Rocha: “A aula de futebol coletivo do Fluminense que só se concretizou nos pênaltis”

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A leitura do clássico do Engenhão que, em futebol e emoção, redime o futebol carioca depois de tantas crises e agruras e não merecia torcida única ou portões fechados parece bem clara: com o suspenso Douglas e o lesionado Gustavo Scarpa em campo, dificilmente o Flamengo teria levado a decisão da Taça Guanabara para os pênaltis.

Você viu que o Fluminense de Abel Braga já sinalizava um futebol envolvente, ainda que os adversários no Carioca e na Copa do Brasil se mostrassem muito frágeis. As ações ofensivas do 4-1-4-1 tricolor aconteciam naturalmente com mobilidade, triangulações, o jogo entre linhas chamava atenção.

No Fla-Flu, os desfalques apresentaram uma vantagem na prática: com Wellington Silva invertendo o lado para a entrada de Richarlison e sendo transferido para o setor direito, o time ganhou uma dupla de velocidade e intensidade para cima de Trauco sem o auxílio constante de Everton.

Mas Wellington começou a desequilibrar no primeiro contragolpe que deixou claro que seria muito complicado para a retaguarda do Fla conter a rapidez das transições ofensivas do rival. Especialmente na recomposição das bolas paradas a favor. Arrancada, Pará escorregou e o ponteiro saiu na cara de Muralha.

A resposta do Flamengo acontecia nos cruzamentos. A equipe de Zé Ricardo foi a antítese do Flu. Lenta, engessada, sem profundidade e criação. Diego novamente foi importante pela experiência, liderança, personalidade. Mas é difícil criar espaços com um meia que não tenta um passe vertical furando linhas de marcação.

Restavam os cruzamentos. Assim saiu a virada, com Arão e Everton. A defesa do Flu ainda não havia sido vazada no Estadual, mas em outras partidas, principalmente na semifinal contra o Madureira, mostrara muitos problemas com o jogo aéreo.

Mas curiosamente foi num cruzamento despretensioso que o Flu achou um pênalti no toque de Guerrero, quando a atmosfera no Engenhão era favorável ao rival. Henrique converteu e inverteu as forças. Em nova recomposição lenta e desorganizada, a defesa rubro-negra viu Lucas aparecer à frente de Muralha. Passe vertical de Wellington que Diego e Mancuello não encaixaram, sequer tentaram ao longo da partida. Virada.

O segundo tempo foi de controle tricolor, fechado num 4-1-4-1 com entrega e concentração sem a bola e saídas rápidas pelos flancos, no ritmo da dupla equatoriana Sornoza e Orejuela, atuando mais adiantado com a entrada de Pierre na vaga de Douglas.

As trocas de Zé Ricardo demonstravam mais desespero que um plano de jogo. Berrío e Gabriel nas pontas, depois Vizeu na área do Flu com Paolo Guerrero e Everton deslocado para a lateral esquerda. Rondou a área, mas com um paradoxo: jogadores velozes, mas pouco (ou nada) criativos, para abrir a defesa. E Diego mais recuado na articulação. Com espaços, apareceu em chutes de longe e alguns bons passes. Mas nenhum que quebrasse o bloqueio.

Abel tentou minimizar a pressão e acelerar os contragolpes reoxigenando o meio e o ataque com Calazans, Marquinho e Marcos Junior. O desgaste da viagem a Sinop, da volta de ônibus e da necessidade de buscar a virada por 3 a 1 na Copa do Brasil era nítido.

A bola parada salvou o Fla. O goleiro Julio César, seus companheiros, o Engenhão e quem estava assistindo na TV esperava a cobrança de Rafael Vaz. Guerrero surpreendeu com um toque magistral, digno dos melhores no ofício.

Empate que não refletiu o que foi o jogo. Ainda que o Fla tenha controlado a posse (53%) finalizado 16 vezes contra 12 – sete a seis no alvo. O Fluminense teve fluência, jogadas mais agudas, trabalho coletivo. Chances mais cristalinas. Ideias.

Uma aula de futebol moderno que só se concretizou nos pênaltis. Quatro cobranças precisas do lado tricolor. Do rubro-negro, algo atípico: este blogueiro não se recorda de uma equipe escalando os dois zagueiros para bater penalidades na primeira série. Coincidência ou não, Rever atrasou para Julio César e Rafael Vaz bateu para fora.

Fluminense campeão do primeiro turno. A má notícia é que desta vez se vencer o returno, mesmo assim haverá fase final. Obra do regulamento esdrúxulo. O Flamengo agora deve focar na Libertadores. E há muito a melhorar para a estreia contra o San Lorenzo na reabertura do Maracanã na quarta-feira.

(Estatísticas: Footstats)

Fonte: André Rocha | UOL

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  • Pensando melhor, começo a ter a nítida impressão que por algum motivo obscuro esse jogo foi marmelada.
    Isso de nossa defesa ficar sempre fora de posição e a barreira do Flu dando brecha pro empate e por último a entrega clara dos zagueiros nos pênaltis (porque zagueiros?)

  • Comentaristas de futebol conseguem enxergar coisas que ninguem consegue. Dizem que foi uma aula de futebol, que o Fluminense envolveu o Flamengo, que o Abel deu nó no ZR… VSF! qual foi o placar do jogo? 5 x 0 Fluminense???? a poha do jogo foi 3 x 3, o tricolete se fechou na defesa e jogou no contra ataque com medo do Flamengo. Ganharam nos penalts… Não vejo nada demais nisso. SSRN

  • Comentarista do dia seguinte… Fla não jogou bem, e ainda assim meteu 3 gols. Fluminense teve seus méritos, mas o Fla mais perdeu para si mesmo que para o flor. Longe, muito, mas muito longe de ter sido uma aula

  • Choque de realidade é sempre bem-vindo, principalmente antes das competições mais importantes, eu diria que foi um teste que não passamos antes da prova final. O Zé vai ter que rever alguns pontos.

    SRN #LevanteESacodeaPoeira

    • Tambem acho, mas ele precisa primeiro reconhecer que o esquema tatico não pode ser eterno, coisa que ele ainda não consegue entender. Outra coisa me preocupa, o time parece se afobar e ainda não parece pronto para as decisões de mata-mata, espero estar enganado, porque Liberta é tiro curto, e mata-mata o tempo todo.

  • Esses comentaristas mais limitados são sempre assim: depois que o jogo acontece, vêm dar uma de Mãe Diná. Falam que o resultado era previsível, que já sabiam o que ia acontecer, que o Fluminense já vinha jogando mais que o Barcelona e que o Flamengo nunca enganou, sendo que antes do jogo toda a imprensa colocava Flamengo e Palmeiras como os dois times mais fortes do país.

    Pior que esses caras enganam e continuam ganhando seus salários para fazer um trabalho que não acrescenta rigorosamente nada.

  • Futebol do fluminense era previsível desde antes do jogo começar. Tendo Wellington Silva veloz e driblador e Richarlisson do outro lado e tendo Abel como técnico tava na cara q o jogo do fluminense seria no contra ataque. O Flamengo q caiu de bobo colocando um zagueiro no ataque e apenas dois homens atrás. Fluminense simplesmente desarmada o Flamengo no meio ou pegava uma bola rebatida e lançava pros homens de frente do fluminense, geralmente três, se acharem diante de uma defesa completamente exposta do Flamengo. Não houve aula tática nenhuma a não ser uma péssima recomposição e um péssimo dia da defesa do flamengo

  • Nao concordo com tudo que vc disse… O fla nao levou uma aula do flu nao, ta certo que demorou um pouco pra entender a estratégia do flu, mas levamos dois gols de contra ataque em que nossa zaga estava na área adversária… no segundo tempo criamos oportunidades fizemos o gol de empate e ainda teve chance pra virar o jogo em duas oportunidades claras de gol com vizeu e berrio… Acho que os pênaltis foi mais uma decepção do flamengo do que a concretização de aula do fluminense.

  • Esses caras só falam besteira, então o que o Madureira fez com florminenC no sábado passado era aula do PC também?

    • Madruguinha,
      O que esses comentaristas não dizem é que se o Wellignton jogasse a partida que fez ontem normalmente estaria cotado para seleção ou mercado asiático.
      Richarlysson fez também uma partida muito acima do que faz normalmente. Isso sem contar a entrega em campo dos dois e do Sornoza que acopanhavam na marcação até a linha de fundo de suas defesas.
      Mais engraçado é saber que o time do Fluminense encaixou porque o Scarpa, normalmente um dos seus principais jogadores, não jogou.
      Mudando de assunto para estrangeiros, esse Sornoza, se mantiver esse nível de atuação, poderá ser considerado a contratação estrangeira do ano. Espero que o Berrio possa se adaptar ao Flamengo tão rapidamente quanto o Sornoza o fez ao Fluminense.
      Por fim, os comentaristas “profissionais”, de uma forma geral, fazem seus corolários baseados em instantes de tempo. Raríssimos são aqueles que buscam a campanha do campeonato para embasar seus comentários.
      SRN

      • Esse sornoza joga muita bola, mas no jogo conta o Sinop, quase entregou o caldo e outra quando jogam contra mengao dão a alma. Ontem nossa marcação foi frouxa sim, coisa que não vimos contra o Vasco da gama. O time jogando mal empatou o jogo, se jogasse bem ganhava, no ultimo minuto vimos o berrio quase marcar.

        • É esse o X da questão; contra o Fla, não jogam apenas mais um partida, jogam ressentimentos, vontades, onde até na preleção, técnicos procuram tirar qualquer responsabilidade, onde apelam mais pelos brios, pela oportunidade que a vida está lhes dando de confrontar a nossa torcida, e o Abel não deve ser diferente. Quer exemplo melhor que esse W.Silva?. Junte-se a tudo isso, o comportamento de certos cronistas, como o do post em questão, que não conseguiu esconder a empolgação com a vitória do nosso adversário nos pênaltis.
          SRN

          • O time completinho do flor tomou sufoco do Madureira, mesmo com 11 em campo antes da expulsao, ou seja, os caras entraram para ganhar do flamengo como se fosse o ultimo prato de comida. Nós náo entramos com esse espirito de vencer a qualquer custo.

      • O Sornoza é bom jogador, mas teve muito espaço pra jogar ontem. Comentei isso em outra matéria. Sempre que recebia a bola ele tinha liberdade pra dominar, olhar ao redor e dar o passe sem que a marcação pressionasse. O Fluminense, ao contrário, marcou em cima nossos principais organizadores.

      • Excelente comentário André!

  • Eu acho a leitura errada porque mesmo o Scarpa sendo mais cerebral que os companheiros, os outros sao mais velozes. E foi justamente essa velocidade que fez com que o Fluminense ganhasse. O Flamengo deixou os corredores livres para que o time do Fluminense fosse tão incisivo.

    • Se o scarpa jogasse, o jogo seria muito mais na técnica que na velocidade.
      Ou seja, os velocistas não teriam destaque.

  • menos, muito menos vai…

    • Esse André Rocha comenta sempre a mesma coisa e curiosamente só publica análises quando o Flamengo joga mal. Já nem dou mais bola.

  • Eu venho observando os jogos do Flamengo o qual está invicto, mas mesmo assim eu ja estava com um pé atrás, jogamos contra times reservas ou times pequenos e quase sempre sofriamos pressão!! Amigos, os gols quê sofremos do fluminense é inadmissível, um elenco quase que na totalidade ja jogam juntos uma cara, poxa, o cara praticamente veio com a nola de uma intermediária a outra, a zaga não era um buraco e sim uma cratera, parece que não treinam posicionamento!!! Pra mim o problema está no banco e chama se Ze Ricardo, pois o nosso elenco é bem superior ao do flu, era jogo pra ganhar até com serta facilidade visto o tempo que este time joga junto além de tudo.

  • Péssima análise, primeiro, se um comentarista coloca no texto, ou fala “Se” fulano ou “Se” siclano estivesse jogando, já não entende de futebol, por que cada jogador que não entra ,ou entra, já muda totalmente a história do jogo, Scarpa cadência demais o jogo, é sempre procurado as vezes os melhores colocados não receberiam as bolas , e outra, Scarpa erra mtts passes ou seja, estou cansado dessas cabides de emprego no futebol, só pq um cara jogou, não quer dizer que entende de futebol. Péssima análise de um péssimo comentarista, gols de contra ataque de um único jogador, carrega bola, não é futebol coletivo, muito menos aula do mesmo.

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