Os holofotes nunca assustaram Vinicius Júnior. Estrela da badalada Geração 2000 do Flamengo desde muito novo, acostumou-se com a pressão de suprir as expectativas sobre seus ombros. O garoto tirou de letra o dia de herói após o título da Taça Guanabara e quer mais. Sem limites para sonhar, nutre a esperança de chamar a atenção de Tite, ser a surpresa na Copa do Mundo, e se mostra obstinado para que nada tire seu sorriso. Nem pancadas.
As críticas pela polêmica comemoração com “chororô” diante do Botafogo, Vinícius transformou em protagonismo na decisão diante do Boavista. Chamou para si a autoria do gol com direito a música sertaneja: “Foi de raspão, mas valeu”. E traçou planos ousados antes de trocar a Gávea por Madrid:
– Sonho sim (em ir para Copa). Esses dias estive com o Ronaldinho e ele me falou que sempre levam um jogador mais novo. Para ficar sempre concentrado. Se pintar oportunidade, estar preparado. Ficou guardado na minha mente, né. Porque é o Ronaldinho. Sempre admirei bastante. Ídolo de todos que amam futebol. Tenho esse sonho de vestir a camisa da seleção brasileira no profissional. Não sei se vai ser esse ano ou ano que vem, mas estou evoluindo a cada dia no Flamengo para chegar no momento certo e representar o Brasil.
A visibilidade pelo sucesso nos profissionais gera frisson entre os rubro-negros, que pedem o jovem em alto e bom som a cada jogo, mas também o coloca em evidência diante dos adversários. O episódio com o Botafogo fez com que o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro insinuasse que Vinícius estaria em risco no Brasil e que “futebol é esporte de contato”.
Toda situação alertou o Real Madrid, preocupado que seu investimento estivesse em risco. Nada disso, porém, assustou o garoto, que encarou com bom humor e naturalidade.
– Já estou acostumado. Às vezes, levar porrada faz parte do jogo. Levar umas ali. Zagueiro tem que mostrar também. Mas sou bem tranquilo com isso. Tento sempre sair do corpo do adversário para não me machucar.
No dia seguinte ao título da Taça Guanabara, um Vinicius Júnior sorridente – como de hábito – recebeu o GloboEsporte.com para falar do dia de herói. Com o tempo contado no Flamengo, admitiu a ansiedade para a primeira Libertadores e revelou contatos com brasileiros do Real Madrid. Confira a íntegra:
Dia seguinte
Como profissional é mais gostoso. Todo mundo que sonha um dia ser jogador, sonha com isso, em ser campeão e fazer gol na final. Tudo isso aconteceu comigo no jogo passado. Comemoramos ontem e hoje já voltamos a treinar. Agora é focar na próxima partida e nos próximos objetivos.
Estou recebendo bastante mensagem até hoje. Muitas pessoas me parabenizando. Só tenho a agradecer a todos que vem me ajudando aqui no Flamengo, minha família e meus empresários. Todos que me ajudaram a chegar nesse momento e permitem que o mesmo que fiz na base, eu possa fazer no profissional.
“Foi de raspão, mas valeu”
Peguei de raspão ali, mas foi gol meu (risos). O mais importante é que foi gol do Flamengo e conseguimos sair de lá campeões.
Complicou, chama o Vinicius?
Estou muito tranquilo. Carpegiani já falou que nós temos um grupo. Não são só 11. Infelizmente só podem entrar 11 em campo, mas todos os jogadores têm capacidade de entrar e decidir a partida. Isso tem acontecido comigo nos jogos passados. Só quero evoluir a cada dia e ajudar mais o Flamengo.
Ansiedade?
O Flamengo me acompanha desde que tinha 10 anos. Sabe o momento certo de me colocar. Estou aqui para ajudar e acrescentar a cada momento.
Metas pessoais para 2018
Evoluir a cada dia aqui no Flamengo e ajudar com muitos gols em muitas partidas. Em curto prazo, ajudar bastante. Não sei até quando vou ficar. Vou aproveitar cada segundo aqui dentro. Aproveitar todo mundo que tem aqui, os jogadores experientes, como Juan, Diego…Para quando chegar no momento certo, quando tiver que partir, estar preparado psicológica e tecnicamente.
Estilo de jogo e ”medo” de entradas mais fortes?
Não me preocupa não, sou muito tranquilo. Dentro de campo, só quero fazer meu melhor, brincar ali, mas da melhor maneira. Sempre respeitando meus adversários. Desde a base que sou meio caçado dentro de campo e tenho a malandragem de sair para não me machucar.
No profissional, pegam mais pesado?
Já estou acostumado. Às vezes, levar porrada faz parte do jogo. Levar umas ali. O zagueiro tem que mostrar também. Mas sou bem tranquilo com isso. Tento sempre sair do corpo do adversário para não me machucar.
Intimidam na voz?
Ninguém fala nada. Os mais experientes estão aqui do nosso lado: Juan, Diego, Guerrero. Todo mundo aqui que já jogou na Europa e estão sempre me ajudando na parte psicológica.
Libertadores
Daqui a uma semana chega nosso maior objetivo no ano, que é a Libertadores. Não deixando o Carioca para trás. Estamos pegando o Carioca para manter o ritmo e acelerar um pouco o processo de evolução para a gente chegar na Libertadores 100%. Todo mundo está querendo ajudar a conquistar cada ponto na Libertadores, que é importante dentro e fora de casa.
Sonho com a Copa do Mundo
Sonho sim. Esses dias estive com o Ronaldinho e ele me falou que sempre levam um jogador mais novo. Para ficar sempre concentrado, se pintar oportunidade, eu estar preparado. Ficou guardado na minha mente, né. Porque é o Ronaldinho. Sempre admirei bastante. Ídolo de todos que amam futebol. Tenho esse sonho de vestir a camisa da seleção brasileira no profissional. Não sei se vai ser esse ano ou ano que vem, mas estou evoluindo a cada dia no Flamengo para chegar no momento certo e representar o Brasil.
Monitoramento do Real
Não falam muita coisa, não. Quem mais me manda mensagem do Real Madrid são Marcelo e Casemiro mesmo. Para me parabenizar e falar como estão as coisas do lado de lá.
PSG X Real Madrid
Sou muito fã do Neymar, mas estou torcendo para o Real Madrid. Pelo Marcelo e todo mundo que sempre vem me ajudando fora de campo e dando conselho. Estou sempre torcendo por eles.
Mudanças na vida pessoal
Mudou tudo na rua. Só não mudou dentro de casa, porque todas as pessoas que me amam e me ajudaram a chegar nesse momento, continuam comigo. Até mesmo meus empresários estão sempre me ajudando. O Flamengo também me ajudou e vem me ajudando. Com isso não muda muito. É mais na rua, mesmo, torcedor, muitos fãs. Fico feliz com todo carinho. Hoje o mundo inteiro acompanha, junto com meus amigos e família.
Torcedor dentro de campo?
Um pouquinho. Claro que tem. Sou muito Flamengo desde pequeno. Joguei a base toda aqui, com o manto. Todo mundo que vem da base sabe que é diferente. Todo mundo sonha em um dia jogar com o Maracanã lotado. Ano passado eu estava na torcida e hoje estou dentro. Sempre jogando para dar alegria ao torcedor.
Reprodução: Globo Esporte
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