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Por: Higor Neves e Venê Casagrande
O Flamengo ainda tem um compromisso pela Taça Rio antes de estrear na Copa Libertadores da América. Entretanto, nos corredores do Ninho do Urubu, a competição sul-americana já passa a ganhar mais atenção. O Rubro-Negro, inclusive, já definiu a logística para sua primeira partida no torneio continental, que será contra o São José, da Bolívia, no dia 05 de Março. A partida será realizada na cidade de Oruro, que tem altitude superior a 3.700 metros. Fator este que torna obrigatória uma preparação especial.
A reportagem apurou como tem sido o período antes do importante compromisso. Nos bastidores, o clube tem desempenhado trabalhos específicos visando a partida na Bolívia desde a pré-temporada, iniciada no dia 03 de janeiro. Dentre os focos do clube estão, principalmente, exames médicos, análises individuais dos resultados de cada atleta e, até mesmo, o regulamento da competição.
CONFIRA OS PRINCIPAIS PONTOS DA PREPARAÇÃO
Trabalho envolvendo diversas áreas e dois meses de preparação
Para ter condições de render bem em meio à condição adversa, o Flamengo alinha o trabalho em diversas áreas. Atividades em conjunto têm sido realizadas pelo departamento médico, de fisiologia, além da preparação física e da nutrição. Quando chegar o dia da partida, o clube terá exatos 60 dias desde o início da pré-temporada, o que certamente reduzirá os efeitos que a altitude poderia causar.
Uma das tarefas dos profissionais é otimizar a captação de oxigênio pela hemoglobina. Isso porque, com menos oxigênio no ar, os atletas tendem a ter condição física e, até mesmo, psicológica afetadas. Reduzir estes efeitos através de outro meio de captação pode reduzir os danos. Ainda ligado a esse ponto, o clube chegou a adquirir equipamentos específicos, que desempenham trabalhos realizados a avaliação e treinamento de músculos inspiratórios, que proporcionam uma melhor troca gasosa.
Monitoramento de treinos
Todos os treinos realizados pela equipe rubro-negra têm sido monitorados antes e depois das atividades. Isso acontece para que o desempenho e a evolução de cada atleta possam ser analisados de forma individual e, consequentemente, mais específica. A partir disso, é possível identificar os déficits de cada um e trabalhar para repará-los.
Dificuldade de equalizar danos da altitude
Apesar de o trabalho de preparação vir desde a pré-temporada, os jogadores do Flamengo seguem sujeitos a sofrer os danos causados pela altitude. O clube entende que, para tornar os atletas “100% imunes” a esses riscos, seria necessário que morassem em local com as mesmas condições. Inclusive, partindo de estudos, seria necessário que o Flamengo passasse, no mínimo, 12 dias no local para se adaptar totalmente.
Método para lidar com ar rarefeito
Mais uma prática para reduzir o efeito da altitude de Oruro é permanecer o menor tempo possível na cidade. Isso porque, quanto mais horas os atletas estiverem sujeitos ao ar rarefeito, maiores serão os danos causados à condição física. Tal questão ocorre por conta da hipoxia, que é basicamente a dificuldade de respiração por conta do baixo teor de oxigênio. Entretanto, neste quesito, é necessário seguir determinações da Conmebol, uma vez que a entidade determina um horário mínimo para que a equipe esteja presente no local da partida antes de a bola rolar.
A saída da cidade também é um processo que o Flamengo tentará realizar de maneira mais rápida possível. Apesar disso, o clube também reconhece que há atividades necessárias, como exames antidoping e demais intercorrências.
Observação individual dos resultados de cada jogador
Em meio à preparação e diversos exames que têm sido realizados, já foram identificados atletas que têm necessidade de preparação mais reforçada. Com tais resultados, o clube já designou alguns jogadores para treinamentos e práticas individuais. Vale destacar que as questões não estão diretamente ligadas à idade ou condições clínicas e físicas, mas sim às respostas que o organismo de cada um tem com o processo.
Surreais essas altitudes…
Isso já devia ter sido proibido há tempos! Essa Conmebol e a FIFA, por conta de interesses inconfesssáveis, continuam submetendo os atletas a jogarem nessas altitudes surreais. Isso faz mal à saúde, dá despesas extras desnecessárias, exige logística complexa e dá enorme vantagem a esses clubes e seleções que vivem nessas alturas. Vi uma vez o Marcos, goleiro da Seleção à época, tomar um gol do meio de campo porque a bola, no ar rarefeito, fica muito mais rápida e ele perdeu o “tempo” de bola, não conseguiu calcular a trajetória correta. Vi tb Obina e Renato Augusto (ainda no Flamengo), numa Libertadores, terem que sair de campo no meio do jogo para respirar em balões de oxigênio colocados à beira do campo, no jogo com o Real Potosi. Isso chega a ser criminoso, mas só vai haver mudanças se alguém morrer jogando nessas alturas. Até lá, os “interesses inconfessáveis” vão prevalecer.