E caminhamos para o final da Copa do Mundo, a maior festa do futebol, o maior evento esportivo do mundo, esse período mágico em que, durante 30 dias, os torcedores brasileiros deixam de brigar entre si porque torcem para times diferentes e se unem num grande movimento para brigar entre si porque torcem para o mesmo time mas tem opiniões diferentes sobre ele.
Mas ainda que exista muito a ser dito sobre os problemas da Seleção Brasileira – o que fazer com Neymar? Tite deve ficar? Taison foi pra Copa para jogar ou apenas tinha ganho uma promoção? – ou mesmo sobre a verdadeira “Copa do Mundo moral” que se tornaram as redes sociais nas últimas semanas – “não pode torcer para Bélgica por causa do que fizeram no Congo, não pode torcer para Croácia porque são nazistas, não pode torcer para Inglaterra porque o ator do filme do Harry Potter falou mal do Neymar” – estamos aqui para falar da única coisa que realmente importa no mundial a essa altura: o que ele representou para o Flamengo.
O saldo não foi exatamente brilhante, claro. Apesar de, para o Peru de Trauco e Guerrero, já ser uma conquista histórica o simples retorno à Copa do Mundo após 36 anos de ausência, a queda na primeira fase, com apenas três pontos em três jogos, foi no mínimo decepcionante, ainda mais num grupo onde, além da França, óbvia classificada, a equipe precisava se preocupar apenas com Dinamarca e e Austrália.
Para Guerrero, talvez, o gosto tenha sido menos amargo. Quase impedido de participar da competição devido a uma desproporcional punição por doping, o atacante não apenas conseguiu, na última hora, garantir sua presença na disputa como foi decisivo na última partida, com uma assistência e um gol, deixando sua marca na história das Copas. Obviamente, merecia mais, pelo esforço que fez, mas o pênalti perdido por Cueva na primeira partida prejudicou esse projeto e esperamos que ao menos algum rancor ainda esteja guardado no coração de Paolo, principalmente se puder ser descontado no nosso retorno contra o São Paulo pelo brasileirão.
Já Trauco, em relação a quem nossa única expectativa era “faz um bom jogo pra gente te vender logo, bicho”, não apenas manteve seu padrão Trauco de jogo – bons cruzamentos, mas incapacidade de segurar no mano a mano uma criança vendada e amarrada – como aparentemente já voltou ao Brasil deixando claro que não quer continuar no Flamengo, nos fazendo perguntar onde está o futebol chinês ou do Catar quando a gente realmente precisa dele.
Mas, talvez, o que fique dessa Copa, mais do que o insucesso dos nossos estrangeiros, mais do que o fato de que por alguns segundos chegamos a pensar se o Diego não estava mesmo fazendo falta, seja a sensação de que o futuro da nossa própria seleção é cada vez mais rubro-negro. Com a derrota diante da Bélgica, quer Tite continue ou não no comando, fica claro que um ciclo se encerra e que é hora de novos atletas ganharem oportunidades de defender o Brasil, nem que seja apenas porque o atual treinador já usou todos os corinthianos que ele conhecia.
Atletas como Paquetá, Vinícius Junior e Jorge já pedem passagem e, até 2022, novos nomes podem surgir, com a ascensão de jogadores como Léo Duarte e Lincoln, por exemplo, mostrando que o Flamengo cada vez mais vem voltando a formar em casa os seus craques. Só falta, agora, a gente descobrir como manter esses garotos por mais de duas ou três temporadas, claro.
Reprodução: João Luis Jr. | Blog Isso Aqui é Flamengo
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