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Rodrigo Capelo: “As finanças do Flamengo: a boa gestão superou tudo – só falta uma identidade vitoriosa”

Começo de temporada para brasileiros, desfecho para europeus, em março deste ano José Mourinho fez um monólogo de 12 minutos para se defender de críticas. Contratado para fazer do Manchester United vitorioso, o técnico tinha uma das maiores potências financeiras do mundo sob seu comando, mas não convertia o dinheiro em títulos da Liga dos Campeões. E ele se defendeu assim. “Existe algo que eu costumo chamar de herança futebolística. Eu tento traduzir do meu português para o inglês, e a tradução palavra por palavra é algo como herança futebolística”. O treinador mencionou resultados recentes. Em 2013, fora da competição europeia nas oitavas de final. Em 2014, fora nas quartas. Em 2015, ausente do torneio. Em 2016, fora na fase de grupos. Em 2017, de novo ausente. A sequência de insucessos era a herança futebolística que ele assumira. O monólogo é de José Mourinho. Mas poderia ser de algum dirigente do Flamengo. Embora tenha melhorado seu desempenho esportivo, como Mourinho fez no United, o clube tem sobre sua gestão o peso de sua herança futebolística.

como Mourinho, um dirigente flamenguista poderia retroceder anos a fio até encontrar uma temporada tão boa quanto a passada. Voltaria décadas e só encontraria um ano positivo assim no início dos anos 1980, fase dourada de Zico, Júnior e tantos outros craques rubro-negros. Herança futebolística. A questão – e isso tem tudo a ver com gestão – é que o Flamengo ainda não conseguiu desenvolver uma cultura vencedora dentro do futebol.

Quando se faz uma análise crítica acerca do desempenho esportivo do Flamengo, é importante que não se puxe todo o retrospecto desde o início da gestão de Eduardo Bandeira de Mello. A situação não era a mesma. Os três primeiros anos desta administração, ungida por um grupo de executivos e empresários que cansou de ver o time do coração na pindaíba, foram usados basicamente para arrumar a casa. Não custa lembrar. O clube devia em 2013 um valor próximo de R$ 700 milhões. Um endividamento desse tamanho ameaça a existência de um time por não deixar que ele tenha acesso ao dinheiro. Entrou alguma grana pelo contrato de televisão? A Justiça penhorou para quitar dívidas trabalhistas. As bilheterias começaram a render mais dinheiro a partir da empolgação da torcida com uma nova gestão? A Justiça penhorou de novo. Talvez o torcedor nunca vá ter a dimensão apropriada do trabalho que foi realizado ali para conter as dívidas. O Flamengo precisou negociar acordos com credores, tomar empréstimos bancários baseado na credibilidade dos nomes que o dirigiam, entrar no Ato Trabalhista para formar uma espécie de fila – nesse esquema, a Justiça para de penhorar toda receita e passa a aceitar que apenas um percentual do faturamento seja tirado todo mês para pagar a fila de ex-jogadores.

elenco atual. A maior parte do dinheiro pagava a herança financeira. A linha que demonstra mais claramente essa situação é a das remunerações do futebol – a soma de salários e direitos de imagem. O faturamento rubro-negro subiu consistentemente, mas o investimento feito no elenco foi mantido no mesmo patamar em 2014 e até reduzido em 2015. Até então, o Corinthians investia mais do que o Flamengo. Cruzeiro, São Paulo e Internacional também investiam mais. A correlação entre dinheiro e performance não pode ser feita só na vertical – a comparar o estado financeiro de tal clube contra o histórico dele mesmo. Numa comparação horizontal, com os principais concorrentes, percebe-se que não havia base para exigir da equipe rubro-negra um desempenho muito melhor do que o dos principais adversários.

A folha flamenguista só começou a aumentar a partir de 2016. Não por acaso, melhorou também a performance. O time que se acostumara a frequentar o meio da tabela chegou ao fim daquela temporada em terceiro no Brasileirão. Uma posição compatível com o investimento que passou a fazer em salários, agora com a segunda maior folha do futebol brasileiro. Faça um favor. Anote um número. A diferença de Flamengo e Cruzeiro, terceira maior folha do país, foi de 1,04. Esta é a comparação entre segundo e terceiro. A temporada de 2017 foi a da consolidação. À medida que continuou a reduzir as dívidas e liberar o caixa para enfim investir no futebol, a diretoria elevou a folha para R$ 219 milhões – novamente abaixo do Palmeiras. São nítidas as razões para esse aumento. O Flamengo reforçou seu elenco com a aquisição de Éverton Ribeiro, a mais cara de seu histórico, além do Berrío, dos laterais Trauco e Renê, do volante Rômulo e do meia Conca. O torcedor tem motivos para ter bronca daqueles que chegaram e não renderam, mas o ponto aqui não é este. Sabe a comparação entre segunda e terceira maiores folhas? O Flamengo em 2017 teve 1,25 em relação ao terceiro colocado, o Corinthians. O elástico do investimento continuou a esticar.

É por isso que o Flamengo tem tudo para ganhar títulos – ou, numa métrica mais realista de sucesso no futebol, disputar toda competição que participa para vencer. Enquanto adversários como Botafogo, Fluminense e Vasco penam para manter seus melhores atletas para o ano seguinte, dependentes da balança do custo-benefício para a manutenção de sua competividade, o Flamengo mantém seu elenco e lida com a obrigação não a remontá-lo do quase zero, mas aperfeiçoá-lo com a aquisição de substitutos para posições em que rendeu abaixo do esperado.

A temporada de 2017 reservou boas notícias do ponto de vista financeiro. O endividamento continua a cair e chegou aos R$ 450 milhões. Esse numerão deve ser quebrado em algumas partes para que se tenha melhor compreensão. A maior dívida ainda é com o governo federal, correspondente a 65% do total. Aqui não tem susto. A equipe aderiu ao refinanciamento de dívidas fiscais por meio do Profut, em 2015, e só tem de manter parcelas em dia para não se preocupar. As dívidas trabalhistas hoje representam só 13% do total, um quadro muitíssimo diferente daquele encontrado cinco anos atrás. Enquanto adversários como o Botafogo comemoraram o fato de ter entrado no Ato Trabalhista, a fila de credores que equaciona os pagamentos e alivia o fluxo de caixa, o Flamengo saiu desse mesmo acordão no término de 2017. O efeito prático disso se vê no caixa. Só em novembro do ano passado, com a saída do acordão, o clube conseguiu acabar com o desconto de 15% de suas receitas.

Em termos de faturamento, o Flamengo continuou a expandir receitas de maneira saudável. A entrada de dinheiro dos direitos de transmissão, geralmente acima dos 50% do faturamento em outros clubes brasileiros, na Gávea correspondeu a apenas 33% do total em 2017. Isso graças às expansões das receitas com patrocínios, sócios torcedores e bilheterias – mesmo sem ter uma relação amigável com a administradora do Maracanã, a Odebrecht, as vendas de ingressos bateram recorde de rentabilidade no clube. Até as transferências de jogadores bateram no teto. O histórico do Flamengo era incontestavelmente fraco nesta linha de receita, com uma média de R$ 11 milhões arrecadados por temporada nos 15 anos anteriores. Como está com as suas contas no eixo, a direção rubro-negra pôde barganhar nas negociações do lateral Jorge para o Monaco e do atacante Vinicius Júnior para o Real Madrid. As duas vendas, mais uns quebrados, renderam R$ 129 milhões em 2017 – com o importante adendo que este valor considera apenas duas das três parcelas que o clube receberá do Real por Vinicius Júnior, tendo a terceira sido negociada para entrar no caixa apenas em 2019. A cifra dos R$ 129 milhões corresponde apenas ao que entrou de fato no caixa no decorrer da temporada. Ainda ficou crédito para o futuro.

potencial destrutivo (ou construtivo) do que o futebol. O torcedor se decepcionou ao não comemorar mais uma vez o título estadual em 2018, apenas a simbólica Taça Guanabara. Mas o time está vivo noutras competições. Venceu nas oitavas de final da Copa do Brasil, classificou-se em segundo lugar em seu grupo na Libertadores e lidera o Brasileirão até a 7ª rodada. O Flamengo tem tudo para conquistar títulos e acabar logo com a sina do campeão de balanço que não ganha nada. Senão é bom Bandeira preparar um bom monólogo sobre a herança futebolística rubro-negra.

Reprodução: Rodrigo Capelo / Época Esportes

Coluna do Flamengo

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  • Boa avaliação, porem a divida era de 750 milhoes! O que se plantou e ainda se planta Nesse periodo é o ressurgimento de um gigante afundado num mar de lama e dividas que em pouquissimo tempo saiu do inferno, voltou para a terra e logo chegará ao ceu! Não tenho duvidas disso! A hora vai chegar! O Flamengo é gigantesco, e Estamos a cada ano rumo ao topo novamente! SRN

  • Esse artigo deve ter sido encomendado pelo Derrota de Mello. Se esqueceu de falar que ganhou uma improvável Copa do Brasil em 2013 com um time modesto e chegou a semi no ano seguinte, só não disputando a final devido as substituições vaidosas do Luxemburgo. Em 2015 o Derrota rompe com os executivos e começa a imprimir o seu DNA de repartição pública e toda a crescente rumo aos títulos desaparecem a partir daí. Em 2017 perdemos as duas finais que disputamos, uma nos pênaltis e outra pelo placar mínimo, todas devido a falhas de planejamento infantis somadas a um espírito conformista que o Banana e sua trupe são os grandes responsáveis.

    • Legal, vamos voltar então na época da Paty, Kleber Leite, etc.... e dever pra todo mundo, ser motivo de chacota e rondar o Z4. Pelo jeito, isso lhe deixava feliz.

      • Bandeirete, se o Derrota de Mello fosse o administrador naqueles anos, talvez nós fossemos rebaixados porque ele iria proteger todo mundo. Não passa de um incompetente que tomou pra si o louro dos outros.

        • Piadista. E bandeirete é o seu cu. Se não sabe argumentar, não faça comentário.

    • Não vejo a hora de mudança no comando, mas não perceber a mudança de patamar comprova uma de 2 coisas! Ou é cego, ou não consegue enxergar!!

    • Que bosta de texto!passa vergonha pq gosta. O Famoso desdenha quer comprar! Seca pimenteira do karalho! Vc é da turma do quanto pior, melhor! Até me admiro aparecer! Ultimamente sua trupe Esta caladinha pq as coisas estao indo bem, porem Com certeza estão esperando o primeiro momento de crise pra falar um monte de merd@! Espero q o time continue a evoluir e que continue a vencer para “torcedores” como vc engolirem seco! SRN

    • As bandeiretes insanas ficam ouriçadas. Quando o Flamengo tá pagando mico, seja pelo elenco mal montado, seja pelo espírito de perdedor que o Derrota de Mello criou ali, você não vê nenhuma delas aqui. Mas basta assumir a liderança na 5a rodada (!!!) e as distintas aparecem em peso aqui exaltando o Banana e seus feitos (dos que o colocaram lá na realidade) na área de finanças. Quando vêem seu Zico criticado, juram que o insatisfeito é da oposição (a que colocou o Boca Mole lá) ou quer a volta das dívidas, do Kléber Leite, etc.

  • Quando se compra um ingresso, não vem nele dizendo de quanto o seu time vai ganhar. Para quem leu o artigo e tem o mínimo de discernimento, consegue compreender que futebol vai muito além de resultado. Vitórias são consequências de um trabalho, de um planejamento, de um projeto. Existe pontos fora da curva? Existe! Mas não podemos nos levar pelo imediatismo alheio, até porque, não será apenas 2 mandatos RESPONSÁVEIS que nos levará a glória de outros tempos.

  • Realmente é complicado criticar essa gestão no que diz respeito às finanças. No futebol eles deixam muito a desejar, contratações erradas e desnecessárias, rever e juan já deveriam ter deixado o elenco, para, arao, romulo, ederson e trauco não tem mais condiçoes, talvez nem geuvanio, ja aliviaria bastante a folha salarial, henrique dourado eu vejo como uma contratação emergencial uma vez que o vizeu forçou pra ser vendido e o guerrero o problema com o doping, então essa passa pra mim, outro erro foi a manutenção do everton cardoso no time travando a ascensão do VJ, Jean Lucas merece mais chances pois Diego já vem mal há tempos, Lincoln pode crescer como cresceu o VJ, o Dourado é difícil aturar, o Renê é limitado mas na defesa ele dá conta do recado. Todos esses pontos acho que já fariam o Flamengo dar um grande salto de qualidade.

  • " Só Falta uma identidade vitoriosa" uma sugestão para a nova gestão 2019. contratem o departamento de futebol inteiro do gremio junto com renato gaucho, e ja pergunte a ele qual jogador do gremio ele gostaria de ter como titular no mengão, se for pra gastar com contratações que pelo menos reformulem esse departamento de futebol ... esta na hora de retomar nosso DNA VENCEDOR

  • Grande matéria essa é a realidade do flamengo isso porque não tem estádio propio

  • Basicamente, hoje o Flamengo é um clube com situação Solvente, ou seja, arrecada mais que deve, mesmo se descontarmos as vendas de atletas, algo que qualquer planejador faria, já que é uma receita bem instável. Eu perdôo perfeitamente o Bandeira pela ausência de títulos, porque sei que eles virão em virtude do trabalho realizado. Eu não tenho essa ilusão de "devolvam meu Flamengo" e assemelhados porque o clube nunca foi vencedor. Em 112 anos de história no Futebol só teve uma era vencedora, mais em virtude de uma geração genial da base do que por mérito administrativo. Então, a era de ouro do Flamengo está por vir e será baseada nesse trabalho.

    • Você tem razão! Tivemos aquela década dourada e, depois disso, títulos ocasionais e a torcida fazendo festa com qualquer coisa. Agora, estamos entrando numa era diferente, só não ver que não quer! Clube estruturado, elenco competitivo, dinheiro para contratar os melhores profissionais em todas a áreas. SRN

  • Finalmente uma grande matéria sobre a evolução do clube na gestão EBM. Tem que lembrar que quando essa administração tomou posse o Flamengo era um clube quebrado financeiramente com uma bagunça administrativa e sem qualquer infraestrutura necessária para suportar times vencedores por muito tempo. Hoje financeiramente o clube esta muito bem, foi criado um modelo de gestão que tende a perdurar por muito tempo e na questão da infra só falta mesmo resolver a questão do estádio!! O flamengo vai sim ganhar muitos títulos, temos que só ter o discernimento de mudar o que precisa ser mudado sem afetar o que não precisa ser mudado. SRN

  • Agora temos coisas importantes a resolver a partir de 2019:
    1) Estádio
    2) Técnico Renato Gaúcho
    3) Coordenador de Futebol Paulo Autuori (esse ano)
    4) Diretor de Futebol Leonardo (esse ano)
    5) Auxiliarres Alexandre Mendes e Barbieri
    6) Sócio Torcedor (fazer parcerias vantajosas para todo o Brasil)
    7) CT (finalizar)
    8) Trazer os melhores profissionais do país para prepararem os atletas
    9) Colocar no campeonato Carioca os reservas + base para podermos ter um elenco forte com boas reposições
    10) Aumentar a multa das principais jóias, patamar time europeu, pra que possamos segurar os jogadores o máximo possível aqui

    • Será importante o sucesso do Vinícius Júnior quando sair daqui, pois irá valorizar a capacidade do clube de preparar os seus atletas, os times europeus passarão a pagar mais caro pois entenderão que não estarão mais apostando mas sim levando jogadores que com certeza farão a diferença.

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