“Libertadores fere a alma do rubro-negro”

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Antes de mais nada, um parágrafo sobre a arbitragem da Conmebol. Não interessa se o titular ficou doente, se o substituto foi escalado de última hora: ela irá apitar contra o time brasileiro. Isso não significa transferir a responsabilidade de um fracasso apenas a árbitro e auxiliares, mas eles influenciam sim. O Vasco levou um chocolate do Jorge Wilstermann, semana passada. Teve um pênalti não dado a seu favor e um jogador mal expulso. O Grêmio jogou mais de 140 minutos da Recopa com um a mais, sem fazer gol. Teve duas penalidades surrupiadas só no primeiro tempo da prorrogação. Desta feita, foi a vez de o Flamengo sofrer um gol em impedimento claro e ter um pênalti não marcado a seu favor. Minutos depois, o professor deu um toque no braço, marcando falta para o River Plate. Na dúvida, apita pra quem fala espanhol.

A manchete, o debate, poderia ser sobre arbitragem, o torcedor está no direito de se ver furioso com Michael Espinoza e companhia. Mas a sensação de desgosto que nos toma é em relação ao Flamengo, a esse Flamengo, e nada mais. Após o gol do 2 a 2, imagino que todo rubro-negro deva ter pensado “ficaremos na fase de grupos mais uma vez”.

Dói. Dói ver que esse ano a gente já veio preparado para ser eliminado na fase de grupos. Ano passado, sentimos medo. Aterrorizava a possibilidade de o pesadelo se repetir. Agora não, agora viemos munidos de um escudo para que o sofrimento seja menor.

O River Plate é imenso, tem mais tradição que o Flamengo na Copa Libertadores. Nunca há de ser desprezado. Mas é o 21° colocado do Campeonato Argentino, com 19 pontos em 17 jogos, atravessa má fase. Vinha de 7 derrotas consecutivas fora de casa. Enfrentá-los é sempre ruim, mas não havia melhor momento para que isso acontecesse. Arquibancadas vazias, no estádio do Botafogo – verdade –; mas sim, foi no Rio de Janeiro. Havia sim a obrigação de se fazer valer o mando, até porque em Buenos Aires a torcida deles não aliviará.

Paulo César Carpegiani discorda. Na visão do treinador, pela punição recebida, esse ano não há “casa” e “fora” na Libertadores. Então o Flamengo jogou no Engenhão como se fosse no Campo 4 do Ninho do Urubu. A formação do banco de reservas já dava indício da mentalidade rubro-negra. Rômulo e Arão, sem Marlos Moreno.

Com Pará titular, apesar da melhor fase de Rodinei, o Flamengo rodou bola – quando a teve – no primeiro tempo. Juan e Réver se revezavam com ela até alguém resolver recuar a Diego Alves; e tome chutão pra frente. Não produziu, criou, agrediu. Não demonstrou vontade digna de atacar, nem indignação por não estar atacando. Errava na saída de bola com um Jonas que – coitado – não tem culpa de estar lá, tal como não tem futebol para defender o Flamengo.

Na segunda etapa, o jogo de ambos os times melhorou, gols saíram e – já com o placar em 1 a 1 – Carpegiani queimou a primeira substituição, reparando um equívoco da escalação inicial: trocou Pará por Rodinei. Depois teve de sacar Jonas, levando o desesperador Rômulo a campo. Por fim, precisava de alguém para o lugar de Éverton. Optou por Willian Arão – em má fase desde 2016, sem disputar uma partida desde o dia 13 de dezembro. Optou sim, não é que tenha ficado sem escolha. Poderia ter colocado Vinícius Júnior, que joga na mesma posição de Éverton. Poderia ter posto Ronaldo, Jean Lucas, Marlos Moreno. Mas não, preteriu estes três para levar Willian Arão ao banco de reservas.

Era o Flamengo convidando o adversário a marcar gol. Como fez contra o San Lorenzo, ano passado; Bolívar, em 2014; Olimpia, em 2012; Universidad de Chile, em 2010; América-MEX, em 2008. Era o Flamengo repetindo o erro de toda Libertadores.

Essse ano, o discurso foi outro. O time se apresentou depois dos outros, a garotada teve de se dividir entre Copinha e Carioca, titulares foram poupados. Tudo planejado, tudo fazia parte da programação para que, enfim, a Libertadores fosse tratada de maneira diferente. Aí ela começou, e o discurso foi por água abaixo. Carpegiani falou que falta entrosamento ao grupo, que não disputou muitos jogos junto em 2018. Não era esse o plano?

Poucos se salvaram, no Nilton Santos. Por mais que estabanado, Réver impediu uma tragédia maior. Diego não brilhou, mas foi lúcido. Desistiu de encerar a bola, buscou distribuir, sofreu o pênalti e ainda ajudou Jonas na cobertura. Éverton não esteve em seu melhor dia, mas de novo marcou em jogo grande. É o jogador “mais Flamengo” desde Ronaldo Angelim. Tem o posto ameaçado por Lucas Paquetá, melhor em campo – mais uma vez –, grande esperança do torcedor.

Torcedor que sofre, mas acredita. Que amargura a ausência de espírito de Everton Ribeiro, lamenta a falha de Diego Alves, pena com as deficiências de Henrique Dourado, mas está disposto a tratá-los como ídolos num futuro próximo. Torcedor que não aguenta mais passar vergonha na Libertadores, mas que aceita a correr o risco, para quem sabe ver o Flamengo campeão.

O rubro-negro é traumatizado. Dói na alma sonhar com mais uma Libertadores e tropeçar, em casa, logo de cara. Carpegiani alentou, dizendo que não existe casa; nem fora. Nessas, falou que “não há resultado que não a vitória”, no Equador, sobre o Emelec.

O comandante dá motivos para que não acreditemos em suas palavras. A sorte dele é que treina o Flamengo. E se a mente já nos prepara para um novo fracasso na Libertadores, o coração anseia pela conquista. Nossa crença não é nessa gente, e sim nas cores que ela carrega.

De Eduardo Bandeira de Mello a Paulo César Carpegiani, suplicamos: sejam Flamengo.

Por Marcos Almeida, do Nosso Flamengo.

Reprodução: ESPN

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  • Negócio é esse aí mesmo, ir pra frente da tv, sentar em casa e assistir os jogos sem muita pretensão, infelizmente, pelo que vimos ontem, o final dessa novela a gente já conhece de cor…São Judas Tadeu, rogai por nós.

  • Time fraco, sem raça nenhuma… que merda de jogo foi aquele!! Com esse joguinho fraco e os jogadores com medo de ir pra cima vão ganhar é nada!!! CADE A RAÇA DESSE TIME?? Desse jeito, com esse joguinho aii fraco os jogadores com medo de ir pra cima, com medo de cair pra dentro VÃO GANHAR É PORRA NENHUMA!! Já ganhamos uma surra do florminense com aquele time fraco deles e nosso com os reservas e o treinador poupando os jogadores pra jogar essa merda que foi ontem… Tô puto com esse joguinho que o mengão jogou ontem… A TORCIDA QUE VER RAÇA, QUE VER OS JOGADORES CAINDO PRA DENTRO, DANDO CARRINHO NA BOLA, APARECENDO PRA RECEBER A BOLA E SEM RECUAR A BOLA PRO GOLEIRO OU PRA ZAGA… Desse jeito com esse joguinho fraco e sem RAÇA não vão ganhar merda nenhuma…!! Até aquele fraco do Lucas prato falou que o mengão é um time sem raça… Pra no final do jogo a gente ter que ouvir isso pq o desempenho do time foi fraco. PORRA!!!!

  • ótimo texto, o sentimento é de tristeza e de frustração, pois o time não consegue evoluir! São os mesmo problemas do ano passado, não mudou nada, já estou com sentimento de eliminado na primeira rodada, muito ruim isso.

  • Não acredito que exista uma sina rubro-negra com a Libertadores,afinal a única relação entre os times que caíram na fase de grupos em 2012 e 2014,por exemplo,com o atual é que vestem a mesma camisa.

    Mas estou traumatizado com Libertadores e acho que já era.Vou torcer muito,é óbvio,só que é difícil esse time ganhar do Emelec fora.Se formos pro último jogo contra o River,na casa deles,precisando pontuar pra passar,como é provável que aconteça,vamos ser eliminados de novo,pois eles tem um bom time além de contam com a simpatia da arbitragem.

    Até estava esperançoso com essa Libertadores,pois os perebas do ano passado foram embora e finalmente estamos vendo o Flamengo priorizar a competição sul-americana em detrimento do estadual,mas o empate de ontem contra o tradicionalíssimo,embora moribundo River,foi um balde água gelada.

    • Só vou corrigir um ponto: Nem todos os perebas foram embora, Pará, Rômulo e Renê continuam a todo vapor, contando com a covardia e falta de noção de nossos treinadores.

      • Bem lembrado meu caro.

  • “Errava na saída de bola com um Jonas que – coitado – não tem culpa de estar lá, tal como não tem futebol para defender o Flamengo.” Mil vezes Jonas que Romulo ou Arão.

  • Não transferir um fracasso a arbitragem? Óbvio que foi preponderante! Penalti claro não marcado, gol de empate 3 metros impedido. Jogamos mal? Sim. Se ganha Libertadores jogando mal, jogando bem mas ganhando. Com arbitragem sempre contra brasileiros fica bem mais difícil.

    • Carpegiani teve muito mais culpa que o árbitro.

      • Ele foi mal. Não colocaria Arão e sim o VJR e iniciaria com o Rodinei. Eu não queimaria o Ronaldo na Libertadores, ele mostrou que não é nada esse craque que o pessoal pensa. Se ele entra e entrega acaba a carreira dele com essa torcida mimada e imediatista.

        Agora o árbitro teve culpa DIRETA no resultado do jogo. Ele foi o principal responsável. Carpegiani poderia ter ido melhor? Sim. Mas um impedimento de 10 metros e um bloqueio de voley no meio da área é 100% culpa da arbitragem. Libertadores se ganha também jogando mal e ganhando. Mas com gol impedido, penalti não marcado (que é gol agora com o Ceifador) e toda hora invertendo marcação fica bem mais complicado.

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