Por alguns anos, a rivalidade entre Flamengo e Botafogo atingiu nível jamais visto na longa história dos clubes. Motivado pelas vitórias em campo, o Rubro-negro tirava sarro com o adversário fazendo o gesto do “chororô”. Por outro lado, o Alvinegro se orgulhava de ter um estádio e se recusava a alugá-lo para o time da Gávea – a restrição não se mantinha com Vasco ou Fluminense, por exemplo.
Neste sábado (3), no entanto, tudo ficará no passado. Pela primeira vez em muito tempo, Flamengo e Botafogo se enfrentarão em clima de paz, às 17h, no Nilton Santos (Engenhão). O Alvinegro superou a provocação feita por Vinicius Júnior na semifinal da Taça Guanabara – rendeu até nota oficial do clube – e voltou a ter relações comerciais com o Rubro-negro, que decidiu levar o mando de campo para a casa do rival, o que também mostra o amadurecimento no convívio.
Sem o dinheiro, o Botafogo ficou na obrigação de gerar novas receitas. Com o Rio de Janeiro vivendo uma crise de estádios, o Alvinegro se viu com um importante ativo nas mãos: o Nilton Santos. Para ganhar dinheiro, no entanto, precisou superar antigas rusgas e abrir as portas da casa ao maior rival. O clube tem se dado bem neste aspecto. No período de 30 dias, lucrou R$ 700 mil com aluguéis para Flamengo e Fluminense.Pelo lado do Botafogo, a explicação é bem simples. O novo presidente Nelson Muffarej precisa de dinheiro para manter o clube em dia. A situação já era delicada e ficou ainda pior após a eliminação vexatória para a Aparecidense na Copa do Brasil logo na primeira rodada. No orçamento, o Alvinegro previa chegar no mínimo às oitavas de final. A queda precoce resultou em um prejuízo de R$ 7 milhões em premiações da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Mas não foi apenas o Botafogo que precisou dar um passo atrás na relação. Sem poder contar com o Maracanã, o Flamengo tinha no planejamento utilizar a Ilha do Urubu na maioria dos jogos. O problema é que dois postes com refletores do estádio caíram após uma forte tempestade que assolou a cidade no início de fevereiro. O local está interditado, passará por detalhada perícia e não há previsão de reabertura.
Por conta disso, o Flamengo ficou sem opções para mandar os jogos no Rio de Janeiro, a prioridade da diretoria. E foi justamente em um momento decisivo que a provocação de Vinicius Júnior se fez importante. O gesto do “chororô” na semifinal da Taça Guanabara por muito pouco não azedou de vez a relação entre os clubes. A final do primeiro turno não ocorreu no Nilton Santos justamente por isso.
Mas a vontade de ambos os lados em refazer a relação comercial foi mais forte. Conversas ocorreram nos bastidores e a paz foi selada. O Flamengo tem utilizado o Nilton Santos com frequência desde então – o clássico será o terceiro jogo do Rubro-negro no estádio em 2018.
A torcida agora é para que a nova relação entre os clubes se consolide e que o clima positivo entre as diretorias seja levado aos torcedores.
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