Eu gostaria de ter a habilidade literária para expressar tanto o meu sentimento como torcedor quanto o meu sentimento como, mais recentemente, analista da TV Coluna do Flamengo e aqui do site. Este abriga uma vasta academia (coletivo de escritores) muito mais qualificada do que eu.
Claro, a descrição do meu sentimento como torcedor que foi criado nas arquibancadas sempre se sobrepõe ao raciocínio cartesiano do analista que, gosta de futebol tanto quanto gosta do Flamengo, a famosa dialética aplicada ao futebol. Esse sentimento, quase irracional, é parte inexorável do indivíduo que ama irracionalmente, ou seja, qualquer torcedor. O que eu vou escrever nessa coluna é uma reflexão de alguém que ama o futebol e que aspira que o Flamengo, um dia, traga a revolução para dentro do clube, e para o futebol brasileiro.
Comecemos: o futebol brasileiro não é mais o maior e melhor futebol do mundo. Faz 16 anos que não chegamos à final da Copa do Mundo, fomos humilhados na Copa que abrigamos, e perdemos a última sendo patéticos para um país subalterno futebolisticamente falando. E o que isso tem a ver com o Flamengo? Tudo e nada.
O Flamengo é maior que a Bélgica em qualquer dimensão que seja posto no que se refere a futebol. A ruína financeira que o time com a segunda maior torcida do país se apresenta aumenta ainda mais a diferença abissal entre o Rubro-Negro e time da Arena da Corrupção. E por que não conseguimos transformar essa disparidade em títulos? E ainda mais importante, porque o Flamengo não lidera um movimento inequívoco de profissionalismo no futebol?
Em um debate no Coluna do Flamengo discutiu-se sobre a comparação entre Flamengo e um time médio da Espanha, leia-se Seville ou Real Bétis. Durante o resto do dia ponderei a respeito, assisti ao excelente Barcelona 4 x 2 Sevilla e me convenci que o Sevilla se estive jogando o Campeonato Brasileiro seria o líder com folga, tem uma defesa arrumada (falhou uma vez seriamente no jogo e por três vezes cometeu erros menores) que sofreu diante a da movimentação do Barcelona e da capacidade de Coutinho e Messi de se desvencilhar da marcação, a diferença do jogo, incrivelmente foi o goleiro do Barcelona – Ter Stegen. Segundo o próprio Sevilla, o time deve arrecadar esse ano algo em torno de R$909M contra R$623M do Flamengo, essa arrecadação é parecida com a arrecadação de times como o Napoli, Benfica e Borussia Mönchengladbach no ano passado. Claro, há uma diferença nas despesas já que o Flamengo carrega consigo uma dívida imensa cujo pagamento diminuí a capacidade de investimento direto, além do mais, o flamengo ainda devolve parte dos dividendos para a manutenção do clube de regatas e da sede. Mas o futuro financeiro é promissor. A dívida continua sendo paga e quando e se começarmos a ganhar títulos é natural que a arrecadação dispare. Mas, onde quero chegar? Quero chegar na real diferença entre os times médios europeus e o Flamengo, e a diferença é o futebol.
Na Europa o futebol é um processo científico apoiado por conhecedores profundos do futebol, ou seja, boleiros. Há um desejo de aperfeiçoamento e planejamento que estamos longe de atingir, ou sequer compreender. A impaciência de torcedores (diga-se de passagem louvável dos flamenguistas nos primeiros anos de EBM) esgotou-se e a falta explícita de planejamento de médio prazo não existe. Não se pergunta: onde queremos chegar? E mais importante, como vamos chegar lá? Claro, perdoando-se as exceções, vejo um bando de bem intencionados vivendo sob a égide de uma orientação que direcione o time para decisões mais acertadas. Vejo poucos, ou nenhum na verdade, profissionais no futebol brasileiro que consigam fazer um planejamento de longo prazo para um time de futebol. Vejo pouco estudo, pouca informação, pouca preparação para que se crie no Flamengo uma filosofia vencedora. Não imagino nenhum nome de nenhuma chapa, como a pessoa que tenha o mesmo preparo que os pares da Europa que dirigem e planejam os times médios, que mesmo sem os mesmos recursos dos grandes, conseguem ocasionalmente ser competitivos, especialmente as copas (Copa do Rei, FA Cup etc). Por outro lado, o encontros entre Latino Americanos e Europeus acontece, e deve permanecer assim, por muito tempo, ou seja, um encontro em pequenas copas, jogos únicos, o que nos possibilita, ocasionalmente, uma conquista. Em pontos corridos, perderíamos invariavelmente todas as vezes para os médios europeus.
Em algumas colunas passadas escrevi sobre uma teórica hegemonia flamenguista. Fui muito criticado já que uma hegemonia no futebol brasileiro seria impossível. Não concordo, mas aceito. Acho que disparidade de receitas e tamanhos deveria nos proporcionar uma dominância tamanha que os demais times do Brasil seriam obrigados a se organizar em altíssimo nível para que pudessem rivalizar com o Flamengo. E aí que o Flamengo pode, e tomara, contribuirá para a mudança do futebol brasileiro: obrigando a organização dos demais times.
Hoje não há referência no departamento de futebol. Vê-se os mesmos vícios, disparates e desmandes, de qualquer time, pelos escondedouros do Brasil. Ouço o clamor por cobrança no elenco como a salvação, como se chicotes fossem suplantar a necessidade de um projeto de longo prazo. Essa cobrança, se bem realizada, poderia nos trazer um título, mas eu quero títuloS (com um “S” maiúsculo no final), mais de um… se ganharmos o Brasileiro de 2019 completará 10 anos da nossa última grande conquista (esqueçam, no meu mundo Copa do Brasil é conquista média – grande conquista – Brasileiro e Libertadores).
Como torcedores temos que exigir títulos, cobrar de maneira ética e pacífica vitórias e conquistas, mas não podemos nos cegar por uma conquista esporádica (desde de 1987 que assim o é). Quero mais que a oferta quase profética dos candidatos a presidência do Flamengo: “seremos os maiores novamente” ou “ganharemos tudo novamente”. Quero um projeto desenhado por pessoas competentes, que estudaram muito, que visitaram e aprenderam com quem assim o faz por anos. Não tolerarei parlapatões que sentam sobre as suas próprias sapiências e nos conquistam com melindres e vaticínios sobre tempos melhores que viram. Eu não acredito que apenas o chicote tilintando nos vestiários vai nos trazer uma sequencia vencedora que nos fará, novamente, o maior vencedor de títulos brasileiro e o maior campeão de títulos da Libertadores, pelo menos, no Brasil. Mataram a geral, mataram o Maracanã, mataram o mito de se deixar chegar já era, e ainda por cima, nunca houve um projeto de verdade (pensar que o Muricy ia ajudar a fazer esse projeto me da vontade de dar descarga).
As conquistas do Flamengo serão a redenção do futebol brasileiro.. mas ainda falta muito.
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O Flamengo não está sozinho no futebol brasileiro e o centro econômico do país é São Paulo. O Palmeiras nem precisou ter a maior torcida do estado, mas com um mínimo de organização, já vem deixando todos os demais clubes do país (inclusive o Flamengo), pra trás no aspecto financeiro. Sinto dizer, mas essa tal hegemonia do Flamengo, simplesmente não ocorrerá.
cada um acredita no que quiser...
Concordo com o Chicca. A questão com o Palmeiras é não ter receita própria comparável ao Flamengo. Não temos Crefisa. Nosso caixa somos nós que geramos! Basta ver nossa relação receita x endividamento. Um ano de planejamento eficaz e eficiente, com resultados excelentes, vencendo os títulos que queremos vencer, nosso Sócio-Torcedor explode! Nosso diferencial de receitas também! TV nos pagará mais, patrocinadores vão reajustar em outras bases, receita publicitária pode segurar jogadores em vez de vendermos nossos talentos, várias oportunidades. Gosto do caminho do Flamengo porquê não é cômodo, mas é o melhor!
Em relação à foto desta coluna, quem só vive de passado, é museu, paleontólogo ou historiador. Em relação ao jogo FlamengoxGrêmio, alguém duvida que o baitôla narigudo com cara de cavalo vai entregar o jogo?
Em relação ao futebol carioca, ao Estado do Rio de Janeiro e `a cidade do Rio de Janeiro, já morreram faz muito tempo, é que tem muito imbecil que insiste em não fechar a tampa do caixâo!!! Em relação à torcida de urubus enganadores, nunca a torcida do rubro-preto, é isto mesmo, preto, porque negro não é cor e sim raça, foi a maior torcida do Brasil. Este negócio de dizer que é a maior torcida, é mais uma das inúmeras imbecilidades causadas pelo complexo de inferioridade que os cariocas brancos nutrem, especialmente em relação aos paulistas!!!