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Mansur: “O turbilhão Vinícius”

Antes de qualquer análise, é preciso pontuar: enquanto saía de campo, Vinícius Júnior foi vítima de um ato repugnante, um crime, seja quais forem as circunstâncias. Racismo não deixa de ser racismo por acontecer num estádio de futebol. Já não cabe mais relativizar transgressões por acontecerem da porta para dentro de uma arena esportiva. É estarrecedora a frequência com que deparamos com gente que parece viver no século errado. Vinícius tem todo o direito de levar o caso à Justiça, e aliás contribuiria muito com a reeducação dos campos de futebol e até da sociedade se o fizesse.

Dito isto, é possível passar ao exame de uma carreira que, embora embrionária, oferece um rico panorama do quanto o jogo moderno torna a formação de um aspirante a craque uma ciência dificílima de dominar. Vale como alerta para quem julga um jovem de 17 anos, vale como reflexão para o próprio Vinícius e para quem cuida de sua carreira.

Todas as armadilhas que se colocam no caminho de uma promessa dos dias de hoje apresentaram-se a Vinícius Júnior em nível extremo: a expectativa de que nascia um talento de exceção, os milhões pagos a ele e por ele antes mesmo dos 17 anos e uma corrida contra o tempo para corresponder a expectativas elevadíssimas, se possível ainda com a camisa do Flamengo. Sem contar a ansiedade pela iminente chegada a um mundo novo e a condição de homem público exposto, efeito colateral da era das celebridades. Tudo muito cedo.

Recusar a chance de ir a Madri e o dinheiro que muda a vida de uma família seria impensável. Não havia passo atrás, e a realização financeira é um objetivo da carreira, algo que Vinícius atingiu ainda jovem. Mas que exige uma maturidade irreal a esta altura da vida.

Todo este cenário compõe um roteiro a que raros jovens sobrevivem. Razões de sobra para ponderar toda a análise sobre Vinícius. “Tudo é frenético demais nestes tempos. E muito já se passou com ele. Vinícius não cometeu crime ao aceitar a proposta e, ainda jovem, ganhar um bom dinheiro; tampouco ao fazer o gesto do “chororô”, embora esta seja uma bobagem que nada contribui com o jogo, além de ser justo reconhecer ao rival o direito de se sentir ofendido; e a duríssima e evitável entrada que resultou em sua expulsão — que até poderia resultar só em cartão amarelo —, não basta para rotulá-lo como violento.

Ocorre que o cartão de sábado revela um jovem visado. E ansioso. A ebulição permanente de sua carreira não o ajuda: a expectativa, a ascensão, a transferência, os milhões, o chororô… A conclusão, que vale para o jogador e para seu entourage, é que Vinícius Júnior precisa de paz. E ele pode se ajudar mais. Precisa evitar a controvérsia. Por ora, sua carreira deveria ter duas prioridades: jogar o melhor possível e esquivar-se ao máximo das polêmicas. De uma simples comemoração à conduta em campo, uma dose de autopreservação pode lhe ser útil.

Hoje, coloca-se diante de Vinícius Júnior o risco de se transformar num personagem antes de num jogador de ponta. Trilhar o caminho de promessa a realidade do futebol é um projeto dificílimo de se cumprir. Colocar ainda mais carga no pesado fardo que estes jovens carregam só torna a caminhada ainda mais árdua. Neymar se viu rodeado de controvérsias em sua juventude. E venceu. O que prova o nível de excepcionalidade técnica necessária para sobreviver nestas condições.

Vinícius tem só 17 anos. É cruel exigir que realize, hoje, um futebol de €45 milhões. Mas o potencial existe. O momento é de criar as condições para que a travessia seja mais amena.

Vitória da bola
Christensen,do Chelsea, errou uma rebatida no gol do Manchester City. O Atlético de Madrid concedeu, numa falta, a chance para Messi dar a vitória ao Barcelona. Dois jogos que eram duelos ideológicos ofereceram uma lição sobre a crença em estratégias ultradefensivas. Não há jogo controlado quando toda ação ocorre perto de sua própria área. Afinal, qualquer lance fora do roteiro acontecerá perto de seu gol.

O melhor de nossos tempos
Messi atingiu 600 gols na carreira. A marca é impressionante, mas só é apreciada em sua real dimensão se contextualizada. Messi fez 600 gols sem ser um “camisa 9” especialista. E como observou o ex-jogador Gary Lineker: vitimou goleiro após goleiro sendo o melhor passador e o maior driblador do futebol atual… E ainda desarma, arma, influencia em todas as zonas do campo. Assombroso.

Cenário triste
O terreno alagado apenas acrescentou alguns ingredientes ao já triste cenário dos jogos em Los Larios, com suas arquibancadas habitualmente vazias — foram 632 pagantes para Fluminense x Volta Redonda — e gramado abaixo do desejável. É verdade que ninguém é capaz de controlar a meteorologia. Mas não é demais esperar que camisas gigantes se exibam em condições mínimas.

Reprodução: Carlos Eduardo Mansur

- Coluna do Fla -

Ver comentários

  • Vnjr será craque.

    O repercussão são os anti se mordendo.

    Ele é perseguido, quando o neymar apanhava aqui tinha campanha contra o jogo sujo.

    Atacante tem que ir pra cima, ter marra. Se impor.

  • Ninguém pode negar a personalidade do garoto...infelizmente o sr do apito, ruim de doer, quis aparecer em cima do menino... uma escorregada, que se tornou um carrinho, que não acertou o adversário...é de lamentar a expulsão... Amarelo apenas e nada mais!!
    Segue o jogo VJ e continue sua saga para derrubar o Cardoso, que acho que nem o Messi consegue, rsrs!

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