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Carlos Eduardo Mansur: “Um Flamengo em evolução, no campo e na arquibancada”

No Brasil, encher estádios não é uma ciência tão simples de dominar. Mas o belo Maracanã da tarde de ontem dá elementos para entender o quanto vale a pena tentar. E as razões excedem a matemática pura e simples das receitas e despesas.

Entre 2007 e 2009, o Flamengo jogou para uma média de 40 mil pessoas por jogo no Campeonato Brasileiro. Mas, em 2007, já em plena reação que o tiraria da parte baixa da tabela e o levaria à Libertadores, enfrentou o Figueirense para 11 mil pessoas, dias após encher o estádio e tropeçar no Sport. Venceu o Cruzeiro para os mesmos 11 mil, logo depois de uma derrota para o Internacional. A campanha do título de 2009 teve estádios lotados e públicos como o do jogo com o Santo André: 13 mil pagantes. Sempre com preços médios de ingresso entre R$ 12 e R$ 20.

Significa que o preço tem óbvia influência na presença do público, mas que no Brasil a posição na tabela também tem. Só que não há como controlar resultados. Já a política de preços, sim. E esta pode render frutos. Entre eles, ajudar a produzir resultados, como ontem.

Mas o ponto crucial é permitir um estádio mais plural, que reflita a identidade de um clube popular e evite a exclusão. E fundamental: o Maracanã que pulsou ontem produz experiência, gera vivências marcantes para clubes que precisam fidelizar gente, e não excluir. Pela TV, provavelmente Barcelona e Real Madrid tenham oferecido um espetáculo melhor. Mas a sensação de quem foi ao Maracanã foi de que valeu a pena estar lá. No mundo global, o momento pede que se lembre ao torcedor brasileiro que sua proximidade precisa ser com os clubes daqui. O chamado pertencimento.

Ontem, quem foi ao estádio pagou, em média, R$ 25. Nas últimas temporadas, o valor andou em R$ 60. Na situação atual, e com o preço atual, dificilmente o Flamengo jogará para menos de 40 mil pessoas. Para tanto, precisará seguir evoluindo.

E aí passamos à análise de um Flamengo que, embora líder, não é um time pronto. É elogiável que se proponha a ditar o ritmo, ser protagonista, controlar jogos através do domínio da bola e do passe. Mas fazer um time funcionar bem neste modelo exige tempo. É um trabalho quase artesanal. O jogo com o Internacional retrata um processo em andamento. Mas que transmite boas sensações.

Foram muitas as passagens do primeiro tempo em que Lucas Paquetá e Éverton Ribeiro se juntaram a Cuéllar para as ações de saída de bola. Com laterais e pontas muito abertos, o Flamengo abandonava a intermediária ofensiva, perdia opções de passe em profundidade e se distanciava de seus atacantes. Não havia ocupação do espaço entre as linhas de marcação do Internacional.

Com Paquetá e Éverton Ribeiro ocupando faixas distintas do campo na segunda etapa, o panorama mudou. Sempre havia um meia, em especial Éverton Ribeiro, mais próximo à entrada da área rival, o time se aproximava para trocar passes e o jogo fluía. E houve ótimas atuações individuais. Cuéllar foi excelente no desarme e no primeiro passe, Paquetá deu sempre o ritmo do jogo e Éverton Ribeiro ocupou uma zona do campo onde pode desequilibrar. Foi premiado com um belo gol. Sem falar em Guerrero: claramente ainda sem o ritmo ideal, é nitidamente mais influente do que Henrique Dourado no papel de pivô, vital a um time que joga com bola no chão.

Manter a liderança é mais do que um teste de resistência para este Flamengo, cujo elenco tem grandes virtudes e seus desequilíbrios. É um teste de evolução.

Sobrevivência no caldeirão

O Vasco precisava de boas notícias. Contra o América-MG, obteve algumas, além do resultado. Bruno Cosendey talvez tenha sido a melhor. Jogou como meia, mas pode ser até alternativa ao desgastado Wellington. O nível de Kelvin em sua volta também é bom sinal. Mas a marca do jogo foi a capacidade do time de se manter organizado sob tamanha pressão e com tantos desfalques. Mérito de Zé Ricardo.

Exemplo à beira do campo

É importante que se cobre dos jogadores atitudes que colaborem com o espetáculo. Para tanto, influi o exemplo que vem de quem os comanda. A cultura de reclamações a cada decisão da arbitragem começa pelas áreas técnicas. E, por vezes, termina em episódios dispensáveis, como a discussão entre Alberto Valentim e Mano Menezes na vitória do Cruzeiro sobre o Botafogo.

Douglas em alta

O jogo que praticamente decidiu o Campeonato Italiano para a Juventus teve um antes e um depois de Douglas Costa. Foram dois passes para gol, outros dois desperdiçados por Cuadrado e influência direta na virada sobre o Bologna. Poucos são os convocáveis de Tite que chegam à reta final para a Copa do Mundo com um crescimento tão vertiginoso. Seu lugar parece assegurado.

Reprodução: O Globo

Ver comentários

  • Diego Ribas na entrada da grande área, ER na meia direita e Paquetá vindo buscar de trás.

    Podem falar o que quiser, mas Barbieri está sabendo colocar as peças no lugar devido.

    • Problema eh que geuvanio nao tem a minima condicao.
      Tinha que devolver o ER7 pra posicao que o geuvanio esta jogando e enquanto o diego esta fora, colocar alguem no lugar dele. Se de fato o ederson nao esta consegundo fazer essa funcao, ai de fato atrapalha pois nao tem mais quase ninguem com essas caracteristicas.

      • Vejo duas alternativas, mas que mudam o sistema de jogo (o que o Barbieri tem evitado nesse momento, a meu ver, com razão): maturar a entrada do Jean Lucas, mudando o posicionamento do Paquetá (tem sido essa a substituição padrão, o que é bom porque colocou o Arão mais atrás na fila), ou tentar Dourado e Guerrero juntos. A outra alternativa seria contar com a volta do Berrio (é o ponta direita menos pior do elenco) ou apostar nos "craques invisíveis" Marlos/Thiago Santos/Ederson.

  • Com Berrio voltando a direita acredito em um flamengo mais agudo. O problema é no lugar de quem entra

      • segundo tempo, mas pode jogar no lugar do VJr qdo este for embora para o Real, logo mais em julho....

        • Uma opção melhor que Geuvânio e Marlos, ou titular caso o Vinícius vá embora mesmo.

          • com certeza, é caneludo, mas acerta mais do que muitos outros no time....qdo tava pegando tempo de bola por aqui, se contundiu... jogo do flamengo dá certo com ele, pois usam muito os pontas... só que o cara não precisaria voltar tanto, com ele em campo, veloz como é, o lateral poderia ficar mais plantado, só precisa encostar um segundo volante ou meia para tabelar ou por ele para correr....

  • O que deixa a desejar é a falta de um zagueiro mais rápido e técnico e um lateral-esquerdo, porque com Rene jogamos com dez!!!!!

  • Barbieri está mostrando personalidade. Tomara que não se perca pelo caminho.

  • Essa formação com 2 jogadores de velocidade e centroavante na frente + dois armadores com Cuellar na marcação acho a melhor

    ** Geuvânio e fraco pra ser titular, colocando o Diego com Everton Ribeiro ou Paquetá pelo lado acho que mata eles

    * O melhor seria outro jogador de velocidade melhor coisa que não tem no momento, até o berrio volta

    • Tem o Marlos, que nunca tem chance. Acredito que renderia bem se tivesse a quantidade de oportunidades que o Geuvânio tem.

      • Concordo. Marlos foi pro City a pedido de Pep Guardiola. Futebol ele tem. Era o dono do time do at-Medelin campeao de tudo. Precisa de sequência.
        Outra opção seria o Tiago Santos. Tem q testar agora, pois o Berrio volta no meio do ano.

  • Essa analise só serviu para confirmar as minhas ideias:

    Guerreiro merece lugar neste time, pois eleva o nível do futebol que o Flamengo pode apresentar em campo!

    Dourado já provou ter sido uma boa contratação e deu uma aula de humildade ao falar sobre a importância de Guerreiro para o Flamengo hoje.

    Paquetá tem todas condições de ser o 'maestro' do Flamengo quando necessário, ao lado de Everton Ribeiro, que timidamente se sobressai a Diego Ribas quando joga no meio campo.

    Acredito que por sinal respeito ao papel de líder do grupo que Diego Ribas exerce no Flamengo, então Everton Ribeiro sabiamente prefere jogar de atacante de lado para evitar disputa de 'ego'.

    Uma forma inteligente de manter a harmonia do grupo.

    Maurício Barbieri merece os parabéns por estar conseguindo fazer um bom trabalho no Flamengo, ainda que a torcida não tenha a total confiança nele, pelo menos demonstra alguma maturidade e personalidade no comando do time!

    Mas os dias de paz estão ameaçados com as incertezas da continuidade de Vinicius Jr. e Guerreiro no Flamengo, pois na ausência destes jogadores, seus substitutos não tem praticamente nenhum entrosamento com o grupo e sequer ritmo de jogo.

    Carpegiani fez o certo em começar o ano colocando os garotos da base pra jogar, agora será a vez de Barbieri começar a usar os meninos do Ninho, pois eles serão mais uma vez fundamentais se o Flamengo tiver a pretensão de levantar títulos nesta temporada!

    SRN

  • Thiago Santos deveria ser testado no lugar do Geuvanio...