Mais um jogo no Maraca, mais uma vitória do Flamengo, mais uma festa de arromba na favela rubro-negra, mais 3 pontos na conta e lá vai o Mengão Doutrinador ficar mais uma semana nos píncaros da tabela a atrair a inveja, o olho gordo e a maledicência dos escassos e infiéis torcedores dos 19 coadjuvantes do Brasileiro. Que rotina monótona e maravilhosa. Os caras tão lá no nosso retrovisor, resfolegando, se arrebentando todos pra tentar acompanhar o ritmo pesadão do bonde do líder. Mas não há motivo para pânico, não são dois caras numa moto. É só a porra da São Paulo, já já elas peidam. Vamos em frente, Flamengo, sem olhar pra trás.
Claro que ganhar do genérico setentrional sem título de 1ª Divisão, no Maraca, no Aterro ou em um campinho de pelada no permafrost da Estação McMurdo era mais do que obrigação do Flamengo. Aliás, ganhar dos arrivistas da Ilha do Retiro, que no bang-bang do Brasileiro só servem pra fazer o papel de índio, é obrigação de qualquer time que esteja disputando o campeonato com o objetivo de ser campeão.
Neste sentido o placar de 4×1 foi não só previsível como modesto, deixando muito a dever no quesito humilhação. E vamos combinar, qualquer humilhação pro Sport é pouca. O Flamengo saiu de campo com a vitória, mas com a honra levemente tisnada em função do inaceitável gol que levou dos réprobos recifenses. O sujeito que sai de casa, se enfia num transporte para levar seu corpo físico até o Maracanã onde em suas imediações é extorquido por todo tipo de comerciante irregular, paga ordeiramente pelo seu ingresso pra ficar torrando na arquibancada de um estádio não climatizado, incentivando a equipe com seus gritos de guerra e musiquinhas da mais discutível qualidade eufônica não merece ver o Flamengo levar gol de um adversário de tão reduzidas dimensões.
Isso é muito errado e deve ser severamente criticado para que não volte a se repetir. Réver, responsável direto pelo pequeno vexame, a despeito de ter feito oportuno gol em uma das suas incursões ao ataque, merece ajoelhar no milho pela sua incúria na defesa. Ou, caso não sejam mais aceitáveis as punições de natureza física, que Réver se recolha humildemente ao banco de reservas e observe a seriedade com que o jovem Thuler se desincumbe das atribuições de um defensor de um time que quer ser campeão ainda esse ano. Barbieri, prossiga com seus estudos, mas ponha ordem nessa porra, escale sempre os melhores.
Como surpreendentemente fez ao barrar o inoperante Guerrero e dar uma chance para que Uribe jogasse em sua real posição. O colombiano oriundo do México não foi nenhuma maravilha, inclusive antes de marcar seu primeiro gol bem vestido se discutia seriamente se deveria se pagar ou não pelos seus direitos de imagem, visto que Uribe não aparecia nunca. Depois que a peleja já estava resolvida com o gol de Paquetá (outro forte candidato à genuflexão no milho, contudo sem a opção da pena alternativa da barração) e o golaço-aço-aço de Everton Ribeiro, Uribe desencantou e balançou o filó. Como era o único Fernando em campo, o gol de Uribe, com a contribuição provavelmente involuntária de Magrão, foi a cereja do bolo na derradeira homenagem do Flamengo ao histórico Fernandinho. Homenagem que em função da estatura do homenageado nunca será suficiente.
Entre os poucos esportes que eu domino, reclamar está ali, pau a pau com a procrastinação, por isso enchi vossos sacos com tantas miudezas e estou demorando tanto pra tocar a real. Como ensina um provérbio yiddish, a verdade tem charme, mas é discreta. E a verdade é que no geral o Flamengo foi bem, malgrado ter sido pouco exigido pelo minúsculo adversário. Marlos Moreno se empenhou em cumprir o papel de substituto tático de Vinicius Junior (perda irreparável) e, finalmente, concluiu uma jogada enquanto estava engalanado de vermelho e preto. Está de parabéns o colombiano Moreno, que em sua evolução puxa consigo e eleva a qualidade do futebol do esforçado Renê.
Falando em colombianos, o Cuellar já nem merece ser elogiado, sua precisão nos desarmes e nos passes é tamanha que dá a falsa impressão de que as funções que exerce em campo são fáceis. Melhor não chamar muito a atenção pare ele enquanto a janela de transferências permanece aberta e a taxa de câmbio tão desfavorável. E poderíamos dizer o mesmo de Léo Duarte se não soubéssemos que elogios são como veneno para um jovem zagueiro. Deixa quieto. Seguindo a mesma lógica empregada com Cuellar nos poupemos de analise ao nosso lateral direito. Você pode até mentir e falar bem do Rodinei durante 200 anos seguidos que ele não vai atrair a atenção de nenhum olheiro europeu.
Melhor se concentrar na neurose da grande questão ideológica que se apresenta para as primeiras semanas de agosto. O Flamengo deve poupar o elenco para os supremos desafios da Copa do Brasil e da Libertadores ou foda-se, força máxima contra qualquer morto de fome que se interpuser em nosso caminho no Brasileiro? É um questionamento caviloso, que aceita respostas antinômicas e inconclusivas. Disputar 3 competições escalando a força máxima é receita comprovada para uma tragédia. Por outro lado, regular a mixaria decidindo não ir com tudo em uma dada competição, que no fundo significa não entrar pra ganhar, é essencialmente antiflamengo. Como não ganho um centavo para esquentar a cabeça com esse dilema, deixo a busca pela melhor resposta para os universitários, representados aqui pelo estudioso Barbieri. Como dizia com eloquente sabedoria o simpático Capitão Fábio em Tropa de Elite, essa pica é do aspira.
De hoje até terça-feira estamos autorizados a curtir a vitória, zoar os pequenos e ficar naquela idiotice inofensiva de Segue o Líder. Não ganhamos nada com isso, é só porque nós podemos e eles não. Na quarta-feira a gente se desespera. Ou não.
Mengão Sempre
Reprodução: Arthur Muhlenberg | Blog República Paz & Amor
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