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Matheus Brum: “Precisamos pensar grande. O Liverpool é um exemplo”

Olá, companheiros e companheiras do Coluna do Fla. Iniciamos a semana na expectativa da classificação para as quartas de final da Copa do Brasil e de conseguir manter na parte de cima do Campeonato Brasileiro.

Entretanto, quero dar uma “fugida” do tema. E falar sobre os caminhos que Flamengo deve tomar a partir de agora para se consolidar como o maior clube do Brasil e um dos maiores do mundo.

Acredito que passa pela contratação de Jorge Jesus. Não sou utópico de acreditar que o português vai ser revolucionário e modificar a forma que o time vem atuando. Entretanto, vejo no luso a possibilidade de ser o pontapé inicial deste processo de transição. E explico o porquê.

O Flamengo, hoje, é o clube mais rico do país. Nosso dinheiro vem de fontes próprias (patrocínio, bilheteria, cota de TV, sócio-torcedor, venda de jogadores, etc). Não temos um mecenato como o Palmeiras. E este dinheiro tem possibilitado melhorias na parte administrativa e também no futebol, com construção do Centro de Treinamento e contratação de grandes jogadores.

Estamos em um outro patamar em relação a grande maioria dos clubes nacionais. A excursão de Marcos Braz para a Europa, em busca de jogadores, é mais uma prova disso. Que clube pode se dar ao luxo de buscar apenas jogadores que atuam no Velho Continente? Que vão atrás de Rafinha e Filipe Luís, por exemplo, que são pretendidos por grandes clubes de lá? Que consegue pagar, razoavelmente, o que os atletas ganhariam na Europa? Só o Flamengo. Se não fosse o mecenato, nem o Palmeiras conseguiria .

Só que dentro de todo este processo, ainda está faltando a “cereja” do bolo: o futebol. E quando digo isso falo sobre o estilo de jogo que o clube pretende ter, que será a base para a contratação de atletas e treinadores. Estamos pecando nisso desde 2016, quando começamos a era de grandes contratações, ainda sob a batuta de Eduardo Bandeira de Mello.

O Flamengo, hoje, é um dos clubes que mais tiveram trocas no comando técnico no século: 56. A interrupção de trabalhos leva a uma quebra no planejamento. Desde 2016, o treinador que mais tempo ficou na área técnica foi Zé Ricardo (entre maio de 2016 e agosto de 2017). Mas, venhamos e convenhamos e não é um nome que nos traga boas lembranças, não é?

Precisamos, urgentemente, de um treinador que dê cara ao time. O Flamengo foi montado para ser um time ofensivo, com posse de bola. Que alia o controle de bola e ofensividade, por causa dos pontas rápidos e agressivos. Buscamos uma solidez defensiva, com zagueiros rápidos e uma boa transição defensiva. Entretanto, os treinadores que vêm pra cá querem adaptar os jogadores ao estilo deles e não se adaptar à disponibilidade do elenco.

E isso tem dado fracassos retumbantes. Nenhum título de expressão conquistado, três vices e nenhuma campanha que nos encha de orgulho. Um time pragmático, muitas vezes desinteressado e perdido dentro de campo.

E aí entra Jorge Jesus. O português, idolatrado em sua terra natal, pode vir “colonizar” o Flamengo e deixar um legado: um time ofensivo, organizado e que conquiste títulos. E mais, que seja o início de uma nova era. Para que daqui uns anos, como diz o companheiro Fábio Monken, possamos trazer um treinador top-10 mundial para comandar o Flamengo, dando carta branca dentro do departamento de futebol.

Pode parecer utópico, mas não é. E aí, vou voltar ao clube que coloquei no título. O Liverpool conseguiu o sexto troféu da Uefa Champions League assim. Quando Jurguen Klopp assumiu, os Reds eram a quinta força do futebol inglês. Deram carta branca para o alemão que contratou a montou o time à sua maneira. Depois de bater na trave, levantou a “orelhuda”.

“Ah Matheus, mas o Brasil é diferente da Inglaterra”. É sim! E muito. No entanto, em terras tupiniquins temos bons exemplos, como o Corinthians, que há dez anos mantém o mesmo padrão de jogo, com pouquíssimas trocas no comando técnico. Só não está no mesmo patamar financeiro que o Flamengo devido às trapalhadas do estádio.

Se tivermos um treinador que chegue, chame a responsabilidade, faça o time jogar bola e ser campeão, estaremos começando a pavimentar um caminho glorioso de conquistas. Aliado a isso, para terminar o texto, é preciso que a diretoria busque fortalecer ainda mais a marca.

Temos uma grande empresa que faz o material esportivo (mesmo que as camisas fiquem cada ano mais feias), mas, quando o contrato foi assinado, em 2013, a promessa era que estaríamos no mesmo patamar dos gigantes europeus, também  patrocinados pela empresa. Até agora, nada. Precisamos cobrar isso.

É necessário que o clube busque expandir a marca em mercados que estão consumindo cada vez mais futebol, como Estados Unidos e Ásia. Participações em torneios como Flórida Cup são importantes nesta universalização da marca. É preciso que a diretoria cobre firme uma mudança no calendário brasileiro, para que permita amistosos na pré-temporada europeia. O futebol está globalizado e não podemos dar ao luxo de ficarmos fora deste padrão.

O projeto de embaixadas, que agora está institucionalizado no Flamengo, é um excelente início, para organizar os torcedores e saber onde a marca estará forte, com potencial de consumo.

Precisamos trabalhar em todas as áreas, para que daqui dez, quinze anos, possamos estar, literalmente, no hall dos maiores clubes do mundo.

Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum


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Matheus Brum

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