Faz muito, muito tempo que eu não sei o que é comemorar um título “grande”. Como a Copa do Brasil começou a ganhar status a pouco tempo, comemorei 2013 com certa “vergonha” por não ter conseguido nada na Libertadores mais uma vez.
Eu sou “olhuda”, culpa de Zico, Adílio, Andrade e cia, que me ensinaram que bastava usar o Manto que a gente conquistaria o mundo. Mas não foi bem assim. Não está sendo e nunca foi tão simples assim. Ganhamos uma vez, com um time tão sobrenatural que é lembrado em vários livros em diversas línguas e depois nunca mais.
Não consigo considerar vergonha disputar qualquer tipo de torneio e até mesmo de perder. Não estou disputando sozinha, tem mais gente ali que investiu tanto ou mais que eu. Uns até que gastaram menos e melhor e é assim que se constroem bons e grandes vencedores.
Nós ainda não somos um desses, tem que se admitir que estamos demorando muito mais do que imaginávamos para sair do lôdo de vergonha, pobreza e má fama, que frequentamos por anos. Tantos anos que confundimos até hoje, os breves lampejos de taças reluzentes com garra.
Meu último título grande, de verdade, foi em 2009. E as vacas eram muito, muito magras naquela época. Mas tínhamos mais uma vez, O cara pra guiar na escuridão e bonita foi a festa do hexa com o Imperador. E só.
Depois vieram anos tristes, bem tristes, de muita oração e choro na arquibancada com medo da tal segunda divisão. E chegamos até hoje. Não ganhamos nada significativo como sempre. Lajota sobre lajota o Flamengo vem sendo reconstruído e vejam bem, me excluam dessa torcida por azuis, verdes ou rosa chiclete, minhas cores sempre serão o vermelho e preto.
Foram nessas arquibancadas, com riso nervoso, choro de medo ou de alívio, suor, garganta ardendo de xingar, que eu construí os melhores momentos da minha vida. Não vou a jogo do Flamengo pra avaliar desempenho de a ou b, eu vou pra ver o Flamengo. Eu vou ver aquela família que “mora” onde o Flamengo está. Aquela gente que sabe exatamente o que eu sinto quando aquela galera de vermelho e preto marca um gol, quando perde um jogo “ganho”. Que chora junto. Que comemora junto. Que sabe que Flamengo é isso aí. Nada nunca veio fácil, até título legítimo já tentaram nos roubar, mas a gente sabe que se quiser ganhar qualquer coisa, tem que estar junto. Quando a 12 entra em campo… ah malanders… não tem pra ninguém.
Então me perdoem aos que esperam anos mágicos e gritam sobre anos perdidos. Pra mim, todo ano que eu passo torcendo e vivendo Flamengo é mágico. E pra mim, enquanto existir o Flamengo, nenhum ano estará perdido.
Só acaba quando o juiz apita. Simples assim.
ISSO AQUI É FLAMENGO, PORRA!!!
Renata Rosa Graciano
Twitter: @regraciano10
Reprodução: Futebolzinho
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