Paolo Guerrero é um dos principais jogadores do Flamengo neste início de ano. Após algumas críticas em anos anteriores e sofrer para se adaptar ao Rio de Janeiro por causa do forte calor, o peruano tem vivido bons momentos pelo clube da Gávea em 2017, tendo inclusive o maior início de temporada na carreira.
Em entrevista ao globoesporte.com, o atacante rubro-negro fala sobre o atual momento no Flamengo, início da carreira, do clássico contra o Vasco e muito mais. Confira:
Você voltou do Peru, com dois gols, um deles muito importante contra o Uruguai, e soma nove em 2017 em 12 jogos. O ano tem sido especial tanto no Flamengo quanto no Peru?
Eu não acho que seja tão especial. Espero que seja melhor ainda. Sempre trabalho para estar bem, graças a Deus neste ano me preparei para estar bem. As coisas estão acontecendo como eu imaginava. Ao final do ano quero ver quais objetivos consegui para fazer minha autoavaliação que sempre faço em todos anos. Agora estou me sentindo bem e as coisas estão saindo do jeito que planejei. Acho que poderiam ser até melhores, mas ainda falta muito e estou treinando e me preparando para essas semifinais que vamos pegar agora. Estou trabalhando muito forte para encarar esses jogos com alta intensidade, porque temos o objetivo de ganhar tudo nesse ano.
Durante a Copa América de 2016, falamos com um profissional de saúde que te acompanha há um tempo. Contou que você perdeu peso, ganhou massa muscular e se equilibrou mentalmente. Isso fez diferença no seu desempenho?
Recentemente falei dos trabalhos que estamos fazendo aqui no Flamengo. A gente tem uma academia muito boa, a preparação mudou muito, e acho que todo mundo está se sentindo bem, não só eu. Fisicamente estamos correndo muito bem.
Um colunista do jornal inglês “The Guardian” disse que você estaria no Barcelona se fosse brasileiro, argentino ou uruguaio. Foi um elogio, evidentemente. Você concorda? Se coloca entre os melhores atacantes do mundo?
Eu não estou vendo se estou ou não (entre os melhores). Só tento fazer o meu melhor. Para isso, tenho que me preparar bem. Senão eu não consigo estar feliz. Se não estou bem fisicamente, não consigo render o que posso. Graças a Deus, estou muito bem, me adaptei a esse calor. Não é fácil jogar nesse calor. Morei na Alemanha 10 anos, lá era frio e tinha neve. São Paulo às vezes sai um calor assim, mas não é tão abafado quanto o Rio de Janeiro. Demorei muito a me adaptar a isso, mas graças a Deus me acostumei e encaro os jogos de forma tranquila e sem problema algum.
Sábado vocês enfrentam o Vasco. É o único time que você não fez gol entre os grandes rivais do Rio de Janeiro. Isso te faz alguma falta?
Não sinto falta. Só quero ganhar (do Vasco).
Luis Fabiano deu entrevista bem-humorada quando chegou, lembrou que era mais velho e tinha mais gols que você. Como é essa relação? Vocês já se enfrentaram algumas vezes né.
Nos enfrentamos muito mesmo. Já ganhei muitas vezes dele (risos). Podem ver as estatísticas: quem ganhou mais jogos. Ele pelo São Paulo, eu, pelo Corinthians. Mas não quero discutir quem ganhou mais. Vejam nas estatísticas (risos).
Nota da redação: são 10 confrontos entre Guerrero e Luis Fabiano – nove pelos clubes, um pelas seleções. Guerrero venceu cinco vezes Fabuloso no clássico Corinthians x São Paulo, contra duas vitórias de Luis Fabiano e dois empates nos confrontos paulistas. Brasil e Peru empataram por 1 a 1, em Lima, em 2007. Nos confrontos, Guerrero marcou três vezes, e Fabuloso, duas.
Está com saudade de encontrar o zagueiro Rodrigo?
(Risos) Ah, essas rusgas que a gente tem em campo são legais, são fortes… Já falei para ele no último jogo, “não vai botar a mão aí que você vai ser castigado, vai ser punido, hein”. Aí ele fica: “é verdade, verdade”. Mas já tivemos um papo legal agora.
Você falou que “botou a mão aí”. Aonde?
Cara, vocês já sabem o que ele gosta de fazer. Aí eu falei para ele, “cara, você é viado?” (risos).
Você parece mais adaptado ao Rio. Já está até com cavalos por aqui também.
Tenho três. Eles até já estrearam. Faltam correr ainda outros.
E quais os nomes? Em São Paulo, você colocou alguns em referência ao Corinthians. Pacaembu, Coringão…
Aqui no Rio é difícil mudar o nome. No Peru, por exemplo, eu tenho o “Rubro-Negro”. No Peru quando você compra, pode botar o nome. Aqui tem que pagar uma taxa pra mudar o nome.
É comum aqui no Rio vermos senhores de idade apostando no Joquéi, em casas de apostas. O Guerrero vai ser assim no futuro?
Meu pai que é assim. Eu não aposto, eu vou ver as corridas dos meus cavalos. Os cavalos são como a minha família. É como o meu filho jogando bola que vou assistir.
Você tem relação muito bonita com a dona Peta, sua mãe. Como é essa relação?
Tenho relação forte com meu pai também. Com os dois. É que minha mãe é muito protetora, como se fala aqui é mãe coruja. Sou muito ligado aos meus pais, estou sempre falando com eles.
Dona Peta contou que o Gerd Müller, ex-craque alemão, que o treinava no Bayern de Munique, o presenteava com chocolate a cada gol. Aprendeu muito com ele?
Aprendi muita coisa. Fazia as finalizações com ele e trabalhávamos muito cruzamento de cabeça. É uma pessoa muito legal, muito tranquila. Ele era assistente do meu treinador, o Hermann Gerland e que era assistente do Guardiola. Os dois me ensinaram muita coisa.
Você ainda tem esse costume de comer chocolates depois dos gols?
Eu gostava nessa época, o frio te faz comer chocolates (risos). Aqui no calor não.
O que mudou no Guerrero da Alemanha, aos 17 anos, para o de hoje, de 33?
Eu era mais moleque, mais menino e muito mais novo. Cheguei muito jovem no Bayern de Munique. Agora tenho 33 anos, acho que amadureci muito. Dentro do campo também há muita diferença, me sinto mais experiente. Mas sou o mesmo, tento ser mais brincalhão com meus companheiros, sempre estou zoando mais os moleques, que ficam mais bravo, mais p… eu ia falar… (risos). Isso não mudou.
No fim de sua passagem pelo Hamburgo, houve dois problemas: você jogou a garrafa num torcedor (veja acima) e deu carrinho forte no goleiro. Por que teve essas atitudes?
A falta não foi nada. Dei um carrinho, e o cara continuou jogando depois. A garrafada, o cara me xingou, era uma pessoa racista. Eu havia machucado o joelho e fiquei oito meses sem jogar. Entrei só 10 minutos, porque era o segundo jogo depois da lesão. A pessoa começou a me xingar, porque eu era de cor. Nessa época tinha pouco latino. Ele estava me xingando muito, e eu estava com muita raiva, então eu fiz isso.
Seus filhos moram na Alemanha né?
Diego e Alessio moram na Alemanha. Minha filha (Naella) mora no Peru. Com Alessio eu estive em dezembro. Ele foi me ver e ficou um tempo comigo. Diego é mais velho, já viaja sozinho, está vindo agora. A gente ia passar o Natal e Ano Novo junto, mas ele não conseguiu vir. Mas agora vem porque tem férias. E toda vez que vou ao Peru, estou com minha filha.
É a parte mais difícil da profissão? Deve sentir muita falta deles.
Muita (falta). Mas toda vez que estou perto deles tento dar 100%. Não estou para ninguém mais. Muitas vezes as pessoas não entendem isso. Por exemplo, quando vou ao shopping com minha filha. Todos querem tirar foto. Eu falo, “me desculpa.” Tento tirar uma ou duas fotos. “Quero dar 100% de atenção para minha filha.” O pessoal muitas vezes fica chateado.
O que sente falta de não ter feito na vida por começar a carreira tão cedo e fora do país?
Meus amigos na escola sempre saíam, iam para festas de 15 anos, lá se diz “Quinceañera”. Eu não ia. Mas eu não sentia falta. Eu não ia porque não queria. Queria ficar focado no futebol. Não me arrependo de nada. Já me privei de muita coisa, mas porque queria. Não porque alguém me exigia.
O filme da sua vida inspira muitas crianças no Peru. Em quem o Guerrero se inspirava?
Sempre tentei focar nas coisas que o Ronaldo Fenômeno fazia. Era minha inspiração. Não fui assim de ter pôster na parede, mas os jogos que tinham dele, sempre assisti.
O auxiliar do Gareca disse à imprensa argentina que chegou a sugerir sua ida para o Boca Juniors num momento ruim seu pelo Flamengo. Houve algo disso?
Não acompanho muito a imprensa. Não falaram comigo e não leio imprensa. Não assisto televisão. Se assisto, é jogo do Flamengo.
Mas pensou efetivamente em sair em algum momento do Flamengo? Você parecia chateado. Houve cobranças de torcedores também e irritação sua em jogos. Houve a procura da China recente também.
Nunca tentei sair do Flamengo. Sempre chegavam propostas, isso eu sabia. A gente (ele e os empresários) discutia isso. Mas minha intenção sempre foi ficar aqui. As outras ofertas que já tive, inclusive quando cheguei aqui, 20 dias depois, discutimos. Mas nunca foi algo que chegou perto de acontecer. Afinal de contas, fiquei aqui.
Você tem escrito muito “Mengão” nas redes sociais. Hoje, você é mais íntimo com a torcida, com o clube, com a história do Flamengo?
É porque eu escuto muita gente “vai, Mengão, vamo!” (grita), então eu também chamo assim. É uma coisa carinhosa para o clube. “Vai, Mengão” eu também chamo.
A gente percebe, nesse papo, o quanto você já está mais à vontade no Flamengo. No futuro, você quer ser lembrado como o Guerrero do Flamengo, como ficou marcado no Corinthians?
Não estou pensando nisso. Eu não sei. Não sei nem se vou ser lembrado também. Não fico realmente pensando nisso.
Você tem contrato até metade de 2018. O Flamengo já manifestou desejo de renovar com você? O que você está pensando neste momento, em ficar, sair?
Não sei, meus empresários que veem isso. Claro que gosto de estar aqui, gostaria de ficar aqui. Estou muito feliz, já estou carioca. Falando carioquês (risos). Mas eu deixo isso com meus empresários, procuro focar só no futebol, não dou muita atenção para isso (renovação), porque acho que depois pode desconcentrar, fica pensando em outra coisa… Tento focar numa coisa só, que é treinar bem e jogar bem.
Guerrero ouve mais sertanejo ou reggaetown?
Reggaetown. Mas gosto dos dois. E tem o funk também, que curto um pouquinho (risos).
Por fim: o que te encorajou a bater falta? A gente via você treinando e batendo muito bem faltas, mas no jogo não batia.
Na verdade, sempre fui assim. Todo mundo pega a bola, todo mundo quer bater falta. E eu não gosto de brigar muito no campo (com meus companheiros). Gosto de brigar com os zagueiros, esse é o meu trabalho, mas com meus companheiros não. Quero que eles se sintam bem comigo, tenham confiança. Quando alguém pega a bola, não reclamo. Mas agora estão me cobrando muito: “você tem que bater, tem que bater, tem que bater”. Meus companheiros falam também: “pega a bola e bate”. Então hoje eu pego a bola para bater. Mas não gosto de discutir dentro do campo.
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Ta jogando muito, só falta títulos para cororar! Libertadores quem sabe...
Título? D libertadores? Kkkkkkk chama o tanque!! Aí de repente quem sabe!!! E é só 100000 em!!!! 8 X menos!!! SRN
Bom dia
Concordo mais um ano sem titulos
Talvez nem o carioca pelo que eu tenho visto.
Com esse aprendiz de tecnico.
O futuro dirá...
Você gostaria de ver esse tanque no Flamengo? Eu não!...
Eu tbm não!! Mas entre ele ganhando 100000 e conseguindo fazer gol pela libertadores e guerreiro ganhando 800000 e não conseguindo nenhum a não ser carioca eu prefiro o tanque pelo custo benefício!!! SRN
Porisso que vou compra a camisa do guerreiro esse cara é mito
É uma excelente pessoa, um exemplo. E joga muito. Tenho uma camisa dele, pena que a Adidas anda vacilando e o nome soltou.
Vai ser muito importante esse ano, se acertar a zaga eu acredito em título.
E não me venham falar de técnico, o Andrade ganhou o Brasileiro pq os jogadores tomaram as rédeas, com esse elenco com jogadores como Diego, Rever e Guerrero, se eles estiverem realmente focados ninguém segura. E o Zé é o tipo de técnico que aceita ideia de jogador.
Saudade de ver o Guerrero jogando
Quem já viu ele "ao vivo" no estádio sabe o quanto ele briga pelo time! É a raça que todo torcedor rubro negro gosta de ver!
Melhor camisa 9 depois do Adriano.
Boa entrevista Guerrero. Rumo ao mundial.