Você sabe quantos homens trabalharam na final da Copa Sul-americana no Maracanã? O Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), da Polícia Militar, contava com 320. Seguranças contratados seriam inicialmente 798, mas depois a quantidade foi aumentada para 887. Já a Guarda Municipal mandou 190 e o 6° Batalhão da PM tinha 220 homens no policiamento externo. Total: 1.617, segundo a administração do estádio, que ainda assim foi invadido. Controlar aquele ataque não era tarefa simples, mas já se sabia que aconteceria.
TV Globo mostrou imagens assustadoras da invasão do Maracanã:
O blog detalhou a invasão na noite da primeira peleja decisiva da Copa do Brasil, três meses e cinco dias antes da barbárie de quarta-feira passada — clique aqui e leia. Não se trata de concordar com o que aconteceu, mas é preciso tentar entender, e há um ponto importante que merece reflexão. No passado, milhões queriam ir ao jogo decisivo e não cabia todo mundo lá. A maioria aceitava, se conformava, porque via outras partidas e sabia que na próxima final poderia ter mais sorte e comprar ingresso.
Mesmo assim havia quem entrasse sem pagar, na marra. Não no volume absurdo da semana passada, mas acontecia. Vi pessoas escalando os portões monumentais do então maior estádio do mundo no Flamengo 3 x 1 Vasco da Taça Guanabara em 4 de abril de 1976. Jogo de turno, nada decisivo, visto por 174.770 pagantes e um sem número de penetras. Na época comprávamos ingressos na hora, mas o número de pessoas que foi àquela partida superou largamente as mais otimistas das expectativas. Decepcionado, voltei para casa com meu pai e ouvi pelo rádio.
Cinco anos depois, também no clássico dos milhões, daquela vez valendo o título carioca, um amigo nos encontrou na arquibancada com o ingresso intacto nas mãos. Foi impossível chegar às roletas de acesso. Empurrado pela massa humana até o portão, não teve opção além de escalá-lo e pular a imensa grade. Foram 161.989 pagantes e milhares que invadiram naquele 6 de dezembro de 1981.
Até mesmo a final da Copa de 1950 teve invasão. Em 16 de julho de 1950, Brasil 1 x 2 Uruguai recebeu 173.850 torcedores como público oficial, mas muitos afirmam que lá dentro eram mais de 200 mil brasileiros.
Mas havia a geral, setor que concentrava os mais pobres e dava um tom mais democrático ao velho Maraca. Hoje o torcedor sem maiores condições financeiras está totalmente afastado dos jogos. Pelas mudanças ocorridas e por opção do Flamengo. Esse rubro-negro não pode mais ver seu time, fecharam a porta na cara dele, apesar de sobrarem milhares de cadeiras vazias em quase todas as partidas, exceção são as especialíssimas, de caráter decisivo.
Os ingressos têm preços proibitivos na maioria das pelejas do time de maior torcida no país. Se o flamenguista não é sócio torcedor, ir a um jogo vira programa restrito à classe média alta, de tão caro. Isso é responsabilidade do clube, que vira as costas para parte significativa do seu povo, prefere públicos pequenos do que essa turma de duros por lá. Sim, a higienização dos estádios tem parcela nisso aí.
Aí há uma torcida organizada banida, cujos integrantes nada têm a perder e armam “bondes” de invasão. Isso aconteceu mais de uma vez. Sabendo do movimento, parte dos excluídos de todos os jogos engrossam essa turba. É um misto de vandalismo com reação à segregação. O cara não vê mais o time dele, não deixam, em jogo algum. Então também vira franco-atirador.
Sim, é cumulativo. Então explode. E por que explode? Porque o governo, o poder público não está presente em vários momentos no Rio de Janeiro, onde o caos impera. E pessoas fazem o que jamais tentariam, não fosse o ambiente semianárquico do Estado quebrado, sem pagar servidores, com hospitais em frangalhos, ex-governadores presos e onde o crime domina de diversas formas.
Reforçando o que escrevi no segundo parágrafo, não se trata de concordar com as barbaridades da noite de 13 de dezembro, mas buscar compreender o que se passou. Em 1992 já havia arrastão na praia de Ipanema. O “bonde da invasão” de certa forma até demorou a ganhar corpo no Maracanã. Muita gente que jamais poderá comprar ingressos nas condições atuais se planta diante de um dos portões. Veem aquilo como uma chance. Numa espécie de terra de ninguém, eles sabem: o bonde vai passar, o bicho vai pegar, e ninguém vai segurar. Nem a PM!
O contingente na final da Sul-americana:
Gepe 320
Segurança privada 887
Guarda Municipal 190
6º Batalhão 220*
Total: 1.617
* policiamento externo
Fonte: Maracanã
Fonte: Mauro Cezar Pereira/ESPN
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O MCP começou bem, mas terminou mal com aquele papinho de "vítimas da sociedade" que utiliza a pobreza como desculpa para atos CRIMINOSOS.
O que incentiva a violência é a IMPUNIDADE dos marginais que há DÉCADAS vêm brigando/depredando/assaltando com a INCOMPETÊNCIA e OMISSÃO das autoridades policiais e do MINISTÉRIO PÚBLICO, que adora aparecer depois que o problema aconteceu, mas não faz NADA para resolver o problema ANTES que aconteça (prevenção).
Os caras que lideram as invasões são os mesmos vagabundos que marcam brigas, como a que vitimou o botafoguense no início do ano.
O que o MP fez de lá até aqui para prevenir que isso acontecesse?
Um trabalho minimamente sério e competente de investigação identificaria esses bandidos, resultando em sua prisão. Com o tempo, esse problema seria controlado.
É incrível como essas "autoridades", que têm sua parcela de CULPA por sua incompetência e omissão, fiquem querendo dar lição de moral no Flamengo.
Entao so porque o maracana encolheu dois terços, e justo invadir o estadio porque ja ocorreu em outras epocas onde a torcida era tratada como gado?
Socio Torcedor caro? quantos desde milhares de torcedores tinham que ficar dias na fila pra comprar, e no final perdiam dia de trabalho? ou tinham que comprar na mao de cambistas a preços absurdos?
Os dois jogos finais contra Corinthians e Santos mostrou que a diretoria estava errada em colocar os ingressos muito caros (o que eu defendia mais nestes dois jogos mostrou que a tese de ingresso barato estava certo).
Entao todo este discurso puritano da ESPN sobre as "vitimas da sociedade" elitização, higienização dos estadios e pura balela.
Fora este discurso babaca de que isto e reflexo da nossa politica, ate parece que estes marginais estao ali preoupados com isto.
Imagino que tem muito mais violência e mortes no Carnaval, mas nunca vi ninguem pedir a sua extinção.
O que ocorreu é problema de segurança publica, onde os principais culpados são o governo e a polícia do RJ. O Flamengo foi vítima, vai ser punido por uma coisa que não era sua responsabilidade, e que fugiu ao controle. Da nojo ver tanto hipocrita pedindo a punição máxima, exclusão de anos na Liberta... Parece até que isso vai resolver os problemas de segurança publica no RJ.
Bando de incompetentes, a policia tem obrigação de dar segurança no jogo, o governo está ganhando milhoes em impostos do Flamengo e de sua torcida, e não dá nenhum retorno!
Se a Commebol fosse uma entidade como a UEFA em termos de puniçoes, por mais que seja triste ficarmos de fora da libertadores eu acharia justo, porém sabemos que as punições da mesma e uma piada de mal gosto, logo não da para aceitar ser excluido da libertadores por causa disto.
No direito existe uma coisa chamada dosimetria da pena. Se houvesse uma tragédia com mortes, por culpa ou omissão do clube, ai sim poderia haver a pena máxima. Houve incidentes que não foram culpa do Fla, e nem atingiram nivel maximo, porque tem tanto hipocrita pedindo exclusão? Quanto a torcida do Corinthians matou o garoto na Bolivia, dentro do estadio, não foi punido com exclusão.
Conhecendo a Commebol e sabendo como ela e fraca com as puniçoes sabemos que se punir o flamengo, ninguem garante que na proxima vez outro clube tera a mesma puniçao, logo sou contra esta exclusão.
Mais que o correto seria começarem a punir severamente os clubes por atos deste tipo é (como ocorreu na UEFA) e claro que depois os paises resolvam fazer legislações mais rigorosas.