Márcio Araújo vive um momento ímpar na carreira. Aos 32 anos, o volante conseguiu algo que, há algumas temporadas, parecia ser difícil: virar quase unanimidade entre a torcida do Flamengo e até mesmo entre a imprensa esportiva.
Desde 2014 no Rubro-negro, o jogador viveu com a sombra da desconfiança e críticas quando era escalado como titular ou mesmo entrava no decorrer dos jogos. Prova disso foi que o clube sempre buscou algum reforço para o seu setor. No entanto, o maranhense de São Luis soube vencer a concorrência e suportar a pressão. Sem rancor, mas com muita transparência. Isso ficou evidente no bate-papo que ele teve com a reportagem do LANCE!, no Ninho do Urubu.
Assim como acontece nas quatro linhas, Márcio Araújo não fugiu de nenhuma ‘dividida’ na entrevista. Com sinceridade e franqueza cada vez mais raras no mundo do futebol, o jogador falou sobre a temporada do Flamengo, o reconhecimento do seu potencial, relação com a torcida e até mesmo do seu jeito discreto.
LANCE!: Um vídeo que viralizou na internet mostra o elenco do Flamengo levantando a taça do Carioca, enquanto você brinca com um balão, afastado da festa. Tendo este caso como exemplo, como se vê no mundo do futebol?
Márcio Araújo: Antes daquela imagem, eu estava no meio da bagunça, comemorando. Só que depois, quando levantaram a taça, minha filha estava bem na frente. Ela ficou assustada e fiquei ao lado dela, observando. Mas a bagunça é a mesma. No vestiário vocês não viram nada, mas eu fui um dos que mais bagunçaram, dei tapa na cabeça de todo mundo (risos), festejei muito. A minha maior alegria é quando ninguém vê.
LANCE!: Você já foi muito cobrado pela torcida. O carinho dela é fundamental para o jogador ter sucesso aqui no Flamengo?
Márcio Araújo: Eu já falei que não é uma coisa que busco, não é uma prioridade na minha vida. Prioridade é estar bem, poder desempenhar meu papel da melhor maneira possível, é poder contribuir e, às vezes, surpreender naquilo que já venho fazendo de bom. Tudo isso é consequência, apoio de torcedor ou imprensa, ser elogiado por um ou outro. Tentamos entender o lado do torcedor. Nunca me viram – e olha que já fui muito criticado, como vocês falaram – em qualquer rede social ou em entrevista coletiva reclamando de torcedor. Sei aceitar as coisas que são impostas ao meu respeito, mas sei também do valor que eu tenho. Procuro estar sempre me dedicando, dando o meu máximo, para ser escolhido e lembrado.
LANCE!: Houve algum episódio de cobrança de torcedor na rua ou algo do gênero que tenha lhe deixado chateado?
Márcio Araújo: Isso nunca aconteceu. Na rua, não. Aconteceu pouco no estádio, mas não vejo isso tudo também, não. Em rede social, talvez, para vocês é muita coisa. Talvez o cara está lá de maldade e outras pessoas vão e compram a ideia. Não vejo essa cobrança toda, não. Sei que existe cobrança no geral, para que o Flamengo venha a vencer, mas talvez vocês comprem essas ideias. Passei por momentos difíceis, não em relação ao torcedor, mas de desempenho, é normal oscilar. Mas a minha regularidade foi muito maior do que o meu mau desempenho. Consigo manter um desempenho de bom para razoável na maioria das partidas, consigo dar o retorno que o meu treinador pede. Mas sei também reconhecer este outro lado, não tira minha paz.
LANCE: Já sentiu-se injustiçado?
Márcio Araújo: Já lhe respondi que não. É muito fácil eu julgar, falar “Ah, aquele cara está de sacanagem, pegando no meu pé”. Viver tudo o que tenho vivido é um milagre. Em vez de ficar criticando ou me sentindo injustiçado – isso não vai mudar nada na minha vida – prefiro trabalhar, dar a volta por cima, melhorar o desempenho. Isso nunca passou pela minha cabeça. Da minha boca nunca saiu.
LANCE!: Mesmo questionado e vendo a chegada de concorrentes para a sua posição, você sempre conseguiu sustentar a titularidade. Qual o segredo?
Márcio Araújo: Acho que é mais o respeito que tenho por todos, o trabalho que tenho feito. Vocês (jornalistas) podem falar até melhor do que eu, acho que não tem como eu falar que é por isso ou aquilo. Para mim, falar é difícil. Eles (técnicos) viram qualidade em mim, se não tivesse, não estaria jogando há tanto tempo em alto nível. Mas o principal é não abaixar a cabeça, não desistir. Às vezes, no início, uma opção ou outra sai na frente, mas segui sempre buscamos espaço, esperando a oportunidade. No futebol é assim, todo mundo vai ter oportunidade. Basta estar pronto para, quando ela aparecer, dar conta do recado.
LANCE!: Qual a importância do Zé Ricardo para o momento do Flamengo e o seu próprio?
Márcio Araújo: Ele é um cara que veio da base e talvez não tivesse tanto respaldo para assumir o Flamengo, mas com os números e o trabalho que ele fez… Ele conquistou o respeito do grupo quando assumiu. Vemos hoje o Flamengo como vem jogando, a inteligência que ele tem para mexer no time, às vezes até improvisando. Apesar do pouco tempo no profissional, parece que ele já trabalha há muito tempo aqui no Flamengo e tem o respeito de todos.
LANCE!: Quem foi o jogador mais difícil que precisou marcar?
Márcio Araújo: Foi tanta gente (risos). Muita gente boa, teve o Neymar que estava voando no início no Santos, deu muito trabalho. Houve também jogadores de criação, como Ganso, alguns caras inteligentes, o Douglas do Grêmio também. Os caras de um toque na bola impedem que você chegue nele, teve muita gente boa.
LANCE!: Acredita que este é o melhor momento da sua carreira?
Márcio Araújo: Creio que é, sim, o melhor momento da minha carreira por vários aspectos. Por jogar no clube de maior torcida do Brasil, no maior clube do Brasil, as coisas refletem muito mais. É claro que a cobrança é grande, mas o apoio e o reconhecimento são muito maiores. Evoluí em vários aspectos.
LANCE!: Como você analisa o momento do Flamengo na temporada?
Márcio Araújo: Temos aproveitado bem o que o Flamengo nos tem proposto, oferecido como estrutura. Formaram um elenco muito forte. Dos nossos planos do primeiro semestre, o Carioca era de suma importância para nos dar tranquilidade no decorrer do ano, nas competições que temos pela frente. Fico muito feliz por ter feito um belo campeonato, todo mundo teve oportunidade de contribuir para que tivéssemos êxito.
LANCE!: O título da Libertadores é o sonho deste ano?
Márcio Araújo: Sabemos que por tudo o que foi montado, pela estrutura que tem o Flamengo, temos que brigar pelos títulos em todas as competições. Algumas têm muito mais valor e peso, não vamos negar isso, mas vamos pensar sempre no próximo passo. Um passo de cada vez. Estamos muito felizes pelo título que conquistamos, mas sabemos da responsabilidade que temos durante o ano, com as competições que temos pela frente. Temos em mente, com o objetivo de brigar ao máximo e conquistar o máximo possível de títulos, para que tenhamos o nosso trabalho valorizado e possamos dar alegria ao nosso torcedor.
LANCE!: Que lições vocês tiraram do Brasileiro de 2016 e da própria Libertadores deste ano?
Márcio Araújo: Libertadores é um campeonato à parte, jogando bem ou não você tem que ser efetivo na sua ação. O Atlético-PR pressionou muito a nossa equipe no início do jogo, depois equilibramos. O importante foi o número de chances que tivemos. O volume de jogo foi bem maior. Temos que ser mais precisos quando tivermos chances.
LANCE!: Apesar de todo esse cenário positivo e do fortalecimento do elenco, o clube vivia um jejum de três anos sem títulos. Até que ponto o Estadual foi importante para diminuir a pressão e dar tranquilidade?
Márcio Araújo: Esta diretoria foi bem clara logo quando assumiu, foi bem honesta em relação ao torcedor. Os primeiros anos seriam de enxugar as dívidas para dois ou três anos, com o cofre equilibrado, ter condições de contratar jogadores de peso e qualidade, como tem feito. Já ouvimos histórias de jogadores no passado com problemas de atrasos de salários. Nunca tive problema com isso. Uma conquista nos dá muito mais confiança, não é só tirar peso, ela dá muito mais confiança para darmos continuidade ao trabalho.
LANCE!: Qual o título lhe marcou mais: o de 2014, por conta do gol do título, ou o de 2017, quando você virou quase uma unanimidade entre os torcedores?
Márcio Araújo: Fica mais marcado (fazendo gol de título), porém nesse de 2017 as minhas atuações foram melhores. O que jogamos neste ano, em comparação com 2014, é totalmente diferente. Não é o Márcio Araújo. Evoluímos com o time, crescemos com as dificuldades e com a concorrência. Em 2017, joguei muito mais.
Fonte: Lance!
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"Consigo manter um desempenho de bom para razoável na maioria das partidas" Exatamente. Bom que você mesmo diz isso. Eis a questão. Ser titular absoluto é que eu não posso concordar. Você cita muito Atlético-MG e Palmeiras...lá você não foi uma maravilha, foi normal como é. COMUM. Vive um bom momento, claro, mas para mim não é "unanimidade". Essa sua "fase" foi vista ano passado e no final (8 partidas finais) estava ruim, começou o ano em baixa, e graças à insistência do Zé Ricardo você acabou melhorando. Com tantas chances assim, como não? "Alto nível" MA" aonde? Só porque Zé falou isso? Cara menos né. Acorda.
MA é sempre MA. Esforçado, mas com limitações técnicas, isso não mudou em nada para mim. Tem errado menos. Só. Bom para o Flamengo. Queria ver o Ronaldo ter as mesmas chances que você, Cuellar...ai sim ter um parâmetro mais justo. Rômulo é melhor e teve "o tal desconforto", isso facilita, né, menos "concorrência", menos pressão. Espero que dure essa fase e ajude ao CRF, pois sei que Zé sempre vai preferir você, venha quem vier. Até três volantes ele colocou para que não tivesse que te tirar (durante a sua "recuperação"), essa predileção realmente te dá tranquilidade, diferente de quem entra na posição que joga sempre "no fio da navalha". isso é fato. Vamos ver o que vai dar mais a frente.
Deve doer muito em vc aceitar o bom momento e a importancia do MA no time, no grupo, né ? Isso é rancor, é raiva, e isso vai te fazer mal. Anote aí.
"Você ser titular absoluto é que eu não posso concordar." -- Eis, o único trecho do seu comentário em que pude concordar. Já o resto... &;-D
Menos, beeeeem menos...
Vamos ver se Rômulo vai acordar e retomar a vaga de titular, Arão é outro que merece um chá de realidade pra ver se volta a jogar bola.
Márcio Araújo continua o mesmo pereba esforçado de sempre, a sorte dele é que nós adoramos perebas esforçados.
Eu tambem sei: - NENHUM, visto que ninguem o quis contratar quando estava disponível de grátis!!