Quinze anos separam o último encontro de Flamengo e San Lorenzo – o adversário rubro-negro nesta estreia de quarta-feira na Libertadores, às 21h45 no Maracanã. Se está viva na lembrança a ressaca de uma taça perdida nos pênaltis – para o Fluminense, na Taça Guanabara -, a final que envolveu o brasileiro e o argentino da Mercosul de 2001 (realizado em 2002, em meio à crise política e econômica do país vizinho) escapou também nas penalidades. Ainda há dois representantes de cada elenco no grupo do Rubro-Negro e do cuervos. Do lado brasileiro, o zagueiro Juan. Do argentino, o meia Leandro Romagnoli.
Aos 35 anos, Romagnoli não viajou para o Rio de Janeiro. Ele passou por cirurgia em setembro do ano passado e ainda precisa aprimorar a forma física. No coração da torcida cuerva Pipi, como também é conhecido, é considerado um patrimônio do clube. Formado nas categorias de base, é referência por sua forte ligação e sobretudo por ter participado das principais conquistas recentes do ”Ciclón”. Em entrevista ao GloboEsporte.com – em procedimento ainda antes da final da Taça Guanabara, o Flamengo não liberou entrevistas exclusivas para veículos de imprensa -, o veterano jogador do San Lorenzo lembrou com carinho daquela final de 2001.
Após o empate sem gols no Maracanã, as duas equipes empataram em 1 a 1 no estádio do San Lorenzo, o Nuevo Gasometro. Na disputa de pênaltis, Juan, ainda um jovem zagueiro de 23 anos, perdeu. Além dele, Roma e Cássio também desperdiçaram para o Flamengo. Do lado argentino, Romagnoli, ainda com 20 anos, fez o seu. Aquele foi o primeiro título internacional conquistado pela equipe.
– Lembro de muitas coisas daquele jogo. A partida foi no velho Maracanã, lembro que estava cheio de torcedores do Flamengo e tinha o Juan do outro lado. Foi muito especial, porque era a primeira final de copa internacional que jogávamos. Encaramos dessa maneira, como final de Copa. No jogo de volta sofremos, saímos perdendo de 1 a 0, depois no fim empatamos e fomos campeões nos pênaltis. Foi para a gente e para o clube uma alegria imensa – diz o veterano.
Romagnoli também é um dos poucos remanescentes do elenco campeão da Libertadores 2014 pelo San Lorenzo. Apesar de ter sido poupado da viagem ao Brasil, participou de toda a preparação da equipe para a estreia. Apesar do respeito ao Fla, Pipi apontou que o momento da equipe não é o melhor no cenário internacional. Mas afirmou que um empate no Maracanã pode ser considerado um bom resultado.
– Sempre assisto ao futebol brasileiro. Flamengo nos últimos tempos não está no melhor momento, mas é obviamente equipe muito grande do Brasil, sempre trata de ter bom plantel, bons jogadores, o que também tem hoje. É forte também nas Copas, jogando no Maracanã. Vamos jogar partida muito difícil e confiamos demais na nossa capacidade. Sabemos que vamos fazer grande partida. O importante é não perder. Se ganharmos é muito melhor, mas empate também está bom. Vamos sabendo que vai ser partida complicada.
Em 2014, justamente ano em que conquistou a Libertadores pelo San Lorenzo, Romagnoli ficou bem perto de atuar no Brasil. Ele chegou a assinar um pré-contrato com o Bahia, foi recebido com festa, vestiu a camisa…mas desistiu. Desistiu do negócio e optou por voltar ao clube argentino. Ao olhar para trás, não há arrependimento.
– Queria ficar no San Lorenzo, tenho família em Buenos Aires, tudo que significa o San Lorenzo para mim, sou torcedor do clube. Tudo isso fez com que eu decidisse, mesmo viajando ao Brasil, ficar aqui. Conversei com os dirigentes do Bahia e eles entenderam minha situação. Depois disso, jogamos o Mundial de clubes, que era tudo o que eu queria. Mas também sei o que significa o futebol brasileiro, você sabe que nunca deve fechar portas. São situações que às vezes não passam pelos jogadores.
O GloboEsporte.com solicitou entrevista com o zagueiro Juan, que jogou aquelas finais com o San Lorenzo, mas, ainda antes da final da Taça Guanabara, o Flamengo avisou que não haveria atendimento para entrevistas exclusivas no departamento de futebol neste período.
Fonte: Globo Esporte