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Torcedores relatam caos no Maracanã na partida entre Flamengo e Cruzeiro

A partida entre Flamengo e Cruzeiro ficou no empate em 1 a 1 no primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil no Maracanã, o que era pra ser somente uma partida de futebol, acabou se tornando momentos de caos no entorno e dentro do estádio.

A reportagem do GloboEsporte.com entrou em contato com torcedores que estiveram no jogo desta quinta (07) e viram de perto o foco das confusões. As confusões começaram bem antes da bola rolar, com direito a tiros, furtos e garrafas numa briga envolvendo organizadas do Flamengo. A confusão continuou nos portões do Maracanã, com várias pessoas invadindo e passando sem ingresso e revista.

Confira os relatos colhidos pela reportagem do GloboEsporte.com:

Noel Bustorff Junior
Vim de João Pessoa com minha filha Maria Luiza, de 6 anos e minha esposa Renata, todos nós sócios-torcedores desde o primeiro dia do programa e com ingressos comprados com antecedência. Cheguei ao Maracanã acompanhado de um amigo morador aqui do Rio, Eduardo Saboya. Uma total sensação de intranquilidade em volta do Maracanã.

Quando nos dirigíamos ao portão de entrada, muita gente correndo em nossa direção, em razão de uma confusão de alguns torcedores com a polícia. Coloquei minha filha no colo e de repente sentimos o gás de pimenta chegando. Sensação de desespero. Por muito pouco não desisti de entrar no Maraca para evitar qualquer risco à minha família. Fui convencido pelo meu amigo que a confusão já tinha sido controlada e que poderia entrar tranquilo.

Lá dentro uma sensação de superlotação no setor Norte, torcedores pulando grades e cadeiras sem respeitar quem estivesse pela frente. Apesar da festa bonita da nossa torcida, que emocionou minha filha e me fez reviver in loco a alegria de ser Flamengo, saí de lá com a convicção de que não correrei mais certos riscos em razão de um jogo de futebol. Já em segurança e em casa, me senti mais aliviado do que feliz“.

Uandersson Alves
Estava entre amigos, cerca de 12 a 15 amigos no Chicos Bar, tradicional na rua General Canabarro, onde a gente se encontra para fazer resenha no pré-jogo. De repente veio o estopim de uma briga generalizada. Pude reparar que parte de algumas pessoas usavam camisas da Raça Rubro-Negra e outra grande parte de pessoas sem camisa. Esse grupo sem camisa parecia ser maior, duelando muito. Ouvimos boatos que seria briga entre a Raça, outros diziam que era Torcida Jovem com a Raça… Mas ninguém sabia o que estava acontecendo.

Ficamos acuados, entramos quase na calçada do bar, esperando a situação melhorar. Muita garrafa quebrada, voando caco de vidro, gargalo de garrafa para tudo que é lado. Ouvimos tiros, não sei precisar quantos exatamente, talvez cinco ou seis disparos. Uma confusão generalizada, cerca de 200 a 300 pessoas. Uma briga violenta, muita violência. Vi duas situações de cercarem uma pessoa e baterem até ela desmaiar. Não sei dizer teve morte, algo mais grave, mas isso aconteceu.

Depois de uns dez minutos nos direcionamos ao Maracanã, isso faltando cerca de 1h30 para o jogo. Entramos pelo setor Leste, uma grande maioria, e fiquei na parte superior. Vimos uma movimentação muito grande pelas entradas do setor Sul. Parecia um formigueiro. Entravam pelo setor Sul, pulavam o alambrado para o Leste e passavam para o Norte. O Leste era usado como passagem. Muita gente fazendo isso. O clima era muito tenso, a gente escutava bomba, tiro de borracha… Dentro do Maracanã a gente escutava o que estava acontecendo lá fora.

Sou acostumado a ir ao Maracanã desde os 12, 13 anos de idade e nunca vi uma briga dessa proporção, com essa quantidade de gente“.

Bruno Cardoso
Cheguei às 20h15 na entrada C, do setor Sul. Já com uma fila quilométrica e uma confusão começando a estourar. Eles fecharam os portões durante uns 20 minutos. Quando deu 20h40, já não se sustentava mais. Aquelas grades que ficam separando as filas, passaram por cima… Todo mundo. Vendo que não iam conseguir segurar, abriram a porteira. Eu passei sem ingresso, meu irmão passou sem ingresso. A gente estava com ingresso, mas não passamos pela catraca, né? Simplesmente abriram.

Lá dentro, nas entradas mais próximas da Leste, já tinham aqueles caras de colete não deixando entrar por lá, mandando ir mais para frente. Foi quando fui com meu irmão mais para perto da torcida do Cruzeiro. Quando entramos já tinha muita gente pulando grade, mas não estava tão próxima. Mas gente pulando, forçando aquela grade verde da Sul. É aquilo que a imagem mostrou.

Foi um caos a entrada. Gente pulando até a catraca… Foi muito ruim. Furto vi um, um cara na minha frente. Na verdade não chegou a ser um furto, porque ele foi tirar o celular do bolso, veio um cara e tentou puxar, mas ele segurou. Não foi às vias de fato, mas tentaram roubar ele. Vimos gente bêbada, pessoal muito alterado. Não dá para ter certeza científica disso, mas sentia no clima que a galera estava exaltada“.

Jacob Amin Neto
Antes do jogo fomos para essa rua do Bar do Chico, ficamos bebendo por lá. Estava muito aglomerado, muitos torcedores, galera pulando. Do nada juntou um grupinho e começou a batucar, cantar músicas mais animadas. Todo mundo cantando, tomando uma, alterado. Eu vi um cara reclamando do celular dele, ‘perdi meu celular’. Falei com ele que provavelmente tinha sido roubado, ele disse que estava na mão dele, que tinha perdido. No meio desse bolo, de umas 30 pessoas, mais dois chegaram procurando celular. Com certeza foi roubo, três num espaço de quatro metros quadrados. Vários amigos sentiram mão batendo no bolso toda hora.

Tiveram vários focos de confusão. Uma ali, outra aqui… E começou a ficar um clima tenso, meio de guerra, mas até então ‘aceitável’. Mas do nada estancou aquela confusão gigante, coisa de vir gangue correndo de um lado, gangue de outro, aquele embate. Garrafada para tudo quanto é lado. Não tinha como correr da briga. Se estivesse no meio do fogo cruzado iria tomar cadeirada. Estava voando tudo, pegavam tudo que estava na frente e jogavam. O efetivo da polícia só vi na entrada do Maracanã e fazendo furdunço com coisa que não tinha sentido. Estavam aglomerando para entrar, mas sem tumulto, sem nada, só aquela confusão normal para entrar que engarrafa. A polícia chegou mandando bomba de gás lacrimogêneo, dando cacetada em alguns caras.

Essa ação de marketing que fizeram, negócio de Clássico de Gigantes, deixou o pessoal mais fanático ainda, mais agressivo. Falaram ‘que coisa Nutella, isso é clássico, é final’. Vi os caras muito mais exaltados do que o normal. Eles já ficam exaltados normalmente porque são meio irracionais, mas esse fato dos dois times próximos deixou gente assim, ‘não é assim que funciona, isso aqui é Rio’. Alguns reagiram assim“.

Leandro Gusmão
“Entramos no setor Norte, pela entrada F, subimos e tentamos ficar na entrada da pilastra 51. A gente reparou que estava muito cheio, mais do que a gente estava contando. Iria ficar ruim para ver o jogo. Resolvemos mudar para perto da pilastra 38, do outro lado, para ver melhor o jogo. Nisso vimos que a Leste encheu muito rápido, até comentamos como tinha vendido ingresso. Até aí nosso lado na Norte estava mais vazio, não tinha muito segurança. Começaram a subir na grade, tentando atravessar, e os seguranças segurando. Esmagaram quem tentava subir da Leste para a Norte. Até que chegou um ponto que eles começaram a bicar a grade, porque estavam conseguindo conter a invasão, gerou uma revolta. Uma das grades estourou, e aí chegaram seguranças da empresa privada para dar apoio.

Continuaram as tentativas de invasão e só parou quando o Gepe chegou e deu spray de pimenta na galera para dar uma acalmada. Mas já tinha passado muita gente. Muitos torcedores pularam, inclusive um foi agarrado e, quando se soltou, caiu, abriu o braço, manchou várias cadeiras de sangue. Foi uma cena um pouco complicada“.

Roberto Beltrão
O problema que passei não foi dentro do estádio, foi lá fora. Estávamos numa ruazinha ali, a General Canabarro. Quando estava saindo para a entrada do Maracanã com um grupo de amigos, cada um tinha um setor, teve uma briga generalizada. Parece que briga entre dois grupos da Raça Rubro-Negra (…) Foi um negócio feio, frequento o Maracanã há anos, mas o que eu vi ontem me deixou indignado. Eu gosto de levar minha filha ao estádio, graças a Deus ontem eu não levei… Era muita garrafa voando, tiro… Foram uns dez minutos de briga. No entorno do Maracanã eram muitos grupos aterrorizando. Infelizmente foram cenas lamentáveis ali fora.

Foi no setor Oeste, alguns amigos de Sul, Norte… O pessoal da própria segurança do Maracanã deixou torcedores passarem por um portão, acabei entrando na Norte. Quando eu entrei tinha bastante tumulto na entrada E e F. Tive que passar por um bloqueio, estavam pedindo o ingresso. Como a minha entrada era Oeste, na rampa do metrô, tive que passar por outro bloqueio. Na Oeste estava bem tranquilo, gradeado, entrei numa fila por volta de 20h20. Tudo tranquilo. Mas a entrada da Norte estava complicada“.

Gabriel Moreira
No portão C estava uma fila gigantesca para entrar. Todos os portões fechados, ninguém entrando, ninguém conseguindo passar. Depois de uns cinco minutos na fila começou uma correria para a entrada, parece que abriram tudo. O povo começou a correr, ninguém respeitava mais fila. Quando eu cheguei tinha um portão aberto, um aglomerado de gente e todo mundo passando sem mostrar ingresso. Depois não sei se arrombaram ou liberaram, mas todo mundo passou mesmo sem ingresso, ninguém mostrou nada. Não teve revista, nada“.

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • Não consegui entender porque estes torcedores fizeram isto...
    Bando de idiotas, vagabundos e imbecis... Babacas fora e dentro do estádio. Não há palavras pra definir tamanha estupidez e falta de bom senso e que não se sabem medir suas atitudes.
    Festa linda no Maracanã e conseguiram manchar isto e oferecendo um prato cheio pra mídia idiota. O trio de ontem do Sportv se superou, o mais inconveniente e estupido sem dúvida era o Edinho.

  • Esses torcedores poderiam ser classificados como uma classe de psicopatas? &;-D

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