Ficar longe dos campos, dos treinos e dos companheiros. Não poder manter a forma física no ano que sonhava em disputar a Copa do Mundo. Os últimos meses têm sido difíceis para Paolo Guerrero. No meio de tantos problemas desde o início da suspensão por doping, o atacante encontrou um refúgio no começo de 2018. Achou abrigo longe do Rio de Janeiro ou de Lima, capital de seu país. Foi em Buenos Aires, na Argentina, que encontrou apoio no momento mais duro de sua carreira.
O GloboEsporte.com visitou o local em que Guerrero treinou por mais de dois meses enquanto esteve proibido de usar as instalações do Flamengo. A província de Canning é uma área calma, um tanto isolada, a 40km de distância da Grande Buenos Aires. Naquele momento, antes da decisão do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) de ampliar sua pena por doping, o atacante se preparava para voltar a jogar em maio (atuou duas vezes pelo Flamengo antes do novo veredito) e, principalmente, chegar na melhor forma possível no Mundial.
A ideia de colocar Guerrero em contato com esse grupo de jogadores amadores e ex-jogadores veio do técnico da seleção peruana, o argentino Ricardo Gareca, e do preparador físico de sua comissão, Nestor Bonilla. Ele colocou o atacante em contato com o ex-jogador argentino Mariano Pernía, que tratou de organizar o grupo que se tornaria uma espécie de família para o camisa 9.
— O professor peruano Bonilla tem familiares vivendo aqui. Paolo não podia realizar treinos no Brasil ou no Peru, onde é muito conhecido. Tinha que ficar sozinho também. Aqui temos um campo em boas condições. E o professor trabalhou comigo no Indepediente. Surgiu essa possibilidade de treinar. E nos trabalhos de bola, eu o ajudei. Fomos juntando os garotos e conseguimos ótimos treinos – disse Pernía.
Quem são eles?
Mariano Pernía é sem dúvidas o que tem o currículo de maior peso no grupo. Como lateral-esquerdo, saiu do futebol argentino e fez longa carreira no futebol espanhol, principalmente no Atlético de Madrid. Ganhou nacionalidade no país europeu e jogou a Copa do Mundo de 2006 pela Fúria. Ele ”recrutou” outros ex-jogadores do país, atletas amadores e jovens que estão sem clube. Todos com algum conhecimento do futebol profissional. Era importante que todos estivessem bem fisicamente.
— Como toda estrela, no começo queríamos ver como ele era. Podia ser que se chateasse com algo. Mas em seguida vimos como ficou tudo muito bem. Estava à vontade. No dia a dia nossa amizade foi crescendo, fazíamos brincadeiras. Se sentia muito cômodo. Antes vinha três vezes por semana, depois passou a vir todos os dias. Fizemos um grupo lindo e até hoje mantemos contato – conta.
Como eram os treinamentos?
Mariano diz que era o que mais ”sofria”, porque quase sempre se encarregava da função de marcar Paolo Guerrero. Outro do grupo, Matias Alvez é professor de educação física e, por isso, exercia função técnica em boa parte dos trabalhos. Ele explicou que o objetivo do trabalho era fazer com que Guerrero mantivesse ritmo para poder jogar assim que sua punição, antes de seis meses, acabasse.
— Conhecemos uma pessoa realmente muito profissional, humilde. Isso faz a grandeza de uma estrela. Em termos de trabalho, foi muito bom. O objetivo era claro e ficamos felizes de ver como pôde jogar na volta ao Flamengo. Era o que tínhamos que fazer. Com que ele pudesse somar ao seu clube imediatamente – disse Matias.
Além de poder voltar em alto nível quando tivesse condições de defender novamente o Flamengo, Guerrero queria chegar em plena forma para sua seleção. Antes do duro golpe da extensão da punição, seus colegas recebiam planilhas de atividades direto da Federação Peruana de Futebol (FPF).
Ambiente de descontração foi injeção de ânimo
Mais que trabalhos, o acolhimento dos novos colegas foi especial. Juan Imparato era o goleiro da turma. Um dos poucos que não jogava profissionalmente, somente de forma amadora, lembra com carinho da oportunidade que teve de encarar um atacante como Guerrero.
— Foi uma experiência nova. Uma experiência que não esquecerei nunca. Me marcou muitos gols, na verdade. É um fora de série. Jogadores assim fazem diferença – disse o goleiro.
Em vídeos guardados pelos argentinos, é possível ver momentos de descontração. No mais marcante deles, Guerrero é alvo de um clássico ”corredor polonês” em um raro dia em que se atrasou para o treinamento.
Apesar de todo o esforço que fez na Argentina e do carinho que recebeu dos ”hermanos”, o principal objetivo não foi alcançado. Por decisão do TAS, Guerrero não jogará a Copa e tem mais oito meses de punição a cumprir. As lembranças, no entanto, ao menos mostram que a tentativa valeu a pena.
Reprodução: Globoesporte.com
O Jobson usou entorpecentes,foi pego no anti doping,pegou dois anos de suspensão, posteriormente reduzido a seis meses.
Nada justifica essa pena de quatorze meses, é muita crueldade,para não dizer sacanagem.O Guerrero amparado na justificativa desse órgão,para puni-lo, deveria acionar a justiça comum,para obrigar esse órgão a anistia-lo indeniza-lo financeiramente,por danos morais e financeiro.