Para que o futebol brasileiro se torne auto-sustentável, é essencial uma mudança no modelo de gestão dos clubes. O ideal seria alterar o modelo atual de clube associativo para o formato clube-empresa, sendo este o tipo de administração adotado pelas equipes europeias, americanas e até mesmo chilenas.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, está cogitando apresentar um projeto de lei que dê incentivos fiscais aos clubes para que eles modifiquem seu modelo de gestão. Isso seria ideal para o Estado brasileiro, que é o maior credor dos clubes, sendo importante lembrar que vários sequer tem recursos para quitar as dívidas com a união.
Quem pode impedir as mudanças, no entanto, é a “bancada da bola”, grupo de deputados mais conservadores que tem uma tendência a votar contra medidas que propõem mudanças no status quo do futebol. É verdade que este grupo está mais fraco atualmente, mas isso não significa que o poder dos mesmos deva ser subestimado.
É importante notar que o tradicionalismo nos esportes vai muito além dos grandes cartolas e dos que são responsáveis por tomar as decisões políticas. Na Fórmula 1, por exemplo, sempre existe grande resistência por parte do público a cada nova mudança sugerida. A utilização do árbitro de vídeo nas partidas de futebol foi recebida com inúmeras críticas dos torcedores, mesmo após o sucesso da utilização de um sistema similar no tênis, vôlei e outros esportes.
Até mesmo quando o assunto é dinheiro alguns torcedores e repórteres mais tradicionais costumam recusar. É o caso de sites de apostas que patrocinam clubes. No Brasil isto ainda não é uma prática comum, mas é algo recorrente na Liga Inglesa. O Stoke City, por exemplo, é patrocinado pelo site bet365 há vários anos, inclusive seu estádio leva o nome da empresa de apostas.
A empresa atua em diversos países do mundo e é possível, inclusive, apostar com a bet365 Brasil de maneira totalmente legal no território nacional. Muitos analistas afirmam que a exposição da marca na primeira divisão inglesa foi essencial para o crescimento da mesma e a contrapartida financeira foi importantíssima para que o Stoke City se tivesse recursos econômicos. No Brasil, este ano, as casas de apostas começaram a investir no patrocínio de clubes da Série A. Algo possível após o “abandono” da Caixa, que simplesmente deixou de estampar o uniforme de vários times. Ou seja, os clubes tiveram que ceder.
Argentinos rejeitaram uma proposta similar
Maurício Macri, ex-presidente do Boca Juniors, um dos maiores clubes do futebol argentino, viu que a situação atual era insustentável e buscou, por conta própria, por maneiras de melhorar o esporte no país. Macri levou uma proposta ao Julio Grondona, que era presidente da Associação de Futebol Argentina (AFA).
Grondona convidou todos os presidentes dos clubes para a apresentação de uma consultoria francesa no auditório da AFA. Tudo parecia indicar que o então presidente do maior órgão de futebol argentino estava de acordo e empolgado com as mudanças. E é claro, Macri ficou feliz com a recepção positiva vinda de Grondona.
O que ele não sabia, no entanto, é que o presidente da Associação agiu para garantir que os clubes não aceitassem a proposta de mudança. Ao fim da apresentação Grondona sugeriu, com entusiasmo, que se votasse na aprovação. Não deu outra: todas as equipes reprovaram a proposta com exceção do Boca Juniors de Macri.
O futebol da argentina, assim como o brasileiro, mostra sinais que não se manterá vivo e forte por muito tempo. As seleções brasileiras e argentinas ainda são uma das mais fortes do mundo, mas mostram sinais de declínio. O Brasil chegou, pelo menos, nas quartas de final em várias das últimas Copas disputadas. Mas o crescimento do futebol de países como a Bélgica ameaçam a nossa posição entre os 8 melhores.
A Argentina, que chegou a final da Copa de 2014, foi eliminada ainda nas oitavas de final da última competição. Não se pode usar o argumento que a derrota veio para a França, que se sagrou campeã, isso porque a fase de grupos dos Hermanos deixou muito a desejar.
É realmente uma pena, ambos os países são apaixonados pelo esporte e há muito tempo as diferenças econômicas já provaram que é quase impossível que uma equipe brasileira consiga vencer uma equipe europeia. E não se engane, a vitória do Corinthians sobre o Chelsea em 2012, ou do Internacional sobre o Barcelona em 2006 não provam o contrário, estes são meros pontos fora da curva. A questão que fica é: existirá um momento em que até mesmo as duas maiores seleções sul-americanas não conseguirão se mostrar mais fortes que as seleções europeias? Acredito que brasileiros, argentinos e fãs do futebol ao redor do mundo não queiram vivenciar esta possível realidade.
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Citar Macri e ignorar a situação vivida pela Argentina (cujo presidente é o péssimo Macri) mostrar certa alienação quanto a situação econômica vivida por estes países. Aliado a isso, desconsidera a problemática política da AFA ou o deserto de idéias táticas que assola o país. A tese de que a criação de clubes empresas seria benéfico para o futebol brasileiro levando em conta o desempenho das seleções encontra exemplos contrários, por exemplo, nos desempenhos ruins de Inglaterra (semifinalista com 3V, 1E e 3 derrotas), Espanha e Alemanha, por exemplo. TB não encontra eco nos bons desempenhos de Croácia e Bélgica.
No cenário político atual com com tendência liberal, acho q transforma clubes em empresas acabaria com os times médios e pequenos (financeiramente falando). O livre mercado ou neoliberalismo dá mais vantagens a qual já tenha grande porte justamente por esta mais bem colocado no mercado. Embora seja absurdo o fato dos clubes não pagarem dividas fiscais isso lhes dão uma sobre vida financeira pois embora não possam ter investimento público ainda contam com investimento privado. Por essas peculiaridades acho difícil comparar com outros modelos do exterior.
Só acho..SRN