho importante é o mantra que a gente vê e desenvolve, que é o cara ver vantagem no que está fazendo. Ele só acredita no que estão falando com ele se claramente percebe a vantagem.
Com a chegada do peruano Trauco e do argentino Darío Conca, o Flamengo começa a temporada com seis estrangeiros no elenco (Guerrero, Donatti, Cuéllar e Mancuello completam a lista). Por toda a diferença de cultura, língua e costumes dos países do exterior, a capacidade de “ligar a tecla SAP” vira quase obrigatória para um entendimento entre as partes.
– Uma habilidade que a gente tem que desenvolver necessariamente para lidar com os jogadores é a capacidade de apertar uma tecla SAP e mudar a abordagem de comunicação de linguagem. Se pegar 30 jogadores no elenco profissional, são 30 formas de abordagem diferentes. A diferença de jogadores estrangeiros, incluindo os brasileiros que jogaram no exterior, existe, porque são impactados pela cultura futebolística do país. A gente tem que ficar atento e sintonizado para ter a abordagem de persuasão.
Fonte: GE
Muito interessante essa questão de suportar frustração. É uma característica do jogador brasileiro perder a cabeça em momentos de pressão, a eliminação na copa de 2010 pra Holanda ilustra bem isso: o Brasil jogou muito e dominamos o jogo no 1o tempo, no segundo, um gol do adversário foi suficiente pra desestabilizar a equipe completamente.
O próprio Tite citou em uma entrevista a necessidade de saber jogar quando se está perdendo. Bom saber que isso não está sendo negligenciado no Flamengo.
SRN
Excelente comentário. É isso aí.
SRN