O Flamengo alcançou a liderança do Campeonato Brasileiro ao incorporar a vibração da arquibancada. Um time eletrizado, com grande troca de posições, pressionando o adversário, impondo seu jogo desde os minutos iniciais. Característica que faltou no retorno do calendário do futebol nacional, contra o São Paulo. E custou caro. Em três dias, o time entendeu a necessidade de retomar a passada. Poucas vezes vencer um clássico foi tão fácil aos rubro-negros como neste duelo contra o Botafogo. Um início fulminante com o placar de 2 a 0 definido em sete minutos que tornou o jogo chato e revelou um problema do líder: a acomodação em situações favoráveis.
Até por conta de uma recuperação do moral um tanto quanto abalado depois do choque diante do São Paulo, uma vitória maiúscula seria ideal ao time rubro-negro. Pois o Flamengo contentou-se com o placar módico diante de tanto espaço concedido pelo Botafogo. Incoerente que só, o time de Mauricio Barbieri flertou, inclusive, com emoção em alguns instantes ao permitir o adiantar do time alvinegro, concedendo espaços para finalizações. Por sorte – ou incompetência nos arremates botafoguenses – não houve grandes consequências.
Mauricio Barbieri indicou que mandaria a campo uma equipe com dois atacantes em mero exercício de suas funções. Talvez um 4-4-2 com Uribe e Guerrero como nos instantes finais do duelo contra o São Paulo. Ledo engano. Logo que a equipe entrou em campo, o indicado foi um 4-3-3 com Matheus Sávio pela esquerda e Uribe à direita. Diego e Paquetá jogavam alinhados à frente de Cuellar. Desde o início, o Flamengo pressionou, abafando o Botafogo. Deu certo. O time de Marcos Paquetá não se encontrou.
A tentativa de manter de três volantes – Jean, Rodrigo Lindoso e Matheus Fernandes – para ganhar o meio de campo deixou os lados com espaços. Pela esquerda, Matheus Sávio avançou algumas vezes com o auxílio de Diego. Havia espaço para o mano a mano com Luis Ricardo. Numa das primeiras tentativas, pedaladas, puxada para dentro e a sorte de ver Jefferson muito mal posicionado. O toque por cima pareceu até um cruzamento buscando Uribe na segunda trave. Deu rede. 1 a 0 com cinco minutos. Ainda atordoado, o Botafogo nem mesmo conseguiu fechar o mesmo espaço. Pois dois minutos depois lá foi Diego livre pela esquerda rolar para Matheus Sávio. De novo, puxada para dentro e batida por cima, característica do garoto. Diego errou o domínio na área e, na sobra, Paquetá tocou para o gol. O Maracanã explodiu. 2 a 0. Talvez o dia fosse histórico aos rubro-negros. Não foi.
Pois o Flamengo já há alguns anos tem a característica de limitar ações quando a fartura é muito precoce. 2 a 0 em sete minutos significou puxar o freio de mão, sem aproveitar a desorganização do adversário. Incomodado, o Botafogo prendeu Jean à frente da zaga, com ajuda de Lindoso, e liberou Matheus Fernandes para avançar e auxiliar Leo Valencia. Moisés também subiu mais. Com isso, mais espaços fartos ao Flamengo. Não foi raro ver Diego avançando com campo livre pelo setor esquerdo e Uribe receber em boas condições nas costas de Moisés. Ocorre que o colombiano recém-contratado é atacante, não ponta. Instintivamente, ele ainda buscou mais o centro do que o lado e voltou para marcar sem trejeito algum. O Flamengo ficou capenga. E contava com outro jogo abaixo da média de Paquetá. Displicente, lento, errou passes em demasia e parecia cansado com 30 minutos de jogo.
O primeiro tempo indicou o que seria a tônica de jogo: um Botafogo tentando arremates de longe sem grande perigo diante de um Flamengo pouco interessado em aumentar o placar. De tão acomodado, o time rubro-negro até contra-ataques ao Botafogo mesmo à frente o placar. Aí o destaque de uma figura primordial do Flamengo: Cuellar. Ausente contra o São Paulo, o volante equilibra o time de Barbieri. É veloz e vertical na saída na bola, mas melhor ainda nas coberturas e recuperações quando o time é atacado. Quebra contra-ataques adversários como poucos e cansou de fazer isso no clássico. Facilita, então, a vida de Rever. Veterano e naturalmente mais lento, o zagueiro pouco teve de se arriscar em antecipações como fez contra o São Paulo. Menos exposto, o camisa 15 rendeu melhor.
No segundo tempo, Marcos Paquetá tentou voltar ao jogo com agressividade. Sacou Jean, recuou Mateus Fernandes ao lado de Lindoso e pôs Aguirre pelo lado direito, devolvendo Pimpão à esquerda. Um 4-2-3-1 com a tentativa de dificultar a vida de Renê e facilitar a vida de Luis Ricardo, impactando também em Matheus Sávio. Funcionou pouco. Bem posicionado defensivamente, o Flamengo ocupou bem os espaços e passou a tocar a bola quando recuperava. Pimpão era figura nula, Kieza corria em vão na tentativa de assustar o time rubro-negro. Pouco ameaçado, Mauricio Barbieri decidiu trocar o time. Ficou mais próximo de um 4-4-2 com Lincoln, na vaga de um Guerrero de novo apagadíssimo, e Pará na de Matheus Sávio, com Rodinei adiantando e Uribe mais como referência, à frente do guri rubro-negro. O time estabilizou. Diego teve boa noite. Limpou bem os lances – embora ainda tenha atrasado alguns contra-ataques ao prender a bola – e fez o jogo girar rápido na maioria das vezes. Foi o responsável pela melhor jogada da equipe no segundo tempo, ao lançar Paquetá livre pela esquerda. A conclusão, ruim, só balançou a rede pelo lado de fora.
Com a vitória encaminhada, Barbieri tirou Uribe, pôs Arão no meio e pôs Lincoln como referência. Paquetá respondeu com Luiz Fernando pela esquerda na vaga de Kieza. Aguirre acabou centralizado. Muito pouco. Incapaz de ameaçar o rival, o Botafogo foi obrigado a ouvir olé da arquibancada rubro-negra no Maracanã. Fechou o jogo com 45% de posse de bola e 15 finalizações contra a meta rubro-negra: apenas quatro foram no alvo, segundo o Footstats. O Flamengo trocou 403 passes e preferiu mais o chão: cruzou apenas 13 vezes. Mas foi pouco ambicioso. Com a vantagem inicial, o Flamengo pareceu ter se convencido que o confronto acabara e tocou a partida como mera formalidade. Arriscou-se a destemperos do futebol. O time, por enquanto, não retomou o padrão tão competitivo de antes da parada da Copa. Manteve a liderança, verdade. Mas deve evitar ser tão acomodado.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2X0 BOTAFOGO
Local: Maracanã
Data: 21 de julho de 2018
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Público e renda: 39.261 pagantes / 42.182 presentes / R$ 1.121.892,60
Cartões amarelos: –
Cartão vermelho: Rodrigo Aguirre (BOT), aos 48 minutos do segundo tempo
Gols: Matheus Sávio (FLA), aos cinco minutos e Lucas Paquetá (FLA), aos sete minutos do primeiro tempo
FLAMENGO: Diego Alves; Rodinei, Léo Duarte, Rever e Renê; Cuellar, Lucas Paquetá, Diego e Matheus Sávio (Pará, 25’/2T); Uribe (Willian Arão, 38’/2T) e Guerrero (Lincoln, 25’/2T)
Técnico: Mauricio Barbieri
BOTAFOGO: Jefferson (Saulo, 17’/2T); Luis Ricardo, Carli, Igor Rabello e Moisés; Jean (Rodrigo Aguirre / Intervalo), Rodrigo Lindoso, Matheus Fernandes e Leo Valencia; Rodrigo Pimpão e Kieza (Luiz Fernando, 31’/2T)
Técnico: Marcos Paquetá
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Os jornalistas esportivos no Brasil precisam começar a analisar os jogos com base no que aconteceu no jogo além do resultado. O Flamengo teve ótimo desempenho contra o Sp, finalizou e criou muito mais chances, mas no futebol, nem sempre se ganha jogando melhor. Não entendo essa crítica excessiva no jogo contra o Sp. O Sp não fez nada a não ser 1 ou 2 contra ataques rápidos.
Parabéns Renata Graciano pela análise. Foi assim que eu vi o jogo também.
Essa é para chorintianos e periquitos iludidos e invejosos morrerem de raiva. Palavras do presidente do Real Madrid:
— Em pouco mais de um ano jogou 70 partidas nesse clube "MAGNIFICO" que é o Flamengo. Já sabes o que é jogar a nível internacional na Libertadores e Sul-Americana, e foi o melhor jogador no Sul-Americano de base. Chega um jogador que desejam os melhores clubes europeus, porque tem um estilo. Teus sonhos serão a partir deste momento os sonhos dos nossos torcedores. Estou convencido que vai maravilhá-los com sua habilidade. A tu e tua família, bem vindo ao Real -, disse Florentino Pérez, durante a apresentação do atleta.