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Torcidas organizadas desobedecem termo de ajuste de conduta

As torcidas organizadas se vangloriam do seu tamanho para destacar as suas grandezas e, por vezes, impor o terror aos rivais. Mas na hora de enviarem a relação dos filiados ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) para a formação do cadastro único, medida prevista no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), de 2011, estas agremiações encolhem inexplicavelmente.

A ausência de fiscalização fez com que os cadastros não fossem atualizados por seis anos seguidos e é obstáculo às medidas preventivas de segurança para evitar a violência nos estádios e fora deles. Agora, o MP-RJ notificou as 57 organizadas do estado e, mediante cada resposta recebida, instituiu prazo de 10 dias para a atualização do cadastro, sob pena de multa de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

— O anonimato gera a impunidade. O panorama está bem aquém, os números não chegam perto da realidade de torcida de time grande — destacou o promotor Rodrigo Terra.

Em trabalho de apuração conjunta com as assessoras Janaína Neves, da 2ª promotoria, e Rafaela Barros, da 4ª, o promotor estima a existência de mais de 50 mil afiliados de organizadas. O maior efetivo está distribuído entre Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, mas, ao todo, menos de dois mil estão cadastrados. Há registros ínfimos de organizadas de time pequenos.

— As torcidas assumiram o compromisso no TAC. Não atualizaram o cadastro nem pagaram multa, porque não foram cobradas, mas estão sendo agora — declarou Terra, que começou há menos de 60 dias a cuidar do caso das organizadas no MP, antes nas mãos de outra promotora.

BIOMETRIA E ACESSO EXCLUSIVO

A importância do cadastro atualizado não seria apenas tirar do anonimato os integrantes destas torcidas. A ideia do MP-RJ é usar a lista para pôr em prática o controle de acesso aos estádios. O objetivo inicial é fazer a medida funcionar já no Campeonato Brasileiro, ainda que em caráter de teste.

De posse do cadastro atualizado, seria possível criar mecanismos de controle nas entradas das organizadas e instituir catracas em portões específicos e exclusivos, com o uso de biometria ou um cartão magnético. O número ínfimo, no entanto, é entrave.

— A atualização do cadastro casa com a ação que preparamos, que condiciona o ingresso dos integrantes aos estádios através de entrada única e exclusiva para organizadas, que utilize sistema de biometria para controle de acesso. É um sistema que pretende resolver o problema sem deixar tudo sob responsabilidade das forças públicas. Se não houver cadastro, não entra, pelo menos não como torcedor organizado — disse Terra.

A medida facilitaria a verificação do cumprimento de punições tanto aos indivíduos quanto às torcidas, como é o caso da Jovem do Flamengo, banida dos estádios por três anos após comprovado o envolvimento de integrantes no assassinato do torcedor do Botafogo, Diego Silva dos Santos, golpeado com um espeto de churrasco nas imediações do Engenhão, em 12 de fevereiro.

— É possível fazer um teste, sim. Há a viabilidade de acontecer no Brasileiro (a partir de maio). Um estádio possível para testar seria o Engenhão, cujo administrador é um clube, o que facilita. Poderia servir de base para o programa — explicou Janaína.

Fonte: O Globo

 

Coluna do Flamengo

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