Diante da indecisão do governo em dar sequência à venda do Maracanã, a Odebrecht já traça um plano de gestão provisória do estádio juntamente com os clubes para viabilizar o estádio até uma nova licitação. A prioridade da construtora, no entanto, é concluir a transferência do equipamento para Lagardère e sair o mais rápido possível da administração.
Na semana passada, após as delações das Odebrecht que apontam suborno na concessão do estádio, o governo do Estado deu sinais de que recuaria do aval da venda do Maracanã para a Lagardère, optando por nova licitação. Isso atendia pleito do Flamengo, mas contraria o Fluminense. Haverá uma audiência pública na assembleia legislativa nesta tarde para tratar do assunto.
Uma grande questão era o medo de o Maracanã ficar abandonado e sem manutenção enquanto se arrastava um novo processo licitatório. Mas a visão da Odebrecht é que dá para viabilizar o cuidado provisório do estádio com a realização de jogos desde que exista colaboração de Flamengo e Fluminense.
O plano da construtora se baseia nas últimas partidas realizadas no estádio. Os aluguéis majorados e o pagamento de despesas operacionais pelos clubes, além deles ajudarem no trato ao gramado, tornaram possível custear as despesas do Maracanã.
Nas contas da Odebrecht, foram gastos R$ 3 milhões no Maracanã desde que a empresa reassumiu o estádio em fevereiro. Desse total, R$ 1,7 milhão foram vitalizados pelo Flamengo em seu primeiro jogo da Libertadores. O restante do dinheiro saiu de outros alugueis de partidas e do caixa da empresa. A empresa Maracanã SA tem recursos em caixa por conta do pagamento do empréstimo do clube rubro-negro.
De resto, a Odebrecht entende ter encontrado um modelo viável de forma provisória com o Fluminense pagando R$ 100 mil de aluguel, mas despesas operacionais, e o Flamengo, R$ 250 mil, mais as despesas. Em jogos maiores, como o com ao Atlético-PR pela Libertadores, o aluguel sobe para R$ 700 mil para pagar o estádio. Não há mais patrocinadores ou receitas extras.
Mas assim se cobre a luz. O gramado tem sido mantido pela Greenleaf, a mesma que atende o Flamengo e o Fluminense, e foi acertado um pacote conjunto.
O restante serve para manter 50 pessoas terceirizadas que fazem serviços de limpeza e segurança do estádio. Foram ainda colocadas cadeiras nos lugares no setor leste. Em visita, o blog constatou que o estádio está limpo, com serviços de limpeza e segurança sendo executados, e sem entulhos acumulados. Há, no entanto, reparos a fazer na cobertura de R$ 16 milhões, remodelagem de camarotes, etc.
A intenção da Odebrecht é concluir a venda para a Lagardère, que ameaça até processar o governo do Estado caso desista da transferência. Já foi assinado até um memorando de entendimento pelo qual a empresa francesa pagaria R$ 60 milhões, a maioria em despesas no estádio e pagamento de outorga ao governo do Rio.
Caso o governo não dê aval ao negócio, a Odebrecht pretende sentar para conversar com Flamengo e Fluminense, e com o governo do Estado para traçar em definitivo um plano provisório. A ideia seria exigir uma data definitiva para a licitação e para entrega ao estádio. E, com o clube, discutir regras como as atuais para bancar o funcionamento do Maracanã até lá.
Fonte: Rodrigo Mattos | Uol
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