Falecidos em 2011 e 2016, respectivamente, atacantes históricos de Flu e Fla deixam saudade. Camisas 9 clássicos, rubro-negro era fanfarrão. O tricolor, sério e romântico
Como dizem por aí: você, rubro-negro, você, tricolor, diria não a esses homens da charge de Mario Alberto? Ézio e Gaúcho já não estão mais entre nós, mas pertencem ao imaginário de torcedores rubro-negros e tricolores do fim dos anos 1980 e do início dos anos 1990. Os dois faleceram de câncer. Super Ézio foi antes, aos 45 anos, em 12 de novembro de 2011. O atacante campeão brasileiro em 1992 faleceu em 17 de março de 2016. São símbolos de tempos que não voltam mais.
O GloboEsporte.com lembra um pouco dos jogadores de personalidades tão distintas, mas que traduzem bem a brincadeira que ganha a internet. Nutellas jamais. Ézio e Gaúcho eram artilheiros raiz, mas não eram só folclore. Longe disso. A média de gols é impressionante – Ézio marcou 119 vezes em 236 partidas. Gaúcho, 98 gols em 199 jogos. Ou seja, os dois faziam um gol a cada dois jogos. Os presidentes Abad e Bandeira lembram bem.
Bandeira: “Lembro de Piá cruzando, Gaúcho lá em cima e era saco”
– Gaúcho era irreverente, né. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente quando fizemos homenagem a aniversariantes, ele fazia 50 anos, ganhou camisa com número 50. Infelizmente ele faleceu. Mas a lembrança está na cabeça dos rubro-negros – recordou Bandeira, colocando Gaúcho entre os melhores cabeceadores que já viu no Fla. – Não sei se foi o melhor, mas quando me lembro dele, lembro de Piá cruzando, Gaúcho lá em cima e era saco.
Abad: “Super Ézio era meu ídolo”
– Tem Fla-Flus inesquecíveis com Ézio. Tem um 4 a 1 que fez três gols. Ele fez muitos gols pelo clube, tem presença maciça em Fla-Flus. Jogador que admirava muito, era meu ídolo. Não era maior centroavante em técnica que o Fluminense já teve, mas era jogador de muita garra, muita dedicação, e em Fla-Flu não tem nem o que dizer. Jogador que mora no meu coração. Fiquei muito triste pelo falecimento dele. Espero que o espírito dele encarne amanhã no Henrique Dourado para ele fazer gol no Flamengo também.
Gaúcho ator
O vascaíno Chico Anysio teve que aturar Gaúcho tirando onda na “Escolinha do Professor Raimundo”, na TV. Foi logo depois da vitória rubro-negra sobre o Vasco em 1991. Os jogadores do Flamengo no dia anterior foram assistir um espetáculo do comediante, e Gaúcho combinou que se fizesse o gol ia imitar o “seu Boneco”, personagem interpretado por Lug de Paula, filho de Chico. Mas a gozação maior foi do amigo inseparável Renato.
– Gaúcho não poderia ter encontrado um personagem tão parecido com ele. Barrigudo e sem qualquer mobilidade. Se ele é o “Boneco”, sou o professor Raimundo – disse o sempre criativo e modesto Renato Gaúcho, hoje técnico do Grêmio.
Super-herói e bom moço
De estilo mais caladão, Ézio assumiu o apelido colocado pelo narrador da TV Bandeirantes, Januário de Oliveira. O “Super Ézio” virou nome e sobrenome do atacante, que não era, digamos, tão fanfarrão quanto Gaúcho, era o jogador boa praça.
– Ézio não tinha estilo brincalhão, mas muito simpático. Sentava, conversava, gostava de bater papo. Em 30 anos de profissão não lembro de um jogador tão atencioso quanto ele. Atendia a imprensa onde estivesse, depois de derrota. Não importa a situação – recorda Cícero Mello, repórter da ESPN.
O namorador
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Gaúcho, ao lado de Renato, não pensava um segundo antes de responder sobre suposta homossexualidade dos amigos.
– Os homens acham que sou gay. As mulheres provam e gostam – disse, que era cliente assíduo da boate Hippopotamus e considerava a apresentadora Xuxa a mulher mais bonita do país.
Gaúcho provocava Renato e dizia que não ia casar, que preferia a vida de solteiro no Rio, com cerveja, uísque, praia e futebol. O repórter Sergio Américo, com passagem pela Rádio Tupi, Rádio Globo e Bradesco FM, lembra bem das histórias de Gaúcho.
– Todo mundo sabia das noitadas dele, com Renato. Era terrível. Mas depois ele casou com a atriz Inês Galvão, aí sossegou – contou Sergio Américo, lembrando da viúva do ex-jogador.
Romântico
Ézio tinha outro estilo. Mais na dele, mais discreto, ele caiu perdidamente apaixonado ao conhecer uma bela campeã de bodyboard, Isabela Nogueira. Vizinha de apartamento, a surfista conquistou o Super Ézio, que se saiu com esta bela frase de efeito à época.
– Hoje, minha solidão dura o tempo que levo para descer do décimo ao primeiro andar – filosofou o atacante em entrevista.
Artilharia pesada
Os dois jogadores se enfrentaram algumas vezes. No vácuo da saída de Romário e Bebeto do futebol brasileiro, os dois dividiram artilharia por três anos. Gaúcho foi artilheiro em 1990 e 1991, Ézio, de 1992. Na disputa de 1991, Gaúcho provocava.
– Está ruim para o lado deles. Sempre fui artilheiro, não vai ser agora que vão me ultrapassar – dizia.
Ézio, mais político, saía pela tangente.
– Quem está fora do campo pode acabar pensando que sou egoísta e que quero concluir as jogadas sozinho. Acabaria sendo chamado de fominha – ponderava o Super Ézio.
Em meio a breve seca de gols, Ézio foi até a fonte para voltar a marcar. Viajou para Ponte de Itabapoana, cidade natal, para banhar-se na cachoeira.
– Precisava sair um pouco desse ambiente. Águas da cachoeira foram importantes, mas o cruzamento do Márcio e a deixada do Renato também – disse, dividindo o mérito pelo gol com companheiros do Fluminense.
Fonte: Globo Esporte
Gaúcho era o terror na bola levantada na área.
Esse é o único Gaúcho que a nação respeita… Cabeceador nato!
Gaúcho era F…!
Todos os descontos para aquela vez em que ele pegou penal defendo o Parmera.
Teve um jogo em q o Gaucho, aproveitando cruzamento do Paulo Nunes (era um balão e nao um passe), marcado, soltou um tiro de cabeça de fora da grande área…impressionante. Golaço!