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Futebolzinho: “Fla dinossauro: Existe jeito certo de torcer?”

É inegável, estamos batendo todos os recordes de bilheteria possíveis. Não importa o campeonato e a Nação está lá, enchendo estádio. Porém, cada vez mais eu ouço comentários sobre o comportamento da torcida. E cheguei a uma conclusão: estou em extinção.

Se você é daqueles que acha estranho quem comemora gol com câmera na mão e faz stories de 10 em 10 minutos e o humor muda conforme a respostas de sua timeline, parabéns, pegue sua almofadinha com escudo do Flamengo e sente-se ao meu lado.

Eu amo o Maracanã, amo mesmo. Já passei os melhores (e alguns piores) dias da minha vida  lá e as vezes não consigo reconhecer minha casa. Essa discussão de canta ou não canta, apoia não apoia, me parece meio confusa. Viramos torcida de resultado? E não me venha com essa de “não confio” e “esse time não ganha nada”, quem tem mais de 30 anos e bom senso, já viveu coisa muito, mas muito pior e sabe que estamos hoje, a um passo do paraíso. Acho que só mudamos, nem pra melhor e nem pra pior, estamos sim diferentes, mas pode ser apenas uma perspectiva de quem viveu outro tempo. Reconheçamos, nós envelhecemos.

Somos da época do radinho de pilha no ouvido, final dos anos 80, início dos 90, quando só se sabia a escalação quando aquele sistema de som horroroso anunciava: Suderj informa…, quando mulher nenhuma podia se levantar que  o estádio inteiro gritava gostosa e nem era assédio, não tinha papel no banheiro e as vezes não tinha nem banheiro, quando quarta-feira não passava jogo na globo e a gente sentava com 500 pessoas no cimento gelado e cheio de poça, as vezes água… e quando estava cheio não dava pra levantar o pé por que  ele  perdia o lugar, os sacos de xixi quente nas costas, ver a correria na geral, a descida no Garrincha só com uma corda, os policiais separando e a bambuzada comendo. Nessa época a gente gritava. A gente cantava o jogo todo! E ninguém sentia necessidade de mandar infos pros seguidores.

Mas eles estão errados? Não sei, mas creio que não. Só são diferentes e de repente é a gente que, como as arquibancadas de cimento, fomos ultrapassados. Torça. Gravando vídeos, cantando, rezando, tuitando, postando fotos… cada um sabe como manda melhor sua vibração. É isso que importa.

Nós somos os dinossauros, não adianta brigar com o novo, nós vivemos uma saudade, um Maracanã e uma torcida que não existem mais. Vamos nos adaptar, eles também passarão e só quem fica é o Flamengo. É isso que importa.

Vamos pra cima deles!!! Amanhã é pau na gaúchada!

ISSO AQUI É FLAMENGO, PORRA!!!!

Renata Rosa Graciano

Twitter: @regraciano

Reprodução: Futebolzinho

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • Me senti representado com o texto! Bons ruins de confusões dentro do Maraca, mijos voadores, brigas de bêbado na arquiba mista e principalmente da tradicional porrada no Garrincha na subida da arquiba.
    Mas esse comportamento novo nem creio que seja o piorç. Na minha opinião a elitizaçao do Maraca é que é o problema já que tira a vida, a vibração da torcida e era tão característico em nós.
    Vejam o pulsar meia boca num jogo lotado e campeonato brasileiro e o clima de concerto no jogo de libertadores (com o ingrasso muito mais caro). Parte da derrota pro Cruzeiro veio disso, de uma torcida que acha que é cliente mimada que tem que ser bem atendida pq pagou 180 pila, que vaia jogador com 5min de jogo e que vira o rostinho qndo toma gol.

  • Eu tenho que discordar. Sou totalmente favorável a evolução de várias coisas, mas n entendo isso como evolução. Acho que é apenas um perfil diferente. Acho que 55 mil mais preocupados em registrar o momento do que vivencia-lo fazem muito menos diferença pro time do que trinta mil curtindo o jogo, sentindo as emoções que ele proporciona. Se passarmos a ser apenas uma torcida de selfies, acredito que podemos dizer adeus a maior vantagem que o Flamengo tem jogando em casa: o tremor que causamos nos adversários. Te garanto que esses jogadores que dizem querer jogar pelo Flamengo, no Maracanã lado seriam muito menos interessados nisso, se passarmos a torcer mais pelos likes do que pelo time.
    Mas, esse é só o meu ponto de vista.
    SRN

  • Torcedor nutella, só exijo uma coisa da torcida, que cante e apoie o time, torcedor que vai pra estadio ficar mexendo em celular, pq não fica em casa? torcida antiga? pega os videos da copa do brasil e veja a festa da torcida no novo maracanã, nos novos tempos, oque mudou foi que a diretoria afastou os torcedores de verdade, agora nem em jogos com ingresso barato a torcida não canta mais, estão acomodados, acostumados a ouvir a torcida adversaria cantar no próprio estadio, da dando tristeza.

  • Tenho 55 anos, frequento o Maraca desde dos meus 15, vi muitas vezes Zico, Adilio, Tita, Leandro, Junior naquele time fantástico. Fui a jogos com mais de 150 mil na arquibancada, tava nas finais de 83 (155.253 pagantes - recorde até hoje no campeonato Brasileiro), 87 (91.034 total) e 09 (84.848 total). Acho puro saudosismo criticar os torcedores atuais, os tempos são outros, o MARACANÃ nunca mais será o mesmo, PONTO. O torcedor de hoje exige mais conforto, não dá pra levar saco de mijo nas costas, urinar na rampa, não ter espaço para sentar e chegar 3 horas antes do jogo para poder ficar na sobra. Volta e meia rola um artigo criticando os preços, o Maraca atual e exaltando o torcedor de raiz, ridicularizando os torcedores atuais como fossem mais ou menos flamenguistas pelo fato de serem mais abonados. Esse mesmo torcedor que paga ingresso caro, é sócio torcedor, consome no bares do Maracanã, compra produtos licenciados, assina pay per view (faz com que o Flamengo seja o clube com maior cota de TV) e ajuda MUITO o Flamengo. Culpar a torcida pelo derrota contra o Cruzeiro é ridículo. Precisamos optar entre termos as contas em dia, contratar jogadores de peso, montar um elenco competitivo e estrutura para atrair jogadores ou sermos um time de mediano com Maracanã sempre lotado e vencendo campeonatos aleatoriamente. Nem sempre cantar e gritar vira o jogo, concordo que ajuda MUITO, mas não é determinante. Estava também no Maraca quando perdemos a final contra o Grêmio na Copa do Brasil 1997, viramos o jogo para 2 x 1, arquibancada lotada e em festa no final do 1o tempo (95 mil torcedores), no 2o tempo só deu Grêmio, empataram e levaram o caneco. Ano passado também estava na final da Sula, não foi a torcida que perdeu o jogo, foi o time. Posso listar uma série de jogos fracassados e eliminações precoces mesmo com o Maracanã lotado de torcedores de raiz (América do México, Santo André, etc, etc). Portanto não culpem a torcida ou a juventude pelos nossos fracassos recentes e nem apenas a nossa torcida de raiz pela nossas conquistas.

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