Coluna do Flamengo
Tornadas públicas nestas semana, as delações de ex-executivos da Odebrecht admitiram uma série de atos de corrupção em relação ao Maracanã: fraude na licitação, pagamento de propina pela obra, suborno pela concessão. Diante dessas revelações, não dá para considerar aceitável que a empresa tenha direito de vender sua concessão e ainda sair com R$ 20 milhões do estádio. Nem dá para admitir que o modelo viciado de PPP seja mantido com poucos ajustes com outra empresa.
Vamos aos fatos. Foram cinco delações de ex-executivos da Odebrecht envolvendo o Maracanã. Um dos ex-executivos aponta que o edital de obra já foi armado para a empresa vencer. Depois, outros membros da construtora indicam pagamentos de propina ao ex-governador Sergio Cabral durante a obra.
O valor da obra saltou de R$ 400 milhões previstos incialmente para R$ 1,2 bilhão. Uma parte deve-se a exigências esdrúxulas da Fifa, mas há indícios de superfaturamento apontados pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Tribunal, por sinal, que perdeu a credibilidade ao ter seis membros presos.
E foi a um membro desse tribunal que o ex-executivo da Odebrecht João Borba Filho afirmou que teria de ser pago propina para liberar o edital de concessão do estádio, segundo delação do próprio. O edital foi moldado de acordo com instruções de empresa de Eike Baptista, outro preso por relacionamento impróprio com o governador. Borba Filho tornou-se o presidente da empresa gestora do Maracanã.
Essas delações geram um inquérito e uma apuração para conferir se é tudo verdade. Mas não dá para o governo do Rio aprovar uma venda de uma concessão que todos os indícios de ter tido fraudes do início ao fim. Se a própria Odebrecht admite ter pago propinas, é muita cara de pau que a empresa ainda se ache no direito de lucrar com a venda.
A Odebrecht já tem um acordo de venda para a empresa Lagardère. Agora, depende de um aval do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, para concretizar o negócio. Ora, o próprio Pezão é acusado por ex-executivos da construtora de receber dinheiro ilegal – ele nega. Sob grave suspeita, como pode conceder o estádio por mais 30 anos e beneficiar a Odebrecht?
Não está aqui se questionando o direito de a Largadère almejar ter o estádio. A empresa tem lá os seus problemas, mas a outra concorrente GL Events também tinha. Nada que as impedisse de assumir a gestão já que é uma empresa francesa grande com o capital, e know-how na área de gestão de estádio.
Mas um acordo confidencial com a empresa que corrompeu todo o processo do Maracanã não é a forma ideal. A própria Lagardère sabe os males de concorrência desonesta já que foi prejudicado e ficou em segundo na disputa para o Maracanã perdendo para Odebrecht.
E as regras de concessão que valeriam para a Lagardère são exatamente as mesmas do edital de licitação viciado por pagamento de propinas pela Odebrecht. Essas normas têm que ser todas revistas porque não foram feitas pensando no bem público, mas em favorecer a empreiteira que comprou quase todos os políticos do país.
Uma prova de que esse modelo fracassou é que nem a Odebrecht, que alega ter pago propina a todos os grandes nomes do governo do Estado, conseguiu ganhar dinheiro no estádio. É hora de sentar com os grandes clubes do Rio, realizar audiências públicas, discutir com a empresários e estabelecer um modelo transparente para uma nova concorrência para o Maracanã.
”Ah, vai demorar e o estádio vai se deteriorar porque o governo não tem dinheiro”. A verdade é que o Estado teve muito tempo para fazer uma licitação já que esse imbróglio se arrasta há mais de um ano. Contratou consultoria da FGV com esse fim, e nada fez. É hora de sair da letargia e fazer um processo sério e transparente para a população.
Enquanto ele não se concluir, o governo pode estabelecer um modelo de emergência para gestão e manutenção do estádio que envolva os clubes, seus principais usuários. Que tal sentar com Fluminense, Flamengo e Vasco e discutir a viabilidade de uma solução provisória (o Botafogo tem o Engenhão)? Uma parte da renda dos jogos e shows poderia ser usada para manutenção.
Essa é só uma ideia, deve haver outras melhores. O mais importante é que, após tudo que se ouviu das delações, o primeiro passo do governo tem que ser buscar a expulsão da Odebrecht do estádio na Justiça sem direito a receber nada. E depois se construir um novo futuro para o Maracanã. Não dá para quem corrompeu quase todo o país ainda ter direito a participar da decisão sobre quem fica com um patrimônio público de R$ 1,2 bilhão e tão importante para o povo carioca.
Fonte: Rodrigo Mattos | Uol
21 Comentários
Se o MP não fizer nada, cabe a qualquer cidadão propor uma ação popular e anular a concessão do Maracanã à Legardere.
Se todos os desembargadores do Estado do Rio não fossem comprados isso já teria sido resolvido!
É isso aí, escrevi isso aqui ontem. O Rodrigo Matos tem sido um dos jornalistas mais atuantes na causa do Maracanã, se essa concessão for cancelada será também graças as matérias dele acerca do assunto, no âmbito geral a grande mídia só diz que o que está acontecendo está errado, que é um desperdício do dinheiro público, que o Maracanã deve ficar aberto e um monte de lugar-comum; ainda bem que existem jornalistas sérios que em vez de se preocupar com o “PITI” do médico do Flamengo trabalham em assuntos de maior relevância para a sociedade e o esporte. Realmente é inadmissível que a Odebrecht consiga sair dessa numa boa, mas isso aqui é Brasil né; Vamos aguardar!
SRN #SeGritarPegaLadrão
Licitação fraudulenta, o MP tem que anular essa concessão, tem que ocorrer nova licitação.
E os deputados Estaduais, não estou falando os que dão maioria, a mesma que mantém o sr. “Pé grande” no poder. Teve um deputado que inclusive, na campanha de prefeito, soube ir ver um jogo do fla, e saiu ligeirinho de lá, eu vi!. Por que não usam ce suas prerrogativas, e tentam anular, com o peso de seus cargos , tamanha canalhice, que fizeram e ainda continuam fazendo, no episódio Maracanã?.
SRN
Gente, que diferença faz esse desabafo do mattos no texto sobre irregularidades no Maraca, se o próprio governador é um bandido da pior espécie?
Acham que ele vai se comover com qualquer problema se ele é um dos investigados?
O que a Nação tem que fazer é parar de votar com a bunda, preparando pro político chegar com a vara arregaçando.
Todo mundo sabia que ele era investigado por ter roubado 100 milhões de outra prefeitura e era sucessor do Cabral, outro que ferrou o Fla de todas as maneiras que pode.
Então, C@£₩€$&!!! Ano que vem, pensem bem no candidato e principalmente no partido do infeliz, pq essa eleição de 2016, quase que Pedro Paulo foi pro 2o turno, e muitos aqui votaram nele!
SRN REVOLTADAS
Pq a mídia ainda não fez forte pressão. Se começar a fazer, o Pezão recua na hora.
Como disse Napoleão Bonaparte: Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetas.
A questão é que eles são tão sujos quanto o governador, Mas se fizermos pressão, com certeza ajudará. SRN
Palmas….
Saudações.
O consórcio venceu uma licitação viciada?
Por que não anulam?
Tenho falado aqui…esqueçam Pézão e Lagardère, o primeiro vai ser preso e a segunda vai ficar no prejuízo.
Vai ter nova licitação e o Flamengo vai vencer…
Que Deus te ouça nesse domingo de Páscoa, rapaz.
Flamém.
Isso está ocorrendo porquê os governantes devem terem o rabo preso com a Odebrecht.
São tantas coisas inacreditáveis que ocorrem aqui no Brasil, que essa aí é só mais uma.
Com a palavra os digníssimos integrantes do Judiciário Carioca.
SRN
Todos comprados!
Cabral já delatou diversos desembargadores
Fico impressionado com a quantidade de gente apoiando essa venda e dizendo que o Fla deveria ceder e jogar lá, como o Mauro Cezar Pereira
Ciro,
Me permita discordar. Ele não disse para ceder e aceitar. Ele disse para primeiro brigar por nova licitação e, como estamos no Brasil e tem muita coisa errada por aqui, e em especial no nosso Rio de Janeiro, se ela não existir, ver o que pode ser feito.
SRN
Ele disse que o Fla não deve fechar as portas para a Lagardère, deve sentir e negociar, assim como faz com a Odebrecht. A diferença é que a Odebrecht já está lá. O que Fla está fazendo é correto, pressionar. Tem que dizer mesmo que com eles lá o Fla não joga. Se depois fizer 1 ou outro acordo pontual (enquanto contrói seu próprio estádio) para jogar lá, não fica feio coisa nenhuma.
Na verdade o que ele quer é o que muitos querem: que o Fla esqueça o Maraca e construa seu próprio estádio.