Pressão interna, imagem arranhada e clima de incerteza entre os funcionários: a tragédia do Ninho ainda “machuca” o Flamengo

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Por: Marvin Machado e Venê Casagrande

A reunião de mediação, ocorrida na última quinta-feira (21), no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, entre os representantes do Flamengo e famílias das vítimas envolvidas no trágico incêndio no Ninho do Urubu, terminou longe de um ponto final. O acordo oferecido pelo Rubro-Negro, que chegou a aumentar a proposta de indenização, não agradou aos familiares, que se retiraram da instituição demonstrando grande insatisfação.

As famílias, inclusive, chegaram a informar que as negociações estariam encerradas com o Flamengo. Na concepção do clube, as conversas precisam ser retomadas para que se consiga chegar a um denominador comum entre as partes. O Fla enxerga que a proposta apresentada é excelente e, em nota oficial recente, chegou a declarar que os valores são “maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares”. Entretanto, pelo lado dos familiares das vítimas, o valor é muito aquém do esperado. Sendo assim, permanecem com a pedida do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Defensoria Pública – R$ 2 milhões de indenização, mais R$ 10 mil mensais por mais 30 anos.

A cúpula rubro-negra mantém cautela e quer voltar a negociar com as famílias, para evitar que o caso seja transferido para a esfera judicial, o que poderia estender o caso por ainda mais tempo. Em meio a isso, o clube trabalha nos bastidores, através de seus representantes jurídicos, para resolver o imbróglio. A alternativa é aumentar os valores oferecidos inicialmente e, para isso, uma nova reunião está prevista para acontecer nesta sexta (22), no Tribunal de Justiça, novamente com os familiares e advogados que representam a equipe carioca.

VICE-JURÍDICO DEIXA MEDIAÇÃO E CAUSA REVOLTA ENTRE AS FAMÍLIAS

A situação ficou ainda mais tensa quando Rodrigo Dunshee, vice-presidente jurídico do Fla, deixou o local enquanto o encontro de mediação ainda estava em andamento, atitude que irritou os familiares. Em contato com a reportagem do Coluna do Flamengo, o dirigente esclareceu o fato, afirmando que não está entre os responsáveis do processo mas, ainda assim, foi ao Tribunal por acreditar que a presença de um membro da diretoria do Flamengo seria importante.

– Além de ser vice-presidente jurídico e geral do Flamengo, eu tenho minha vida, meus afazeres. Mas tem várias frentes que eu tenho trabalhado em prol do Flamengo. Eu fui ao Ministério Público por conta própria. O clube contratou um advogado para representar, não era para eu ter ido. Mas eu entendi que tinha que ter alguém da diretoria do Flamengo presente. Então fui, fiz o meu discurso, prestei solidariedade. Quando eu estava falando, esclareci: “Eu vim aqui prestar solidariedade e recepcionar vocês, pois foram convidados por nós. Mas tenho compromissos”. Eu não sou o advogado desse processo. Eu fui prestar solidariedade às famílias junto com o desembargador, que também esteve presente, esclareceu como funcionava mas depois foi embora. Foi embora porque ele não é o responsável, não é mediador. Ele não é parte daquilo, assim como eu também não sou -, disse Dunshee.

PRESSÃO INTERNA PARA A RESOLUÇÃO DO CASO E CLIMA PESADO NOS BASTIDORES

Alguns grupos políticos do Flamengo já estão se movimentando para pressionar o presidente Rodolfo Landim e Rodrigo Dunschee, com o objetivo de que a situação seja resolvida o quanto antes. O momento atual, na visão deles, está arranhando a imagem do clube. Pessoas ligadas ao grupo “Sinergia”, inclusive, contataram a reportagem para saber se a entrevista concedida por Dunshee era verdadeira.

Se não bastasse, o impasse envolvendo a indenização às famílias deixou o clima ainda mais pesado nos bastidores do clube. Os dirigentes de futebol da equipe da Gávea trabalham de forma intensa para evitar que o elenco não seja afetado com assuntos extracampo, principalmente por conta da proximidade do principal compromisso do time no ano, pela estreia da fase de grupos da Libertadores. Antes disso, no entanto, o Fla enfrenta o Americano, no próximo domingo (24), pela primeira rodada da Taça Rio.

CLIMA DE INCERTEZA ENTRE OS FUNCIONÁRIOS

Embora as discussões sobre as indenizações estejam acontecendo a aproximadamente 70km do Ninho do Urubu, no Centro do Rio de Janeiro, o assunto virou pauta diária entre os funcionários do clube, que têm medo do que pode acontecer com o Flamengo durante 2019. Entre um cafézinho e outro, os colaboradores demonstram a insatisfação pela forma que o assunto está sendo conduzido e tratado pela mídia, já que os familiares resolveram abrir a boca e reclamar da postura dos dirigentes rubro-negros.

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  • Mais a torcida não foi para que essa diretoria assumisse? Assumiu ou sumiu e gora?

  • Penso que o CRF está lidando mal com a situação. Se por um lado não deve ceder a pressão da imprensa, por outro não tratar o assunto como se fosse um mero negócio, sem a sensibilidade que o fato exige. Assim, pelo menos em relação aos familiares, em que pese esse momento ser “jurídico”, a cúpula tem que estar ali; tem mostrar a cara e tentar achar um denominador comum. No entanto, nesse mesmo momento surgiram as aves de rapina. Como a questão monetária, muitas vezes, supera inclusive a perda de um ente querido, a ganância, a chance de mudar de vida, no que toca ao aspecto financeiro, faz com que se valham do evento morte para sugar ao máximo o Clube. Infelizmente, talvez essas indenizações sejam alvo judicial, dado a frieza de um e a ganância de outros.

  • Bom,como disse o Flamengo,o valor oferecido e muito maior que os casos da Kiss,Mariana e brumadinho..não querem indenização,querem ganhar na mega Sena,deixa ir p justiça,qm tá pagando hotel,funeral,hospital,médicos a disposição etc? Isdo é dar amparo,suporte,e não uma mega Sena como se tivessem comprando a vida dos garotos…

    • Flamengo não é uma boate, ou uma empresa de mineração. 10 Crianças morreram sob a responsabilidade do clube. Querem ganhar na loteria, qual o problema? Não foi você quem perdeu um filho num incêndio.

  • Esses familiares querem ficar ricos na marra teve uma família que queria o acordo pressionaram pra não aceitar isso é extorsão

  • Diretoria tá envergonhando a nação esses lixos de advogados (pior classe) do país não tem sentimentos. Tiram da cadeia bandidos assassinos estupradores políticos por dinheiro. Não tem coração não tem caráter. Não é atoa que as leis brasileiras sempre bsao projetadas por advogados (OAB);para deixar sempre deitar brechas pra eles ganharem dinheiro com políticos corruptos recorrendo de condenações.

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