Com foco no suporte às famílias, Flamengo adota cautela e não se pronuncia sobre regularidade do local atingido por incêndio

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FOTO: RICARDO MORAES/ REUTERS

Por: Venê Casagrande

O Flamengo viveu o seu pior momento na história, durante a madrugada desta sexta-feira (08). Os contêineres, que eram ocupados pela categoria de base, pegaram fogo e deixaram 10 vítimas fatais, além de três adolescentes feridos, sendo um em estado grave. O clube carioca optou por não se manifestar publicamente ou responder perguntas, tendo feito apenas um pronunciamento na frente do Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, na voz de seu presidente Rodolfo Landim. A prefeitura do Rio de Janeiro e a empresa que fabrica as estruturas se manifestaram publicamente, apontando e responsabilizando o Fla pelo ocorrido.

O que falou o presidente do Flamengo?

Rodolfo Landim, nitidamente emocionado, foi à frente do CT, onde encontravam-se os jornalistas, e fez um breve pronunciamento. Embora o incêndio tenha tido início por volta das 5h (horário de Brasília), o presidente, representando o clube, só falou no início da tarde, pois, segundo ele, estava delegando funções nos bastidores.

— Eu tava envolvido em uma série de ações emergenciais e tarefas importantes. Eu queria dizer pra vocês que, obviamente, estamos todos consternados. Essa é certamente a maior tragédia que esse clube já passou nos últimos 123 anos com a perda dessas dez pessoas. O mais importante agora é a gente se dedicar a tentar minimizar o sofrimento e a dor dessas famílias, que certamente estão sofrendo muito. O Flamengo está cuidando disso e não vai poupar esforços para fazer com que isso seja minimizado ao máximo. Ninguém, mais do que nós, tem maior interesse de que isso ocorra. Por fim, quero dizer que todos nós do clube estamos de luto. É uma tristeza enorme que estamos sentindo. Não é fácil falar para vocês -, disse Landim.

Alberto, psicólogo do Flamengo, abraça um familiar (Foto: Venê Casagrande/Coluna do Flamengo)

O que fala a empresa que fabrica os contêineres?

A empresa NHJ do Brasil, responsável pela fabricação das estruturas, apontou o Flamengo como o responsável direto por gerir e manter os contêineres, que eram alugados. De acordo com a empresa, eles apenas fabricam. O cliente, no caso o Rubro-Negro, é quem deve fazer a contratação de seguro, instalação de ar condicionado e prevenções contra incêndios.

— Todos (os contêineres) continham janelas. As regularizações junto aos órgãos competentes é de responsabilidade do cliente. A empresa NHJ do Brasil não forneceu ou instalou nenhum aparelho de ar condicionado nos módulos habitáveis instalados no Flamengo. A contratação de eventual seguro é de responsabilidade do cliente -, disse a NHJ do Brasil, em rápido entrevista ao Globoesporte.com.

O que disse a prefeitura?

Se o Flamengo optou pelo silêncio, a prefeitura do Rio de Janeiro resolveu se pronunciar, através de nota oficial, sobre as licenças do local onde estavam os contêineres. De acordo com a prefeitura, a área afetada pelo incêndio não possuía uma licença do órgão municipal, sendo descrita, inclusive, como um estacionamento e não como um alojamento, diferentemente do que acontecia. Confira a nota:

“Sobre o processo de licenciamento dos Centros de Treinamento, a Prefeitura vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:

I) CT Presidente George Helal, conhecido como Ninho do Urubu:

1) No setor de edificações, na área de urbanismo, a atual licença do CT tem validade até 08/03/2019;

2) A área de alojamento atingida pelo incêndio não consta do último projeto aprovado pela área de licenciamento, em 05/04/18, como edificada. Em nenhum pedido feito pelo Flamengo existe a presença de um alojamento na área em questão;

3) No projeto protocolado, a área está descrita como um estacionamento de veículos e não como um alojamento;

4) Não há registros de novo pedido de licenciamento da área para uso como dormitórios;

5) Na área de Alvará de Funcionamento, há registro de pedido em setembro de 2017. A consulta prévia foi deferida e foram solicitados os documentos necessários para a obtenção do alvará de licença para estabelecimento;

6) O certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros não foi apresentado, portanto, o alvará não foi concedido;

7) Por estar em funcionamento sem o devido alvará foram lavrados quase 30 autos de infração;

8) Além disso, foi emitido edital de interdição em 20/10/17;

9) Diante de tudo acima listado, a Prefeitura vai determinar a abertura de um processo de investigação para apurar as responsabilidades no caso do incêndio ocorrido hoje (08/02).

II) Centro de Treinamento do Vasco da Gama, conhecido como CT das Vargens:

10) Do ponto de vista da área de urbanismo, não existe registro de pedido de licenciamento para edificações. O que existe é um pedido de licenciamento de um loteamento, de 2014;

11) Do ponto de vista de alvará, não há registro de pedido de alvará para a unidade. Por conta disso, a Secretaria Municipal de Fazenda decidiu acionar as gerências responsáveis para realizar fiscalização e tomar as devidas providências legais.

III ) Centro de Treinamento do Fluminense, conhecido como CT Pedro Antônio:

12) Existe registro de licença de obras, com validade até 23/10/2019;

13) Do ponto de vista de alvará, não há registro de pedido de alvará para a unidade. Por conta disso, a Secretaria Municipal de Fazenda decidiu acionar as gerências responsáveis para realizar fiscalização e tomar as devidas providências legais.”

Embora tenha optado pelo silêncio após o pronunciamento, Rodolfo Landim liderou uma reunião com a diretoria, na Gávea, onde deixou claro que o clube não vai medir esforços para dar todo o suporte aos familiares. Landim se prontifica a pagar hotel, passagem área — pois os parentes de algumas vítimas não residem no Rio de Janeiro —, e até apoio psicológico.

O Rubro-Negro disponibilizou as filmagens das câmeras no local para os órgãos competentes e promete colaborar com as investigações. Alexandre Wrobel, ex-vice presidente de patrimônio e quem acompanhou a mudança do CT de perto, disse que, neste momento, não vai falar sobre o assunto. O Flamengo avalia a possibilidade de conceder entrevista coletiva ainda neste sábado (09), mas não há nada definido.

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  • Deixar esses meninos numa panela de pressão com apenas uma porta de saída deve ser interpretado como crime. Isso é um absurdo!! Depois dos meninos e suas famílias, a instituição Flamengo é a maior prejudicada. As pessoas físicas devem ser responsabilizadas. Os sócios do clube devem cobrar isso. Se ouvesse outra porta próximo dos 3 primeiors quartos, certamente ninguém teria morrido.

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