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André Rocha: “Gestão Bandeira de Mello confunde continuidade com continuísmo no Flamengo”

A pífia atuação do Flamengo no empate sem gols contra o Independiente Santa Fé em Bogotá pela Libertadores, com a equipe exagerando na cautela e satisfeita com o resultado que pouco acrescentou na campanha da fase de grupos, subiu ainda mais o tom de indignação dos torcedores contra jogadores e dirigentes, especialmente o presidente Eduardo Bandeira de Mello e o meia Diego Ribas.

Junte a isto a polêmica na reunião do Conselho Deliberativo para aprovar as contas de 2017, suspensa depois da discussão sobre a premiação de mais de dez milhões de reais – 7,7 para jogadores, 2,5 para comissão técnica e 800 mil para o ex- diretor executivo Rodrigo Caetano – em um ano de título estadual, vices da Copa do Brasil e Sul-Americana e sexta colocação no Brasileiro e temos um barril de pólvora.

É óbvio que o ano de eleição torna o ambiente político quase insuportável na Gávea e se o pagamento estava previsto dentro de um plano de metas ele tem mesmo que ser cumprido e o clube valorizar a possibilidade de honrar seus compromissos, algo inviável há menos de dez anos.

Mas todo esta crise é consequência do grande equívoco da gestão Bandeira de Mello na condução do futebol do time de maior torcida do país: confundir continuidade com continuísmo.

Quando há ideias dentro e fora de campo com planejamento e que geram desempenho vale a insistência até que comecem a resultar em troféus. Como no próprio Flamengo há quatro décadas, perdendo títulos seguidos para Fluminense e Vasco de 1975 a 1977, mas ganhando maturidade para em seguida alcançar as maiores conquistas da história da agremiação.

Agora há um time que é criticado por sua apatia e pouca entrega, mas que na maioria dos reveses se ressentiu mesmo da falta de rendimento. Porque as características dos jogadores não combinam com a proposta de jogar no ataque e se impor. Zagueiros lentos, laterais que oferecem poucas soluções além dos cruzamentos a esmo, meio-campistas sem o passe decisivo e um ataque que precisa de muitas oportunidades para ir às redes.

Não há plano de jogo que funcione. Com Zé Ricardo, Rueda, Carpegiani ou o novato Maurício Barbieri.  Sem triangulações, ultrapassagens, fluência. Só bolas levantadas na área e lampejos dos mais talentosos. Simplesmente não funciona.

E não há mudanças profundas, porque na visão do presidente basta insistir para dar certo. O ”vamos levando” que se transformou na grande marca de sua administração que é histórica pelo saneamento das finanças, algo que não é mérito apenas de Bandeira de Mello, mas vai chegando ao fim do segundo mandato com o rótulo do insucesso no carro-chefe do clube.

A manutenção de Barbieri é a prova de que o crédito de um elenco caro e que entrega pouco em campo parece infinito. Os jogadores querem, os dirigentes atendem. O ápice dessa estranha relação foi o pedido de Bandeira para que os atletas o ajudassem depois da eliminação do Carioca. Sem cobranças, apenas afagos e súplicas.

A direção do futebol age como o pai que começa a ganhar dinheiro e cobre os filhos de mimos, deixando de ensinar o valor do esforço. Só que a maioria dos que lá estão não viveram os tempos difíceis para ganhar tantas recompensas.

O que é mais preocupante em toda essa crise é um pensamento crescente de que o futebol só funciona em meio ao caos financeiro e com jogadores ”bandidos”. Este que escreve prefere não ficar recorrendo ao passado para comparar com a situação atual, mas neste caso é preciso: Zico era ”bandido”? Em 1981 o salário atrasava? Definitivamente todo este cenário complexo não pode ser resumido à ”falta de raça”.

É claro que, na prática, tudo seria diferente, por exemplo, com a conquista da Copa do Brasil. No país do futebol de resultados não se avalia qualidade de trabalho. E obviamente este blogueiro não defende que profissionais não tenham as melhores condições para exercer seus ofícios apenas porque não venceram. Muito menos que sejam agredidos, como quase aconteceu com Diego no embarque da delegação para Fortaleza.

Mas o momento exige ruptura que vai além das demissões após a eliminação no Carioca. Direção do futebol com independência e treinador com autonomia para mudar peças e o modelo de jogo. Ou seja, sair da inércia. Com a gestão Bandeira de Mello parece uma missão quase impossível. Porque há apego ao fracasso.

Reprodução: Blog do André Rocha | Uol Esporte

- Coluna do Fla -

Ver comentários

  • Falou tudo.

    Fora que o nosso elenco nunca ganhou nada que preste e tem uma moral com o Derrota de Mello e sua claque inexplicável. Muito suspeita aliás.

  • Todos querendo tirar uma casquinha... Não sou defensor do presidente, mas gosto da justiça. Por que o insucesso no futebol é culpa exclusiva do presidente e o sucesso nas finanças e melhorias na estrutura do clube, não são méritos exclusivos dele também?
    Não se pode jogar no lixo, um excelente trabalho feito por essa equipe comandada pelo atual presidente.

    • Sabe, não me conformo com o fato das pessoas sempre associarem seu fracasso à alguém. Poxa o EBM fez tudo em relação a gerir uma empresa e banca recompensas como qualquer dono de empresa consciente faria pelo funcionário. Agora se o funcionário é mal caráter e não tem responsabilidade, que saia, que seja demitido, todos nós queríamos que uma empresa nos bonificasse pelos nossos méritos. A administração deve rever as metas, pois essas metas estão aquém dos objetivos do torcedor que é ganhar títulos. Pra mim é culpado por insistir em algo que não tem resultado é pela falta de planejamento no futebol. Futebol dever ser coordenado por profissionais da área, ex jogadores que participaram da história do futebol. EBM entendi de finanças, mas de futebol... Isso eu admito, não sabe de nada, porém devemos dar os méritos do momento financeiro atual pra ele e só estamos nessa arrogância toda pelo fato de imaginarmos que podemos ter um futebol melhor pq estamos de bolso cheio.

    • Concordo plenamente brother. O que não é comum em qualquer clube do mundo (exceto o Eurico Miranda) o presidente ser vice de futebol (que tbm é fato que esse cargo que gerencia o futebol). Infelizmente o Bandeira de Mello é centralizador e é essa atitude que foi é está sendo a indignação. + Concordo com vc temos que saber destinguir isso e não ser movido por emoção

  • Perfeito, André! Já comentei que "corrupto" não é só o que recebe propina, mas também o que se corrompe no caráter. É o caso do Bandeira de Mello. Por pura vaidade e mau caratismo (a traição dele aos amigos que o colocaram lá é nojenta) faz talvez a pior gestão do futebol na história do clube. Não se conhece um outro momento nessa história em que os jogadores fossem tão passivos, omissos e covardes. São a cara do chefe, que os protege, afaga e a quem pede ajuda. Porra, esse cara é um doente! É uma BANANA PODRE.

  • Perfeita análise.....os caras estão insistindo como se a qualquer momento fosse encaixar o bom futebol...com arão, Renê, Geuvanio, Pará.... não adianta

  • Ótimo texto realmente. Fica evidente que os treinadores escolhidos não tem qualquer tipo de capacidade para gerir uma equipe cheia de "estrelas" e não possuem conhecimento tático para utilizar as peças que temos a disposição. Olha a saída de jogo do Flamengo como é ridícula. A linha de ataque se posiciona toda a frente escondida atrás da defesa, como os laterais mal sobem, os pontas ficam presos em uma marcação dupla entre o lateral e o ponta adversário, Henrique dourado não sabe jogar de costas pra defesa e portanto não é opção de passe pra bola que vem do meio. Cuellar é ótimo volante, mas não é nenhum Xavi, não consegue desmarcar ninguém, pois não tem ninguém livre. Diego é forçado a voltar até a defesa pra pegar a bola e tentar algo, mas Arão é um zero a esquerda e não participa de nada, o resultado é que como não tem ninguém livre o Diego carrega a bola sozinho até sofrer uma falta ou perder a bola. O Flamengo é totalmente ineficiente taticamente e nossos treinadores não sabem aproveitar as peças que tem, preferem tentar encaixar os jogadores na tática do que encaixar a tática aos jogadores.

  • "administração que é histórica pelo saneamento das finanças,ALGO QUE NÃO É MERITO APENAS DE BANDEIRA DE MELLO"...Parem de tratar esse senhor como se fosse Deus, ninguém faz nada sozinho e todos sabem disso,ele é apenas um presidente lambão do clube mais POPULAR DO PAÍS!!!

  • Bandeira está passando por esses percalços, pela sua arrogância. Ele quis assumir o futebol e receber os louros sozinho. Agora que o barco está a deriva, tenta se desvincular do fracasso. A torcida não se engana mais.

  • Melhor texto sobre toda situação que existe, quem discordar é um cego esse mantra "vamos levando" é pra todos os rubro-negros acomodados igual a esse elenco, pior que não terá grandes mudanças, só na saída dos bananas da presidência, têm gente séria dentro do clube, mas quem têm que pensar em futebol nem do assunto sabem(Fred Luz e Bandeira)!

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